Nova página na Internet
CEPA com portal exclusivo
Com o objectivo de dar resposta às crescentes necessidades de informação da parte dos investidores e da população sobre o ambiente de negócios das duas regiões, designadamente em matérias de investimento, legislação, economia e comércio, as Direcções dos Serviços de Economia (DSE) e de Justiça (DSAJ) e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), criaram um Portal dedicado ao CEPA. O novo portal proporciona o acesso a informações mais compreensivas e detalhadas sobre o Acordo, através do reforço e enriquecimento do seu ficheiro de informação, disponível na página oficial electrónica da DSE.
De acordo com uma nota de imprensa, o portal dispõe de material de consulta sobre a transparência de leis no domínio da Facilitação do Comércio e Investimento do CEPA, para uma pesquisa fácil e rápida por parte de todos os interessados em informações relativas ao ambiente de negócios e investimento, inclusivamente leis e regulamentos do Interior da China e da RAEM no contexto do CEPA. O Portal está disponível em Chinês tradicional, Chinês simplificado, Português e Inglês e foi dividido em seis secções.
Assim, quem aceder ao portal poderá, entre outras informações, ficar a conhecer o conteúdo do texto legal e Suplementos do Acordo, dados estatísticos, procedimentos relativos às formalidades administrativas e descarregar os respectivos formulários e documentos electrónicos.
Macau brilha nos Jogos Escolares do Pacifico
Três medalhas de ouro, uma de prata e três de bronze é o saldo da participação de Macau nos Jogos Escolares do Pacifico, que este ano se realizaram em Camberra, Austrália.
Numa competição que juntou jovens de 27 países e regiões, Macau esteve representado por 24 atletas que participaram em quarto modalidades - saltos para a água, natação, atletismo e basquetebol.
A escolha dos atletas para a selecção escolar começou há um ano, seguindo-se um treino intenso e sistemático que acabou por resultar na melhor participação de sempre de Macau em Jogos Escolares. As medalhas de ouro foram alcançadas nas disciplinas aquáticas.
Atletas da RAEM no corta-mato de Fujian
Termina hoje o Interport escolar de corta-mato que, desde dia 12, opõe atletas de Cantão, Hong Kong, Macau e de Fujian, província que acolhe o evento.
A RAEM fez-se representar por 20 atletas de 10 estabelecimentos de ensino do território que foram acompanhados por Au U Hong, que chefiou a delegação, bem como pelos treinadores Chit Fong e Kun Siu Pan.
Antes da partida para Fujian, Chan Iok Wai, Chefe de divisão da DSEJ, incentivou os atletas a aproveitarem bem a oportunidade para reforçarem o intercâmbio com os alunos de Fujian, Cantão e Hong Kong.
Crescimento de 17 por cento face a 2007
Outubro trouxe mais turistas
Apesar da anunciada crise financeira mundial, Macau continua a ser um destino apetecível para muitos turistas. Em Outubro, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entraram no território 431.880 visitantes via viagens organizadas por operadores turísticos, um número que representa um aumento de 17 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Com perto de 294 mil turistas a chegarem do Continente, a China continua a ser a principal fonte de visitantes da RAEM. Registo também para o aumento de 38 por cento do número de turistas originários de Taiwan, ao passo que de Hong Kong chegaram, em Outubro, menos 4,7 por cento de turistas do que tinha acontecido em 2007.
O aumento no número de visitantes regista-se também na estatística relativa aos primeiros dez meses do ano, período durante o qual estiveram no território, através de viagens organizadas por operadores turísticos, cerca de 3,9 milhões de pessoas, um acréscimo de 17,5 por cento face aos primeiros dez meses de 2007.
Mas se Macau tem sido um destino de chegada de inúmeros turistas, Outubro mostrou que também os residentes locais revelaram apetência por viajar para o exterior. Nesse mês, mais de 16 mil residentes da RAEM deslocaram-se até outras paragens incluídos em excursões, um número que representa um crescimento de 34,4 pontos percentuais comparativamente a Outubro de 2007. China Continental, Japão e Taiwan foram os destinos preferidos dos residentes de Macau.
