2.01.2009

Nº 1711 - Sexta-Feira 30 de Janeiro de 2009

Passeio terminou no cais do jetfoil

Activista de Hong Kong impedido de entrar em Macau

As autoridades policiais de Macau impediram quarta-feira a entrada no território de um activista de Hong Kong que, segundo a imprensa, viajava em passeio por ocasião do Ano Novo Lunar.
De acordo com a imprensa de Macau, Ku Kwai-yiu viajava no âmbito de um passeio de moradores do seu distrito de Hong Kong e apenas o activista, conhecido pelos seus protestos no diferendo sino-japonês sobre a posse das ilhas Diaoyu, foi barrado à chegada ao terminal marítimo.
Já em Hong Kong e em declarações a estações de rádio e televisão, Ku Kwai-yiu disse que apenas lhe foi dito que o impedimento de entrada estava relacionado com uma questão entre os Governos de Hong Kong e Macau, que diz desconhecer.
No entanto, e numa carta publicada ontem no diário South China Morning Post, Ku Kwai-yiu disse que se deslocou a Macau para visitar amigos e familiares, uma tradição do Novo Ano Lunar, e não faz qualquer referência a estar integrado num grupo que ia passear ao território.
O activista, que integra o Conselho Distrital de Hong Kong e a Liga Social Democrática, garantiu que nunca participou em manifestações contra a Lei da Segurança do Estado e acrescentou que o período de festividades do Ano Novo Lunar, que se iniciou na segunda-feira, não é uma época sensível que justifique acções como a tomada pela polícia.
Em Dezembro, as autoridades policiais de Macau impediram a entrada de vários políticos de Hong Kong, incluindo deputados ao Conselho Legislativo local (parlamento), que pretendiam participar numa manifestação no território contra a Lei de Segurança do Estado.

Receitas caíram no último trimestre de 2008

Casinos do Camboja afectados pela crise


A outrora florescente indústria do jogo no Camboja, país onde estão registados mais de 30 casinos, vive agora dias de incerteza, com varias operadoras a anunciarem, nos últimos dias, medidas de contenção de custos que incluem cortes salariais.
De acordo com a edição de ontem do Phonom Pen Post, as operadoras que se estabeleceram em regiões junto às fronteiras com o Vietname e a Tailândia são as mais afectadas, à medida que se debatem com vários problemas: crise financeira global, tensões militares nas zonas fronteiriças com a Tailândia e desvalorização do Baht.
Nos últimos meses, o número de turistas que visitam o país diminuiu drasticamente, provocando estragos nas contas de algumas das maiores empresas do sector do jogo, escreve aquele jornal da capital. Uma dessa operadoras, a King Crown anunciou, recentemente, perdas de 620 mil dólares, no último trimestre de 2008.
Em declarações ao Phonom Pen Post, o deputado e proprietário da King Crown, Phu Kok An, refere que a empresa irá reduzir a carga horária, e consequente salário, a cerca de 2 mil trabalhadores, numa medida de contenção de custos.
Phu Kok An explica que a companhia pretende que cada trabalhador encurte o seu mês de trabalho de 30 para 15 dias por mês.
"Não vamos despedir ninguém, mas os trabalhadores irão passar a receber consoante os dias de trabalho. Se ganharem 200 dólares passam a ganhar 100", esclareceu o empresário, acrescentado que a King Crown gasta 300 mil dólares por mês em salários.
Ao Phnom Pen Post, Phu Kok An aponta a falta de jogadores nos casinos que a empresa tem na província de Kandal, situada junto à fronteira com Vietname, e da cidade de Poipet, perto da Tailândia, como justificação para as dificuldades financeiras que a King Crown tem vindo a enfrentar.
"As nossas receitas não chegam para fazer cobro às despesas que temos com salários, água e electricidade. Quando as pessoas ganham menos, apostam necessariamente menos", frisou, afirmando, contudo, que os Casinos continuarão a manter as portas abertas.
Problemas semelhantes têm ensombrado a gestão do New World Casino-Hotel, estabelecido em Bavet, cidade junto à fronteira com o Vietname. No entanto, ao contrário da King Crown, esta operadora não planeia qualquer redução no horário dos seus trabalhadores. Citado pelo Phnom Pen Post, o vice-presidente da companhia, Vann Sitha, diz mesmo que o New World irá continuar a recrutar pessoal.
O balanço final das contas dos casinos do Camboja, em 2008, deverá ser conhecido ainda esta semana, com os analistas a preverem que as receitas das salas de jogo não atinjam os 10 milhões de dólares gerados em 2007.

