2.08.2009

Nº 1714 - Quarta-Feira 4 de Fevereiro de 2009

Pelo segundo trimestre consecutivo

Taxa de desemprego quase sem alterações


A taxa de desemprego em Macau entre 2007 e 2008 caiu 0,1 pontos percentuais para três por cento, mas o desemprego de residentes manteve-se inalterado em 3,6 por cento, indicam dados estatísticos oficias hoje divulgados.
De acordo com os númweros do inquérito ao emprego no último trimestre do ano, a taxa de desemprego entre Outubro e Dezembro foi de 3,3 por cento, idêntica aos três meses terminados em Novembro, embora o subemprego tenha subido 0,1 pontos percentuais para 1,7 por cento.
Nos últimos três meses de 2008, a população activa estava calculada em 337.000 pessoas correspondendo a uma taxa de actividade de 70,7 por cento e dos quais 326.000 indivíduos estavam empregados e 11 milhares desempregados.
Os desempregados à procura do primeiro emprego correspondiam a 17,2 por cento do total, um decréscimo de 3,3 pontos percentuais em relação aos três meses terminados em Novembro.
Já quanto aos residentes de Macau, a taxa de desemprego entre Outubro e Dezembro foi calculada em quatro por cento e a taxa de actividade de 64,7 por cento.

Deputado preocupado com falta de vagas

Pereira Coutinho quer mais lares para idosos

José Pereira Coutinho está preocupado com o número de lares para idosos existente no território, e disso mesmo deu conta numa interpelação escrita dirigida ao Executivo.
Para o deputado, a situação vivida pelos idosos é "muito preocupante", uma vez que, além dos elevados preços praticados, "fora do alcance das famílias", o número de vagas é "praticamente inexistente, quer nas instituições públicas, quer nas privadas".
Lembrando que a lista de espera para os lares aumenta a cada dia que passa, Pereira Coutinho refere que muitos idosos, devido à sua fraca condição económica, são obrigados abandonar o território e a procurar instituições no Continente.
Na interpelação, Pereira Coutinho pergunta para quando está o Executivo a planear a construção de novos lares, e se, a médio prazo, pensa em instituir algum sistema de apoio financeiro para os idosos mais carenciados.

Jornal Ou Mun dá como certa transferência da instituição de ensino superior

Futuro da Universidade de Macau passa pela Ilha da Montanha

Não se sabe para já se é total ou parcialmente, mas a Universidade de Macau deverá ser transferida para a Ilha da Montanha. A construção de um novo campus em solo do Continente faz parte dos planos de expansão da região do Delta do Rio das Pérolas. A possibilidade agrada mas serão várias as questões práticas para resolver.

Isabel Castro

A Universidade de Macau (UMAC) deverá sair das suas actuais instalações num futuro não muito longínquo, no âmbito do plano de desenvolvimento de uma parte da Ilha da Montanha pelo Governo na RAEM. A notícia foi avançada pelo jornal Ou Mun, que identifica como fonte o vice-director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Du Ying.
De acordo com matutino de Macau, o responsável político anunciou no domingo passado o plano de concretização do desenvolvimento integrado do Delta do Rio das Pérolas, que engloba nove cidades chinesas e as duas regiões administrativas especiais.
Estas linhas orientadoras compreendem grandes infra-estruturas, como a ponte que ligará Hong Kong, Macau e Zhuhai, o desenvolvimento de Henqin e a transferência da Universidade de Macau para aquele território chinês.
Segundo o discurso de Du Ying, com o plano do Governo Central pretende-se intensificar a cooperação regional nesta zona da China. São três os objectivos definidos pelas autoridades, sendo que o combate à crise financeira global é o mais importante neste momento.
Em segundo lugar, existe a intenção de reformular o modo como está organizada a maior parte da economia da área, que nos últimos trinta anos tem estado essencialmente assente na indústria manufactureira dependente do mercado de exportações.
Por fim, o plano permitirá a Hong Kong e Macau resolverem os seus problemas de falta de espaço para o desenvolvimento de novas infra-estruturas. É aqui que entra a Ilha da Montanha e o novo campus da Universidade de Macau.