Por seu turno, o número de residentes de Macau que viajaram individualmente para o exterior, com recurso a serviços prestados por operadores turísticos, ficou perto de atingir a barreira das 30 mil pessoas, tendo aumentado 9,4 por cento , face a Outubro de 2007. Contudo, esta é uma tendência contrária ao ocorrido nos primeiros dez meses de 2008, período que registou uma diminuição de 4,7 por cento por comparação com 2007.
Mais quartos
Na estatística referente a Outubro, verifica-se um acréscimo de 7,9 pontos percentuais no número total de quartos disponíveis dos hotéis e estabelecimentos similares. Nesse mês, a DSEC contabilizou 16.980 quartos de hotéis disponíveis, ou seja, mais 1.240 quartos, comparativamente a Outubro do ano passado.
Segundo a DSEC, também o número de hospedes registados nos hotéis e estabelecimentos similares do território sofreu, em Outubro, um aumento de 9,5 por cento relativamente ao mês homólogo de 2007.
No mês em análise, a taxa de ocupação média dos estabelecimentos hoteleiros decresceu 7,8 pontos percentuais, face a Outubro do ano precedente, atingindo 71,5 por cento. O tempo médio de permanência nos hotéis quedou-se por 1,4 noites, representando uma ligeira diminuição quando comparado com o mesmo mês de 2007. Nos primeiros dez meses deste ano, alojaram-se nos estabelecimentos hoteleiros 5.352.348 hóspedes, ou seja, mais 13,7 por cento em relação ao período homólogo de 2007.
Nos primeiros dez meses de 2008, os hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros representaram 43,0 por cento do total de turistas, esta percentagem foi superior à observada no período homólogo de 2007 (42,6 por cento ).
Operadora em contenção de custos cancela prémios de gestão
Sands despede em Las Vegas
A empresa Las Vegas Sands (LVS) vai despedir 216 trabalhadores dos seus empreendimentos situados na cidade de Las Vegas, foi esta semana confirmado. A notícia surge depois de os últimos dados estatísticos apontaram para uma quebra de 26 por cento das receitas do jogo, no estado de Nevada.
Fontes da empresa adiantam que, para além destes despedimentos, a LVS irá cancelar o pagamento de 6,5 milhões de dólares em prémios de gestão, medida incluída num pacote de medidas para reduzir os custos da companhia.
De acordo com Ron Reese, porta-voz da LSV, os despedimentos vão abranger pessoal de vários departamentos da empresa nos casinos do Estado do Nevada. Contudo, Reese frisou que a maior parte dos cortes não irá atingir posições que tenham, a ver directamente com os clientes quer dos casinos, quer dos hotéis.
Actualmente, nos seus dois casinos em Las Vegas, o Venetian e o Palazzo, a LVS dá emprego a cerca de 10 mil pessoas. Os despedimentos agora anunciados seguem-se a um corte de 50 trabalhadores ocorrido no mês passado.
Tal como várias das principais operadoras de casinos nos EUA, a Las Vegas Sands tem enfrentado grandes dificuldades de liquidez que obrigaram a empresa a adiar os seus planos de expansão. Nos últimos meses, o valor das acções da companhia desceu abruptamente e Sheldon Adelson teve mesmo que investir do próprio bolso cerca de mil milhões de dólares para evitar que a empresa que fundou falhasse pagamentos de empréstimos à banca.
Antigos presidentes do Instituto Cultural lamentam alienação da Livraria Portuguesa
“A venda é um excelente negócio para quem a está forçar”
Quem o diz é Jorge Morbey. É mais uma voz contra a alienação das instalações da Livraria Portuguesa e tem particular conhecimento de causa: foi durante a sua presidência do Instituto Cultural de Macau que o espaço foi inaugurado. Carlos Marreiros, o presidente que se seguiu, recebeu com profunda tristeza a notícia trazida, na passada semana, por Carlos Monjardino. Memórias e críticas de quem ajudou a construir o que, em breve, pode ser apenas passado.