Celebrações do 10º aniversário da RAEM

Chui Sai On preside à comissão organizadora


O Chefe do Executivo de Macau nomeou ontem o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultural, Fernando Chui Sai On, coordenador do grupo que vai organizar eventos para assinalar o décimo aniversário do território como Região Administrativa Especial da China.
Em despacho publicado em Boletim Oficial, Edmund Ho explica que o grupo de trabalho é interdepartamental e tem como missão “programar e executar” eventos e actividades sócio-culturais para a celebração do décimo aniversário do território como Região Administrativa Especial da China.
“A concretização desses eventos e actividades justifica um especial empenhamento e envolvimento de diversos serviços e organismos públicos da Administração, para que, em estreita colaboração e articulação, sejam proporcionadas as melhores condições para o seu pleno sucesso”, refere o despacho de Edmund Ho, que fixa em um ano a duração do grupo de trabalho.
O Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Ho Veng On, é o coordenador-adjunto do grupo de trabalho que inclui também, entre outros, o director do Gabinete de Comunicação Social, Vítor Chan Chi Ping, o presidente da Fundação Macau, Vitor Ng, o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Tam Vai Man e a presidente do Instituto Cultural, Heidi Ho.
A cumprir o seu décimo e último ano na chefia do Governo, Edmund Ho deu início há cerca de uma semana ao processo eleitoral que culminará na escolha do seu sucessor ao marcar para 26 de Abril as eleições para a comissão eleitoral que terá mais tarde a missão de escolher por voto secreto o nome do terceiro chefe do Executivo da região Administrativa Especial que iniciará funções a 20 de Dezembro.

Comunidade já chega às três dezenas

Os novos portugueses de Xangai

Há uma nova comunidade portuguesa em Xangai. Cinquenta anos depois. São jovens, têm formação superior e estão ligados aos negócios. Da industria ou da informática. E são aventureiros.

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com


Pouco mais de 50 anos depois os portugueses voltaram a Xangai. E neste momento já se pode falar numa nova comunidade portuguesa naquela que é a cidade chinesa mais desenvolvida económica e tecnologicamente.
Há pouco mais de 50 anos, com a chegada do comunismo à China, a então comunidade portuguesa (em grande parte com origem em Macau) acabou evacuada (para os mais diversos lugares, incluindo Macau).
Hoje, a comunidade tem pouco ou nada a ver com Macau, mas o objectivo da maior parte é o mesmo: fazer, directa ou indirectamente, negócios.
Duas outras diferenças substanciais: são sobretudo jovens e com elevada formação académica (o mínimo, para quase todos, é a licenciatura, mas vários têm pós graduações).
Contando os estagiários enviados pelo programa Inov Contacto (que têm uma presença mais temporária), haverá cerca de 30 portugueses em Xangai – um número que pode parecer reduzido mas que representa uma «revolução» face aquilo que aconteceu nas últimas décadas: basicamente havia o leitor de português na universidade local e pouco mais.
O aparecimento de uma comunidade portuguesa em Xangai, sobretudo nos últimos dois anos, veio também dar sentido à aposta do governo de criar um consulado (e uma delegação da AICEP) nesta cidade chinesa.
Deixamos, a seguir, um (breve) perfil de alguns desses portugueses. Provavelmente não se conhecem, mas além do consulado podem sempre encontrar-se no Sandoz (ver texto nesta página)...

Um advogado para fusões e aquisições

Jovens, com elevada formação técnica e ligados aos negócios – eis o perfil dos portugueses em Xangai. Um ponto em comum: aproveitando as novas tecnologias, a que estão directa ou indirectamente ligados, e porque a distância física é real, têm algum tipo de presença na Internet (foi aí que fomos recolhendo as informações para este trabalho)
Veja-se o exemplo de Pedro Lemos Carvalho.
Ainda não tem 30 anos, é advogado e representante de uma das maiores multinacionais de advocacia do mundo, a Garrigues, em Xangai. Acabou o curso de direito em 2002 e entrou para a Garrigues. Está na China desde 2007.
Pedro aposta em ajudar as empresas portuguesas que querem entrar na China, sobretudo por esta zona em concreto (até porque há advogados espanhóis, país de origem da Garrigues, no mesmo escritório). Criar sociedades ou «joint ventures», comprar ou vender empresas é uma das especialidades.

