2.15.2009

Nº 1720 - Quinta-Feira 12 de Fevereiro de 2009

PETA faz campanha em Macau

Tudo por amor aos animais

Duas jovens de uma associação de defesa dos animais vão despir-se hoje nas ruínas de São Paulo, em Macau, para apelar a residentes e turistas que no Dia dos Namorados optem por uma dieta vegetariana.
Lingerie vermelha e corações com a frase “Deixe o seu coração bater pelos animais: vire vegetariano”, serão as únicas vestes da canadiana Ashley Fruno e da argentina Maria Salom, as “duas belezas” que a People for the Ethical Treatment of Animals" traz a Macau para mais uma acção de sensibilização.
“Não vimos para acusar ninguém nem para falar de um caso isolado, vimos sensibilizar as pessoas para que no Dia dos Namorados demonstrem também o seu amor pelos animais e adoptem uma dieta vegetariana”, afirmou, em declarações à Agência Lusa, Maria Salom.
A partir do meio-dia, as duas jovens vão tentar sensibilizar residentes de Macau e turistas junto ao ex-libris do Turismo de Macau, uma zona de passagem de milhares de turistas.
“Não é apenas um sinal de respeito pelos animais, é também por nós, seres humanos porque o consumo de carne e de outros produtos de origem animal provoca várias doenças que são das principais causas de morte nos humanos”, recordou Maria.
Preocupadas com alguns actos que classificam de “cruéis” perpetrados nos animais como pendurar animais de cabeça para baixo e outras práticas efectuadas em fazendas industriais onde “muitos animais são mutilados sem anestesia e mantidos em condições impróprias”, Ashley Fruno e Maria Salom vão despir-se para promover uma alimentação vegetariana a começar no Dia dos Namorados.

IIUM apresenta conclusões de estudo sobre a qualidade de vida

Menos satisfeitos devido à crise

A crise económica mundial reflectiu-se no grau de satisfação pessoal dos residentes da RAEM. Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo Instituto Inter-Universitário que mostra ainda que mais um quarto da população se diz descontente com os seus empregos.

Rui Cid

Os residentes de Macau andam pouco satisfeitos. Em 2008, a crise que bateu à porta das economias mundiais não deixou ninguém indiferente e a população da RAEM não fugiu à regra. Um estudo realizado em parceria pelo IIUM e pela revista Macau Business, mostra que, no ultimo trimestre de 2008, o sentimento de satisfação das pessoas com as suas vidas sofreu um decréscimo significativo, reflexo da problemática situação financeira global, considera Richard Withfield, coordenador do projecto.
Em conferência de imprensa, ontem realizada, o professor Withfield sublinhou que o grau de satisfação apresentado pela população de Macau é "normal para uma região asiática", não deixando, contudo, de salientar que o recente abrandamento económico é um "factor de risco para o bem estar dos residentes do território".
Os dados recolhidos através de entrevistas a 1.000 indivíduos, mostram que em questões relacionadas com a realização pessoal e a segurança em relação ao futuro, o grau de satisfação dos residentes sofreu um decréscimo, por comparação com 2007. Para Richard Withfield esta é uma prova de que a situação financeira altera a maneira como as pessoas olham para a própria vida.
"É importante frisar que o estudo se baseia em percepções. A crise económica faz aumentar a incerteza quanto ao futuro e isso acaba por afectar a população que se sente mais insegura", enfatizou o académico.
"As pessoas estão realmente muito preocupadas com o estado da economia. Há um ano a situação era muito diferente", sublinha Ricardo Rato, outro dos investigadores que conduziu o estudo.
"Nos questionários que fizémos abordamos vários temas, incluindo a economia. Todas as questões relacionadas com este tema, como por exemplo os negócios, mostram um claro decréscimo no grau de satisfação das pessoas. Podemos dizer que, em termos gerais, houve um abaixamento de quase 10 por cento, o que neste tipo de estudos é muito, muito significativo", explicou.