Isabel Castro
Já lá vão 23 anos mas é quase como se tivesse sido ontem. Em Junho de 1985, por altura das comemorações do Dia de Portugal, a Livraria Portuguesa abria as portas, implicando uma mudança no panorama cultural de Macau. Foi um projecto que se ergueu num ápice. Mais de duas décadas depois, parece estar ditado o seu desaparecimento – aquilo que, para muitos, é o significado real da mudança de instalações.
Jorge Morbey pertence ao grupo dos que vê com mágoa o fim anunciado da Livraria Portuguesa. Presidente do então designado Instituto Cultural de Macau (ICM) entre 1985 e 1989, a organização e inauguração do espaço foi das suas primeiras intervenções na cidade. É que, embora a livraria esteja nas mãos do Instituto Português do Oriente (IPOR) há já muitos anos, não é a esta instituição que se deve o seu aparecimento.
“O projecto da livraria tinha nascido antes de eu assumir as funções de presidente do ICM”, conta Jorge Morbey ao PONTO FINAL. Quando chegou ao território, já havia umas instalações destinadas à livraria, que não convenciam os responsáveis pela execução da ideia. Ficavam no centro cultural Sir Robert Ho Tung, no Largo de São Agostinho. Os inconvenientes eram vários, da localização pouco central ao espaço propriamente dito. Estava-se em Abril de 1985.
Ainda durante esse mês, o projecto sofreu uma reviravolta que, nas palavras do antigo presidente do ICM, foi uma “sorte”: soube-se da disponibilidade do prédio que faz gaveto entre a Rua das Mariazinhas e a Travessa do Bispo. A tutela (à altura da responsabilidade de Jorge Rangel, secretário-adjunto para Educação, Cultura e Turismo) deu “um forte apoio” e as Finanças foram “extremamente empenhadas”. E assim o Instituto Cultural obteve a cave, o rés-do-chão e o primeiro andar.
Carlos Marreiros, à altura técnico superior do departamento de Património do ICM, diz que a notícia “foi uma alegria”. A localização já valia muito na altura e a obtenção da loja resultou da cobrança, pelo Governo, de uma dívida ao empreiteiro. Numa altura em que a cultura se deparava com falta de espaço para viver, quem se envolvia em projectos desta natureza tinha razões acrescidas para se regozijar.
Foi Carlos Marreiros o arquitecto responsável pela concepção do projecto de interiores da livraria e pelo acompanhamento da execução da obra. “Foi uma decisão tomada no final de Abril, princípios de Maio, e tivemos cerca de um mês para fazer as obras e abrir a livraria, com montes de livros que entretanto se tinham encomendado”, diz Jorge Morbey.
“Foi uma azáfama muito grande. Havia muito trabalho para fazer antes de abrir a livraria ao público e foi feito ao longo de algumas madrugadas”, continua o ex-presidente do Instituto Cultural, que recorda noites a colocar etiquetas nos livros e a dispô-los nas estantes. Já Carlos Marreiros sorri quando conta que, por as obras terem sido feitas em muito pouco tempo, “o Governador Almeida e Costa estava a chegar para a inauguração e ainda estávamos a secar o mural de Fernando Pessoa com secadores de cabelo”.
São episódios aos quais se associam, inevitavelmente, nomes de pessoas que ajudaram a que o projecto fosse realidade. O arquitecto fala de Énio de Sousa e Graça Marques, à época funcionários do ICM. E também os artistas Guilherme Ung Vai Meng, Vera Lopes e A-Yao, funcionária do Instituto, que participaram no mural, concebido por Marreiros. “Era um grupo de pessoas muito dinâmicas”, vinca, fazendo ainda referência ao primeiro gerente da Livraria Portuguesa, José Joaquim dos Santos, o “tio Santos” para a comunidade que então falava português.