Vender robôs para a indústria do calçado

A Zipor é uma empresa de S. João da Madeira que fornece a indústria do calçado, a partir de uma especialização em automação industrial e soluções robotizadas. Se a concorrência está na China, a Zipor também teria de abrir na China. E, quando decidiram criar a Zipor Asia, contraram um jovem licenciado em economia da Universidade do Porto, com um MBA em gestão: Pedro Ribeiro está em Xangai desde 2006 (ele que já tinha trabalhado na Agência para a Promoção do Investimento externo, API).
Aprendeu chinês e hoje, quando se dirige às empresas que podem ser suas clientes, fala (quase) de igual para igual.
Pedro Ribeiro ainda não tem 30 anos.

Vice-presidente de uma empresa

O Estado português, através do programa Inov Contacto, tem enviado centenas de jovens licenciados para o estrangeiro. E a China, como tinha anunciado o primeiro-ministro, é um dos destinos prioritários.
Portugal tem enviado para a China dezenas destes recém-licenciados, para estagiarem em empresas internacionais.
João Nuno Alves é um deles.
Terminou a licenciatura em gestão na Universidade Técnica, e ainda fez uma pós-graduação no ISEG. Trabalhou em Lisboa, numa consultora de gestão e é actualmente vice-presidente da Capital Eight, outra consultora com trabalho realizado em Xangai, depois de lá ter chegado ao abrigo do tal programa fomentado pelo Ministério da Economia.

Freelancer no mercado da informática

Nos três casos retratados anteriormente há dois pontos em comum, que não se repetem no exemplo seguinte: enquanto os Pedros e o João estão em Xangai enviados por entidades que lhes pagam, o Rui partiu para a cidade chinesa um pouco à aventura.
Ele conta que partiu um pouco à aventura, depois de algumas experiências como programador informático no Porto – uma delas, uma empresa que criou.
Rui nix, como é conhecido na net, é programador na Wicked Lasers Limited e trabalha como consultor na Emeneo Limited, ambas em Xangai. Também em Xangai, é administrador de sistemas e programador PHP na Asia Pacific Smart Card Association. O seu trabalho é basicamente o de um freelancer, que está sempre à procura de trabalho.
Está na China desde meados de 2006 e apresenta-se como alguém que já tem algumas noções de mandarim.

Computadores e namorados

Há alguns pontos de contacto entre a história do Rui e a de Ana e Paulo.
Ana e Paulo são namorados e vivem... em Xangai.
Paulo é informático, como o Rui. Já viveu nos Estados Unidos e na Holanda, apesar de ainda não ter 30 anos.
A sua formação superior em computação é hoje aproveitada para alguns trabalhos freelance em Xangai; tal como o Rui, o Paulo está disponível para trabalhar (desde que o trabalho tenha a ver com computadores e online). O seu principal projecto chama-se «Postcrossing» e mistura a Internet com postais reais (http://www.postcrossing.com/).
O que o Rui não tem é a Ana. A Ana Campos acompanhou o Paulo e vai fazendo fotografias que publica em vários espaços virtuais. Num deles (o meiadeleite.com) a Ana diz «i’m ana. i’m 26, from portugal and i live in shanghai with the boy that rocks my world and 2 adorable kittens».
A Ana também se formou em computação mas especializou-se em webdesign; trabalha como freelancer e colabora no projecto dos postais do Paulo.