Os prós e os contras

A notícia da transferência da UMAC para a ilha vizinha da RAEM virá confirmar as declarações feitas pelo vice-presidente da China, Xi Jiping, aquando da sua visita recente ao território. Recorde-se que o governante frisou que o espaço a ser explorado pelas autoridades de Macau não deverá ser destinado prioritariamente ao sector imobiliário nem à indústria do turismo, mas sim à construção de infra-estruturas nas áreas da educação e da saúde, permitindo ainda o desenvolvimento de espaços verdes.
A intenção mereceu, de resto, o aplauso de quem aponta a carência deste tipo de espaços em Macau, onde os raros terrenos disponíveis têm sido sobretudo entregues ao sector imobiliário e à indústria do jogo.
A transferência da Universidade de Macau, actualmente localizada na Taipa, parece ser também bem acolhida, a julgar pelos docentes da instituição com quem o Ou Mun falou.
Os entrevistados não estão identificados mas, adiantou o jornal na sua edição de ontem, concordam à partida com a ideia, embora não tenham deixado de sublinhar os problemas que se poderão vir a colocar.
E o primeiro deles diz respeito à existência de uma fronteira entre Macau e a China. “Uma das razões para a transferência de instalações é permitir alargar as vagas para os estudantes da China Continental, tornando o acesso mais conveniente. No entanto, aos alunos de Macau coloca-se o problema da fronteira”, alerta o Ou Mun.
O jornal não parece ter conseguido confirmar a notícia da mudança para a Ilha da Montanha junto dos responsáveis pela universidade. O PONTO FINAL tentou chegar à fala com a reitoria, não tendo sido possível até à hora de fecho desta edição.
O Ou Mun levanta ainda uma outra questão, com base nas “mensagens contraditórias” que chegaram aos ouvidos do pessoal docente: a universidade vai ser totalmente transferida ou será feito um campus adicional em Henqin?
A maioria dos auscultados pela publicação entende que a divisão em dois campus trará grandes inconvenientes aos alunos, que precisam de recorrer a diferentes serviços da universidade durante o ano lectivo. Porém, há um novo edifício em construção – e há quem se apoie neste facto para apostar que a Universidade de Macau manterá uma dependência na Taipa, pois tratar-se-á de um desperdício se assim não for.
No entanto, e atendendo à rapidez com que se constrói e desconstrói em Macau, este argumento pode facilmente cair por terra. Recorde-se que se fala há já alguns anos da transferência da Assembleia Legislativa para um novo edifício, sendo que o actual só agora completará uma década de existência. E a transferência da universidade deverá levar precisamente entre oito a dez anos a acontecer.

Mais longe, mais fácil

A grande vantagem da UMAC passar para a Ilha da Montanha é a possibilidade de fazer uma instituição maior, com mais espaço, que permita acolher mais alunos e desenvolver projectos de outra envergadura.
As actuais instalações pecam em diversos aspectos: além da falta de terreno para expandir o campus, este está situado num local íngreme. O acesso não é fácil e o estacionamento de automóveis também não.
O interior da universidade é labiríntico: quem não conhecer bem o emaranhado de corredores e elevadores que dão acesso aos diferentes edifícios em que a instituição está dividida, facilmente se perde.
Chan Weng Fai e Tong Wing Io, estudantes da UMAC entrevistados pelo Ou Mun, concordam com a transferência de instalações, mesmo que tal implique uma viagem mais longa para chegar às aulas. Mas as vantagens são maiores, apontam: será possível resolver a falta de infra-estruturas, os edifícios poderão ficar localizados em terreno plano e permitirá um melhor ambiente académico.
Acreditam ainda os estudantes que se a UMAC mantiver o actual sistema de funcionamento, não deixará de ser uma universidade local, mesmo estando em solo da China Continental.

Universidade menos local?

Para Lei Pui Lam, deputado à Assembleia Legislativa nomeado pelo Chefe do Executivo e presidente da Associação de Educação de Macau, a questão das características locais da UMAC deve ser relativizada, porque mais importante do que isso, disse ao Ou Mun, é que a universidade seja uma escola com padrões internacionais.
Não que a actual não seja – mas tem limitações devido à falta de espaço. Lei acredita que a missão da UMAC é formar talentos em Macau, mas para isso é preciso que estes tenham uma noção de internacionalização. Levar a instituição para a Ilha da Montanha possibilitará organizar a universidade de modo a cumprir melhor a sua missão.
O Ou Mun mostra-se preocupado com as eventuais consequências do alargamento das vagas aos estudantes da China Continental, por entender que se corre o risco de perder as características de uma universidade de Macau. E de a liberdade académica poder ser restringida.
Lei Pui Lam desvaloriza os receios. Para começar, defende o deputado, a ir para Hengqin, a instituição tem que usufruir de total autonomia. Depois, não acredita que a universidade deixe de ter características locais por acolher um maior número de estudantes do Continente, reiterando que o que importa é mesmo educar com qualidade.