Dos livros à bica
“Foi um sucesso muito grande”, explica Jorge Morbey. “Não que em Macau não tivesse havido livrarias anteriormente. Mas foi um sucesso porque, pela primeira vez, os portugueses e as pessoas que dominam a língua portuguesa tiveram acesso a livros lançados em Portugal.” Seguiram-se os livros escolares. “Houve toda uma dinâmica quer a nível cultural geral, quer especificamente na área educativa, que deu à livraria o valor que ela mereceu vir a ter”, sublinha.
Não muito tempo depois da inauguração, Carlos Marreiros foi chamado para outra intervenção no espaço, necessária por via do crescimento do acervo. Na altura, a vida na livraria fazia-se entre dois espaços: o rés-do-chão, onde estavam os livros, e a sobreloja, que “desempenhou um papel fundamental para os artistas de Macau”. Era lá que ficava a única galeria que acolhia as obras de jovens artistas, locais e vindos do exterior, aqueles que “não tinham ainda um reconhecimento institucional para exporem na galeria do Leal Senado”.
Até à década de 1990, a Livraria Portuguesa assumiu assim funções únicas. Não havia outros espaços e quem a geria chamava a si a tarefa de organizar eventos que iam muito além da simples venda de livros. E de trazer a cultura portuguesa nas suas mais variadíssimas formas. Como a “introdução da bica”, momento destacado por Marreiros. “Pouco tempo depois da sua inauguração, passou a ser possível ler o Expresso e tomar uma bica na livraria. Era uma pedrada no charco.” Contextualize-se: o bom café só estava disponível nalguns escritórios e serviços públicos. Passou a estar democratizado.
O mesmo aconteceu com a música. A Livraria Portuguesa começou a disponibilizar discos, quase todos eles oriundos de Portugal. “É difícil imaginar o quão importante foi, em 1986 ou 1987, ter acesso a este tipo de coisas em Macau”, refere o arquitecto. “A grande maioria da comunidade portuguesa não ia a Portugal uma vez por ano, como acontece agora.”
Carlos Marreiros não se lembra de se ouvirem as críticas que agora são feitas aos preços praticados, algo que “é do mérito de Jorge Morbey”. A política de gestão da Livraria Portuguesa tinha subjacente o princípio de serviço público, pelo que a preocupação era apenas com o equilíbrio das contas, não tendo o lucro como objectivo.
Da presidência do seu antecessor, o arquitecto recorda ainda importantes momentos culturais, como a dramatização da Clepsidra de Camilo Pessanha. Já no tempo de Marreiros na presidência do Instituto Cultural, passaram pela Livraria Portuguesa nomes da literatura e da poesia como Eugénio de Andrade, Natália Correia e Han Suyn, além de vários artistas plásticos. A livraria era muito mais do que um sítio onde se comprava literatura.
O “grande erro”
E um dia houve que a Livraria Portuguesa passou para o então recém-criado IPOR. Jorge Morbey olha para o passado e encontra um “grande erro”. E esse “grande erro” foi “a Administração de Macau ter como que elaborado um catálogo e dar a escolher à Fundação Oriente o que ela queria e o que não queria”. Sem rodeios, o antigo presidente do ICM diz que “a Fundação Oriente ficou com aquilo que lhe apeteceu ficar, deixou permanecer com a Administração aquilo que não lhe interessou e o resultado é este”.
Para Morbey, se a Livraria Portuguesa não tivesse saído da esfera do Instituto Cultural, “mantinha-se de certeza e, provavelmente, até funcionaria melhor”. O académico fundamenta as razões da sua convicção, dando como exemplos a Festa da Lusofonia, que “as autoridades chinesas financiam na totalidade”, e a própria TDM. “Só não foi parar a outras mãos porque, provavelmente, não era rentável e interessante para quem tem negócios em Macau”, aponta.
“O que acontece é que, sem discutir a questão da qualidade, a TDM é hoje uma empresa pública e a administração de Macau faz questão de manter os canais portugueses na televisão e na rádio.” Tal serve também para provar que “os papões todos que houve no final da Administração portuguesa” não passavam de fantasmas sem fundamentação, antes pelo contrário: o Governo da RAEM parece dar mais importância à presença portuguesa em Macau do que Lisboa.