O Sandoz, bacalhau via Macau

Através do que vão escrevendo na net, estes portugueses encontram-se por vezes no Sandoz – o único restaurante português de Xangai.
A opinião unânime é de que se trata de um restaurante fraco – mas tem por exemplo bacalhau.
No seu blogue (66qingdaolu.blogs.sapo.pt), João Nuno Alves conta a sua experiência:
"Fresh codfish imported from Macau" diziam as reviews nas revistas locais.
À entrada apresenta-se um mapa de Putaoya e recortes de revista de uma chinesa em poses sugestivas vestida com a camisola da Selecção. Na aparelhagem, toca fado, Mariza. Subimos as escadas e deparamo-nos com a Bandeira Nacional.
Ninguém fala português. Ninguém é português. O dono é um chinês que viveu em Macau. Nas paredes penduram-se pratos de Madrid, Valência, Toledo,...
Olhamos para a lista. Há uns 10 pratos de bacalhau, algumas carnes. De entrada pedimos um chouriço assado (bom) e um polvo (mau). Pedimos vinho português, a 200 RMB a garrafa. Fraquito, sem ofender. Não me lembro do nome. Continuamos com sangria. Antes do prato principal, pedimos um caldo verde. Péssimo, só com sal e pimenta se tornou comestível.
A música entretanto muda. De Mariza passamos para Quim Barreiros - "Mestre de Culinária"... Fomos todos para o bife. Foi uma novela para pedir um ovo à cavalo em cima do bife. Teve de vir a cozinheira para lhe explicarmos. A carne era tenra, mas sem grande sabor.
Nem sobremesa, nem cafés. 200 RMB por pessoa. Se não fosse português não voltava lá. Vou lá mais uma vez para experimentar o bacalhau. Depois logo se vê...".
Notícia de última hora: segundo escreve o rui nix, «quando chegamos lá, descobrimos que este restaurante, que em tempos até estava decorado com uma bandeira portuguesa, passou a... marroquino. Mas fomos na mesma e gostei bastante dos pratos. Desde o couscous ao tajine, passando pela pastilla e algumas tartes. Como alguém comentou comigo em tempos, "haverá mais algum lugar, além de Shanghai, em que tenhamos o mundo numa cidade?!".

Cientistas receiam hipótese de mutação do vírus

Vacina contra gripe das aves testada no Japão


Investigadores japoneses afirmaram ontem ter encontrado uma vacina que pode funcionar contra eventuais mutações do vírus da gripe das aves.
A equipa testou a sua vacina num rato sobre o qual foram implantados genes humanos e a experiência confirmou que o tratamento funcionou mesmo no caso de mutação do vírus, anunciou Tetsuya Uchida, investigador no Instituto nacional das doenças infecciosas.
De acordo com estes cientistas, esta descoberta pode permitir evitar uma pandemia se o vírus H5N1 da gripe das aves sofrer uma mutação para se transmitir de homem para homem, uma hipótese que provoca o receio de milhões de mortos por parte Organização Mundial da Saúde (OMS).
As vacinas habituais contra a gripe apoiam-se na proteína que abrange o conjunto dos vírus, mas esta proteína é frequentemente sujeita a mutação, tornando a vacina ineficaz.
Por conseguinte, os investigadores japoneses basearam a sua vacina em proteínas internas ao vírus, que têm pouca tendência a sofrer mutações, explicou Uchida.
Os investigadores trabalharam com base em diferentes vírus de gripe, nomeadamente sobre o vírus altamente patogénico H5N1 da gripe das aves.
Uchida revelou que serão necessários anos para tornar esta vacina utilizável, devendo realizar-se testes intensivos em ratos e outros animais para verificar a sua segurança, antes de efectuar experiências em homens.
Esta investigação foi realizada em conjunto por especialistas do Instituto nacional, da Universidade de Hokkaido, da Universidade Médica de Saitama e pela empresa de química NOF, baseada em Tóquio.
Tentativas similares de desenvolvimento da vacina, atacando o interior do vírus em vez do seu conjunto, estão também em curso na Universidade Oxford (Reino Unido), acrescentou Uchida.
Cerca de 250 pessoas morreram devido à gripe das aves desde 2003, 115 das quais na Indonésia, de acordo com a OMS.
A maior parte das vítimas contraiu o vírus em contacto com pássaros doentes, nomeadamente galinhas.
Não existe até agora qualquer prova de que o vírus H5N1 já tenha sofrido uma mutação para uma forma que possa provocar uma pandemia.


Pedro Leal é o advogado do Monte Carlo na “guerra” associativa

Providência cautelar pode parar futebol


O presidente do Monte Carlo prometeu e cumpriu. Entrou com uma acção no tribunal, na guerra contra a Associação de Futebol de Macau. A providência cautelar pode parar os campeonatos. Tudo depende da decisão do juiz.


Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net


Firmino Mendonça, presidente de Monte Carlo e Heng Tai, entregou ao advogado Pedro Leal, todo o processo relativo à “guerra” contra a Associação de Futebol de Macau e a primeira acção está concretizada, ou seja, a entrada na justiça de uma providência cautelar.
Isso aconteceu no inicio da passada semana e o objectivo é, segundo o advogado, “suspender os campeonatos, aqueles em que estariam integrados Monte Carlo e Heng Tai, até que as equipas em questão sejam integradas.”
Em declarações ao PONTO FINAL, Pedro Leal, que, curiosamente, foi já há uns anos (entre 1990 e 1991), assessor jurídico do Instituto de Desporto, referiu que habitualmente nestas questões desportivas em que é entregue uma providência cautelar, o processo rola relativamente rápido:
“Penso que dentro de sensivelmente duas semanas haverá decisão. Como é habitual neste tipo de processos, o juiz fará um juízo rápido da situação e determinará o que deverá ser feito.”
Resta agora saber como a justiça lidará com este tipo de situação, uma vez que é muito raro (talvez inédito), ser entregue uma providência cautelar com objectivo claro de fazer parar qualquer competição desportiva, neste caso particular o futebol.
As três divisões principais do futebol de onze de Macau já arrancaram há cerca de um mês, mas a questão diz respeito apenas às I e II Divisão, uma vez que Monte Carlo iria participar no escalão maior e o Heng Tai no segundo.

Bolinha na origem

Recorde-se o que esteve na origem de toda esta guerra entre os dois clubes do “patrão” Firmino Mendonça: ambas as equipas se recusaram a participar na última edição dos campeonatos de bolinha, em Agosto de 2008, não concordando com os regulamentos impostos pela Associação de Futebol de Macau, que decidiu que o “futebol em miniatura” teria obrigatoriamente de ter o mesmo plantel do que o “bolão”.
Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen, foram os pioneiros da contestação, tendo arrastado, numa primeira fase, outras formações, entre as quais o Lam Pak que, no entanto, acabaria por abandonar o grupo, acedendo a jogar na bolinha ao lado de Hoi Fan, Grupo Desportivo da Policia de Segurança Pública, Vong Chiu e Sub 21.
Firmino Mendonça, número um das direcções de Monte Carlo e Heng Tai, foi peremptório, desde a primeira hora, ao dizer que não inscreveria jogadores nesse campeonato de bolinha, caso os regulamentos não fossem alterados.
Declarou também, na altura, que a Associação continuava sem dialogar com os clubes e que utilizava uma “posição de força intolerável”.

Artigo invocado

A entidade que gere o futebol do território e que há cerca de dois anos aglutinou igualmente as provas de bolinha, até aí na alçada de uma própria Associação de Futebol em Miniatura, levou mesmo por diante a competição, com cinco clubes, não obstante o boicote de Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen.
Algum tempo depois de ter analisado toda a questão, invocou um dos artigos dos regulamentos, que lhe dava poderes para aplicar sanções aos três clubes que se haviam recusado a jogar, antes de fazerem as respectivas inscrições.
Cheong Coc Veng e seus pares decidiram, em reunião, aplicar uma multa de dez mil patacas a cada um dos três “boicotadores”. Caso contrário, seriam suspensos por dois anos de todas as actividades organizadas pela Associação de Futebol de Macau.

Só houve recusa

É talvez por aí que o advogado de Monte Carlo e Heng Tai vai “dar corpo” à defesa.
A Associação terá remetido os clubes em questão, para um artigo nos regulamentos internos, em que qualquer clube será punido se no decorrer dos campeonatos cometer actos que levem à sua exclusão, faltas de comparência por exemplo. Isto em traços gerais na interpretação da lei.
Pedro Leal diz que “o Monte Carlo e o Heng Tai não podem ser abrangidos por esse regulamento, uma vez que não fizeram nenhuma falta de comparência, apenas se recusaram a participar numa prova, sem terem sequer feito as respectivas inscrições. Ainda por cima, num campeonato que nada tem a ver com o futebol de onze e por isso é ilegal a sua punição.”
Firmino Mendonça, há vários anos o homem forte das duas agremiações, não quer falar nesta altura muito mais do caso, limitando-se a dizer que “fico a aguardar a decisão do tribunal”.

Sem legitimidade

Recordem-se palavras do dirigente há uns meses atrás, ainda a propósito do caso:
Somos sócios da Associação de Futebol de Macau, conhecemos os regulamentos que tutelam o futebol do território e a nível internacional. Por isso entendemos que esta direcção não tem legitimidade para tomar este tipo de decisões, como também não tem competência para levar o futebol de Macau a algum lado.”
Para o advogado desta “nova guerra” do “desporto rei macaense, que já esteve ligado, no inicio do processo judicial, à luta dos clubes contra a anterior direcção da Associação de Futebol de Macau, há três anos, na altura presidida por Chui Vai Pui, e que ultimamente tem defendido arguidos do caso Ao Man Long, terá ser reposta a legalidade.