Jovens descontentes com empregos

Com base em 1000 entrevistas, o estudo indica que as pessoas com níveis de educação mais elevados apresentam graus de satisfação superiores, ao passo que a faixa etária entre os 46 e os 55 anos é a que menos se diz satisfeita com a sua vida pessoal.
Contudo, estes dados invertem-se quando em análise estão as relações de trabalho, tópico onde a faixa etária mais jovem apresenta elevados níveis de insatisfação.
O estudo mostra que os mais velhos e aqueles que desempenham funções na mesma empresa há vários anos, apresentam níveis de compromisso e de satisfação mais elevados. O mesmo tipo de relação proporcional é verificado entre o grau de autonomia e o de satisfação.
"Uma das coisas que estudámos, e é algo muito comum nos negócios e muito utilizada em consultadoria, é saber como as empresas pode melhorar os níveis de satisfação e compromisso dos seus trabalhadores. Claro que não há receitas milagrosas, cada caso é um caso. O estudo mostra que estes factores estão todos relacionados. Talvez as empresas devam tocar nestes pontos para aumentarem a lealdade dos trabalhadores. Isto é, deve ser dada mais autonomia aos trabalhadores, de forma a aumentar a sua satisfação com os seus empregos", nota Ricardo Rato.
O investigador entende ainda que, de forma a evitar terem trabalhadores descontentes, as empresas devem ser criteriosas na hora de contratar, analisando adequadamente o perfil de quem vão empregar.
"Em fase de recrutamento, as empresas devem escolher as pessoas certas para os lugares certos. É conveniente que haja uma perspectiva de carreira. Por exemplo, aqui em Macau quando o sector do jogo se começou a expandir em grande escala, os casinos a contrataram pessoas independentemente das suas qualificações ou mesmo das suas ambições. Contratou-se muito para ocupar lugares", critica.
Com um quarto dos residentes a revelar-se insatisfeito no local de trabalho, o estudo mostra ainda um número elevado de pessoas que mostram intenção em mudar de emprego, em especial no sector do jogo.
Para Ricardo Rato, o tipo de trabalho existente nos casinos e a falta de perspectivas de progressão na carreira ajudam a explicar este fenómeno.
"A grande maioria das pessoas que ali trabalham desempenha funções a um nível bastante baixo. Trabalham por turnos, têm bastante pressão e escolheram este emprego basicamente porque a remuneração é mais alta do que noutros sectores tradicionais. Mas depois de começarem a trabalhar, talvez devido à competitividade, à pressão ou ao trabalho por turnos, entram em conflito com o resto da sua vida pessoal".

Incentivar futuros lideres

O estudo de 2008 veio por fim a um interregno de um ano na parceria entre o IIUM e a Macau Business. Uma pausa que o director da Revista atribuiu às "inúmeras transformações que foram acontecendo pela RAEM e que nos desviaram a atenção". Contudo, Paulo Azevedo garantiu que até ao final do ano estão assegurados mais três estudos. Um deles, sobre o sentimento dos consumidores e a confiança na economia, será apresentado já em Março.
"Isto é o nosso apoio para que algumas vozes mais silenciosas da sociedade possam dizer quais são as suas expectativas, o que anseiam das elites de Macau, do governo e das próprias expectativas pessoais quanto à sua vida, de forma a que quem nos governa e nos traça as orientações possa ter isto em conta para futuras iniciativas legislativas", justificou.
Sobre o inquérito de 2008, o director da Macau Business considera que "é fundamental incentivar a classe de jovens onde estão os nossos futuros lideres, e fazer com que eles tenham uma maior entrega às suas profissões".
Paulo Azevedo defende ainda que é preciso que as entidades patronais tenham consciência que a classes etárias mais jovens precisam também de sentir algum incentivo.
Para isso, o jornalista apela a uma maior consciencialização das empresas, mas também entende que a aposta na formação, por parte do governo, pode ser um caminho a seguir.
"Penso que era fundamental para todos nós compreendermos quais são as necessidades das classes mais jovens, para fazermos algo. Pode, por exemplo, haver um maior apoio à formação, por parte do governo. Mas nada que seja imposto legislativamente, por despacho ou regulamento administrativo", concluiu.