“Hoje, penso que as pessoas que tiveram intervenção no negócio do então governo Melancia e a Fundação Oriente devem pensar no que fizeram e verem o grave erro que foi entregar a uma entidade privada matérias do domínio da cultura, essenciais, e que deveriam ser dirigidas pelo Governo, numa altura especialmente delicada em que se preparava a transição de Macau”, acrescenta Jorge Morbey. “Já estava assinada a Declaração Conjunta e, portanto, o quadro das modificações a fazer-se em Macau devia ser lealmente encontrado no âmbito das relações entre os representantes de Portugal e da China que constituíam o Grupo de Ligação Conjunto”, defende. “Todo este processo de entrega pela Administração Melancia à Fundação Oriente foi feito à revelia dos interesses de Macau, de Portugal, e da própria China”, lamenta.
Na reacção à notícia trazida a Macau, na passada semana, pelo presidente da Fundação Oriente, o antigo presidente do ICM sustenta que “a localização da livraria, naquele prédio, reúne todas as condições de um ponto de venda ideal, implantado numa zona comercial por excelência”. E elabora o seguinte raciocínio: “Quem se der ao trabalho de ver o valor pelo qual a livraria foi transaccionada pelo Governo com o IPOR, com a Fundação Oriente, e se lembrar dos valores que foram anunciados para as ofertas de compra daquela parte do imóvel, certamente que pode apenas concluir que a venda da livraria é um excelente negócio para quem a está tentar forçar”.
Morbey não consegue encontrar outra justificação para a alienação do imóvel que não seja “o negócio, o lucro, a possibilidade de a Fundação Oriente estar com a corda na garganta por um eventual insucesso nalgumas aplicações que terá feito”. É a crise financeira internacional “a servir de álibi para os êxitos frustrados de governos e instituições”. E diz mais: “É um lucro que poderia ser reinvestido noutras instalações mas, se a livraria reúne todas as condições para ser uma boa livraria, então o que há é que rentabilizar aquele espaço e não aliená-lo”. Mas “os donos do negócio é que sabem as linhas por que se cosem. Isto nada tem a ver nem com a cultura portuguesa, nem com o reforço ou a manutenção da cultura portuguesa em Macau”.
Ignorância ou distracção?
Além das duas intervenções na década de 1980, Carlos Marreiros foi responsável por uma terceira, em 1997, na altura em que Ana Paula Laborinho era presidente do IPOR. Deu-se à livraria “um toque mais português” e menos “minimalista”, conceito original do espaço. Preparava-se a passagem de transferência de administração reforçando o carácter de um dos legados principais da cultura portuguesa.
O arquitecto ressalva que, por uma questão de ética profissional, não tem qualquer sentimento de posse em relação ao espaço onde, por três vezes, interveio. “O papel do arquitecto é viabilizar um espaço que sirva ao utente”, frisa. Porém, enquanto cidadão de Macau, a reacção à previsível alienação do imóvel é bem diferente: “Fico muito infeliz e muito descontente pelo facto de a livraria sair de uma localização nobre, sabe-se lá para onde”.
Para já, desconhece-se a futura localização do negócio gerido pelo IPOR, mas uma coisa é certa tanto para Marreiros, como para Morbey – qualquer que seja o espaço encontrado, não será do calibre do actual. Por alguma razão será que, salienta o arquitecto, a zona onde fica a Livraria Portuguesa é a mais cara de Macau, no que arrendamento e aquisição de espaços comerciais diz respeito.
Carlos Marreiros não encontra qualquer razão válida para que a livraria saia de onde está e fala em descalabro, para criticar “o desinvestimento da Fundação Oriente” em Macau. A Livraria Portuguesa não é caso único: em tempos houve outro património e as histórias em torno do financiamento da Escola Portuguesa de Macau são recorrentes.
Para o arquitecto, estaríamos mal se a permanência da cultura portuguesa no mundo estivesse dependente da iniciativa de instituições oficiais da República Portuguesa – a iniciativa privada faz bem mais. “É triste dizê-lo, mas é a dura realidade”.