Prejuízos dos clubes

No pedido de providência cautelar, aquele causídico pediu claramente a suspensão dos campeonatos e apresentou argumentos que têm a ver com “os grandes prejuízos provocados às equipas em questão, que tinham já começado a elaborar o plantel para a próxima temporada, reforçando-se e dispendendo verbas consideráveis para participar nos campeonatos. Ainda por cima um desses clubes, Monte Carlo, era o campeão de Macau e pretendia defender o título conquistado em 2008. Por outro lado, não há qualquer prejuízo da parte da Associação, que apenas terá de incluir estas equipas nas suas provas de futebol de onze.”
Se a decisão do juiz for favorável ao Monte Carlo e Heng Tai (e em linha directa ao próprio Vá Luen), então os dois principais campeonatos terão de ficar suspensos, até a direcção associativa resolver o que fazer, ou anular tudo o que se realizou até aqui (duas jornadas na I Divisão e três na segunda), ou integrar os dois clubes, aumentando assim o escalão principal para nove equipas e o segundo para onze. Teria, desse modo, de reformular os respectivos calendários.

Controvérsia no futebol

Será que, se isso acontecer, a Associação irá acatar a decisão ou recorrer para a FIFA?
Aí o futebol de Macau poderia estar, mais uma vez, em maus lençóis.
Vamos ver em que vai dar a providência cautelar interposta pelo advogado de Monte Carlo e Heng Tai.
Já agora, por curiosidade, refira-se que o Monte Carlo já praticamente desfez a equipa, saindo os seus principais jogadores para Ka I e Lam Pak.
Mendonça diz que, se ganhar na justiça, vai reunir os atletas para a possibilidade de voltarem ao seu clube de origem.
O campeonato da I Divisão está a gora parado devido à época festiva. Lam Pak, Hoi Fan e Ka I, lideram com o mesmo número de pontos (6), isto depois do Ka I ter vencido dificilmente a Polícia por 1-0, em desafio que se encontrava em atraso.

Editorial

Ameaças

Numa das suas primeiras intervenções públicas, o secretário do Tesouro da nova administração norte-americana resolveu lançar umas farpas contra a China, acusando-a de manipulação cambial. Não demorou muito a levar o troco, com dirigentes chineses a lembrarem que a responsabilidade da actual crise tem muito a ver com a incapacidade do governo dos Estados Unidos em controlar a ganância dos seus banqueiros.
Começar por hostilizar Pequim não terá sido uma escolha feliz, por parte da administração de Barak Obama. Se é certo que a China depende bastante do insaciável mercado norte-americano, para onde exporta cerca de 20 por cento da sua produção industrial, também é verdade é que nos recheados cofres de Pequim dormem tranquilamente largos milhares de milhões de dólares, em reservas cambiais.
A realidade económica, com uma ajuda da globalização, juntou os dois países numa parceria de onde não podem escapar. Os milhares de desempregados chineses que, todos os dias, deixam as zonas costeiras em direcção às províncias do interior são um resultado directo do descalabro do sector financeiro norte-americano.
Nenhuma destas duas gigantescas economias pode viver sem a outra. Se a política, como dizem os americanos, faz estranhos companheiros de cama, as relações comerciais criam dependências ainda mais fortes.
Atacar parceiros que vão no mesmo barco, quando a tempestade está a desabar, é uma estratégia arriscada. O importante é que todos remem para o mesmo lado, pelo menos até conseguirem chegar a terra firme. Caso contrário, como bem salientou o primeiro-ministro chinês na reunião de Davos, correm ambos o risco de ir ao fundo.

Paulo Reis

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DIRECTOR Paulo Reis REDACÇÃO Isabel Castro, Rui Cid, João Paulo Meneses (Portugal); COLABORADORES Cristina Lobo; Paulo A. Azevedo; Luciana Leitão; Vítor Rebelo DESIGN Inês de Campos Alves PAGINAÇÃO José Figueiredo; Maria Soares FOTOGRAFIA Carmo Correia; Frank Regourd AGÊNCIA Lusa PUBLICIDADE Karen Leong PROPRIEDADE, ADMINISTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Praia Grande Edições, Lda IMPRESSÃO Tipografia Welfare, Ltd MORADA Alameda Dr Carlos d'Assumpção 263, edf China Civil Plaza, 7º andar I, Macau TELEFONE 28339566/28338583 FAX 28339563 E-MAIL pontofinalmacau@gmail.com