Combate à corrupção é prioridade para Macau

CAC vai ter poderes mais alargados

Macau assumiu o compromisso de melhorar os direitos sociais e aumentar o combate à corrupção, lê-se no relatório da China apresentado ao Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas que será discutido a 9 de Fevereiro em Genebra.
Em causa, no relatório a que a Lusa teve acesso, estão todos os direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais da população do território.
Apesar de salientar o respeito pelos Direitos Humanos consagrados na legislação, o relatório (na parte de Macau, que foi preparada pelo Governo do território) não deixa de reconhecer falhas e a necessidade de maior empenhamento na construção de uma sociedade mais limpa e sublinha grande preocupação no domínio da corrupção eleitoral.
É ainda reconhecido que, apesar das características únicas da cidade e do clima de tolerância e respeito pelas diferenças culturais da população, há necessidade de integrar um elevado número de trabalhadores imigrantes cuja presença significativa na Região Administrativa Especial provocou algumas reacções negativas da parte da população local.
Além de se comprometer a melhorar os direitos sociais, o Executivo de Macau salienta que será "reforçada" a cooperação com organizações-não-governamentais para atingir esse objectivo.
Em 11 pontos de compromissos com o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, Macau explica também que, no objectivo de criar uma "sociedade limpa", os poderes e o âmbito da acção do Comissariado Contra a Corrupção serão alargados ao sector privado e devem ser implementados mecanismos anticorrupção para a administração de recursos públicos.
Neste capítulo da corrupção, Macau defende também uma participação activa da sociedade e das organizações-não-governamentais, com o objectivo de maximizar a eficácia das campanhas de sensibilização de construção de uma sociedade limpa.
Na linha de um Executivo mais responsável perante os cidadãos, o Governo de Macau assume também o compromisso de reforçar a responsabilização dos seus quadros superiores ao nível de directores, chefes de departamento e de divisão num quadro orgânico e disciplinar.
A defesa do património histórico do território, nomeadamente o dos edifícios que integram a lista do património universal da UNESCO, a melhoria dos eventos artísticos organizados pela Região Administrativa Especial e o desenvolvimento de estudos com vista a promoção de novos museus e eventos culturais e artísticos na cidade são assumidos na lista de prioridades e defendidos como meio de desenvolvimento cultural e diversificação económica.
Macau compromete-se ainda a fortalecer os mecanismos de acompanhamento das políticas governamentais de Direitos Humanos.
Integrado no relatório nacional da China, a parte relativa a Macau será defendida na Suíça por quatro peritos locais - Jorge Oliveira e Cristina Ferreira, do Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional, Ip Peng Kin, presidente do Instituto de Acção Social, e Diamantino Santos, coordenador do Gabinete Coordenador de Segurança.

Editorial

Apelos

O fenómeno dos chamados "novos pobres" tem sido alvo de muita discussão, sobretudo nos países mais desenvolvidos, onde o contraste se torna especialmente chocante. Uma larga percentagem desses "novos pobres", nos países europeus, é constituída por idosos, sem apoios familiares e que, muitas vezes, nem sequer recorrem a sistemas de apoio instituídos, por vergonha ou ignorância.
Em Macau, desde há algum tempo a esta parte que se repetem, com alguma insistência, os apelos e sugestões para a criação de um "banco alimentar". E quem o faz terá, sem dúvida, razões bem fundamentadas para avançar com esta ideia, uma vez que os referidos apelos têm partido de responsáveis ligados a associações que operam na área da assistência social.
Mas até agora, esses apelos parecem não ter suscitado grande preocupação junto das autoridades responsáveis e que, no mínimo, deviam ser sensíveis à chamada de atenção de quem trabalha, há muitos anos, com aqueles que passaram ao lado da sorte.
Numa altura em que já se percebeu a dimensão da crise que aí vem, é quase certo que o problema irá adquirir, rapidamente, contornos mais complexos e difíceis de gerir.
O simples apelo para a criação de um "banco alimentar" em Macau, vindo de quem vem, devia funcionar como um sinal de alerta para os responsáveis governamentais. Não só devido ao facto de serem responsáveis pela resolução desse tipo de problemas, mas também porque isso afecta a imagem do território, de uma forma negativa. E quando se pretende apostar numa diversificação do turismo, atraindo outro tipo de visitantes para além dos frequentadores dos casinos, saber-se que há gente a passar fome em Macau não será o melhor cartão de visita.

Paulo Reis

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