Filme de John Woo foi o mais visto na China

Salas de cinema resistem à pirataria


As receitas das salas de cinema chinesas aumentaram 27 por cento em 2008, apesar da generalizada proliferação de DVD piratas, ultrapassando os 4,2 mil milhões de yuan (460 milhões de euros).
Foi o quinto ano consecutivo de crescimento e colocou a China entre os dez mais rentáveis mercados cinematográficos do mundo, realçou a imprensa oficial.
O número de salas de cinema tem vindo também a aumentar, mas ainda não chegará a 4.000 - dez vezes menos que os Estados Unidos, por exemplo, que tem um quinto da população da China.
O filme mais visto na China em 2008 foi o épico de John Woo “Red Cliff”, que facturou 320 milhões de yuan (35,5 milhões de euros) e subiu ao segundo lugar da lista dos maiores sucessos de sempre no país.
O recorde, estabelecido há uma década, pertence ao “Titanic”, de James Cameron, cujas receitas somam 360 milhões de yuan (40 milhões de euros).
O filme de John Woo, um especialista do cinema de acção, nascido em Hong Kong, em 1946, e radicado nos Estados Unidos da América há 15 anos, é também a mais cara super-produção jamais realizada na Ásia
Dos dez filmes mais lucrativos de 2008, apenas quatro não foram produzidos na Republica Popular da China: “007 Quantum of Solace”, “Iron Man” e “Kung Fu Panda” - todos dos EUA - e “Cape nº7”, de Taiwan.
A importação de filmes é monopólio de Estado e obedece a quotas: em 1994 eram só dez por ano, mas após a entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, passou para 20 e hoje está nos 40.
A grande maioria das importações vem dos Estados Unidos.
Em Pequim, as últimas novidades, incluindo os filmes de Woody Allen, Clint Eastwood e outros autores que raramente chegam ao circuito comercial chinês, também estão disponíveis, mas através de DVD piratas.
Um DVD pirata custa no máximo 15 yuan (cerca de um euro e meio) - muito mais barato que um bilhete de cinema, cujos preços variam entre 25 e 80 yuan.

Polémica entre as concessionárias do jogo

Venetian responde a Stanley Ho


As críticas de Stanley Ho ao facto de a Venetian estar a investir no sector imobiliário e nas carreiras de jetfoil foram ontem classificadas pela operadora norte-americana como "acusações sem fundamento" que apenas "criam confusão e pertubações" na comunidade local.
O homem-forte da SJM referiu, esta semana, a alegada intenção da Venetian em transformar o projecto do hotel Four Seasons, no Cotai, num investimento residencial, adiantando que se tratava de uma concorrência injusta, tanto para as outras concessionárias do jogo como para as empresas do sector imobiliário.
Stanley Ho apelou também à união dos empresários chineses do sector imobiliário e criticou ainda o facto de a Venetian ter lançado uma transportadora marítima, a Cotai Waterjets, concorrendo directamente com a Turbojet.
Num comunicado ontem divulgado, assinado pelo responsável da Venetian para a região da Ásia-Pacífico, Stephen Weaver, a Venetian garante que o projecto do hotel Four Seasons respeita as condições de concessão do terreno e que a empresa não tenciona comercializar o edifício em fracções autónomas para fins habitacionais - o que, aliás, não seria permitido por lei, como a própria Direcção dos Serviços de Transportes e Obras Públicas já esclareceu.
Sobre o transporte marítimo de passageiros, o comunicado da Venetian diz ter contactado previamente a Turbojet, que não mostrou interesse em cooperar com a Venetian para estabelecer uma linha directa para a zona do Cotai.
De acordo com Stephen Weaver, em vez de fazer acusações sem fundamento e criar conflitos, os responsáveis das empresas concessionárias do jogo deviam "trabalhar em conjunto para ultrapassar o impacto da crise económica internacional e defender os interesses da comunidade de Macau."

Editorial

Escaramuças

A troca de amabilidades em que se envolveram os responsáveis por duas das maiores operadoras do jogo de Macau é reveladora de alguma tensão, talvez resultante dos tempos menos fáceis que o sector começa a enfrentar, mesmo tendo em conta que Stanley Ho e Sheldon Adelson nunca mostraram grande simpatia um pelo outro.
O facto de grande parte da polémica estar centrada numa concessão de terrenos e respectiva finalidade acaba por envolver, embora indirectamente, o Governo. É certo que, mais do que uma vez, os serviços da Administração que são responsáveis por essa área vieram a público esclarecer a questão.
Mas também é verdade que essa clarificação surgiu depois de a Imprensa internacional ter referido, com razoável detalhe, um projecto que não se coadunava com a finalidade para a qual o terreno foi concessionado.
É curioso que a Las Vegas Sands não tenha, na altura, sentido a necessidade de corrigir essas informações - aparentemente sem fundamento - junto dos mesmos órgãos de Comunicação Social que se referiram às tais alterações e reaja agora aos comentários do responsável por uma empresa rival.
Estas escaramuças, não sendo preocupantes, são encaradas com alguma desconfiança pela população. Sobretudo porque o cidadão comum tem sempre a sensação de que, onde há fumo, haverá certamente algum fogo. Talvez fosse altura de lembrar aos empresários que polémicas deste tipo não contribuem para resolver nenhum problema. E que, quando a lei não é cumprida, o melhor é recorrer aos tribunais.

Paulo Reis


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