Tendo como pano de fundo o facto de o Governo português ser o accionista maioritário do IPOR, Jorge Morbey lamenta que “os governos, designadamente nas questões relativas a Macau, sejam ignorantes, incompetentes ou distraídos”. A notícia da venda do imóvel foi dada pelo sócio minoritário. “Não faz sentido que o accionista maioritário se mantenha neste prudente silêncio acerca da questão, que julgo ser vital para a comunidade portuguesa de Macau, depois de uma recente estadia do ministro dos Negócios Estrangeiros que anunciou mundos e fundos de subsídios para a língua portuguesa e promessas de um caminho promissor”, analisa.
“O Governo português, como accionista maioritário, deve andar a pensar noutras coisas, não deve ter tempo para ver estas minudências de uma livraria para uns portugueses que estão em Macau”, ironiza ainda Morbey. “Penso que isto é extremamente grave porque provoca na comunidade portuguesa um certo sentimento de abandono e de não pertença aos valores comuns dos portugueses.”
O antigo presidente do ICM já não tem esperanças de que esta história da Livraria Portuguesa conheça desfecho mais feliz. “A comunidade portuguesa de Macau tem o direito à indignação mas terá pouco mais do que isso”, lamenta. É “com alguma mágoa” que vê a “extinção” da Livraria. “A última versão já não é o desaparecimento a livraria tout cours, já não é a transferência de instalações, mas parece ser um nova livraria com um intuito comercial bastante forte, uma vez que farão parte do acervo posto à venda livros em chinês e em inglês”. Para Morbey, tal é revelador “do projecto de nova livraria que se quer ter, se é que, de facto, vai avante”. A disponibilização do livro de língua portuguesa numa lógica de interesse público pertence ao passado.
E para o passado fica também todo o “empenho” do rol de pessoas que Carlos Marreiros recorda ao longo da conversa com o PONTO FINAL. A “dedicação” de Ana Paula Laborinho, que “fez tudo para que a livraria corresse bem”. E o “rosto” da livraria: “Manuel de Almeida investiu muito com o seu trabalho, não só na parte dos livros como na secção musical. Foi sempre impecável, tratava a livraria com muito carinho e com competência”. Memórias de um espaço que pode ser, um dia destes, não mais do que passado.
Projectos divididos entre Macau e Mafra
Fundação Jorge Álvares promove actividades musicais
A Fundação Jorge Álvares está com vida nova. Foi para Mafra, dedica-se à música e recebeu uma nova doação, passando a promover também "actividades de âmbito musical ligadas à memória do seu benemérito Maestro Filipe de Sousa Júnior".
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
Basta uma pequena alteração nos estatutos para a Fundação Jorge Álvares FJA) – por estes dias a assinalar nove anos de existência – para que esta se adapte aos novos tempos. Onde antes se lia Macau pode passar a ler-se Mafra. São apenas as três últimas letras.
É que é em Mafra que a FJA está a construir a sua nova sede e é lá que estão – ainda que provisoriamente – as suas novas instalações.
Na verdade, a Fundação criada por Rocha Vieira no dia 14 de Dezembro de 1999, está cheia de planos. Embora a instituição não divulgue informações a este jornalista, apesar de um contacto recente (e o seu site não seja actualizado há quase dois anos...), o PONTO FINAL conseguiu saber que uma doação de um único benemérito mudou a vida da Fundação.
Na verdade, um compositor, pianista e maestro, Filipe de Sousa Júnior, ao falecer em 2006, deixou à Fundação Jorge Álvares o seu espólio e património (ou pelo menos parte dele). Algum desse património, imobiliário, situa-se na freguesia de Alcainça (Casal de S. Bernardo), concelho de Mafra. E não demorou muito tempo até que fosse decidido que a Fundação iria construir ali a sua sede.
No ano passado foi assinado um acordo com a Câmara local, que cedeu já – e provisoriamente – uma sala no Convento de Mafra, "com vista ao desenvolvimento de um projecto de investigação sobre a memória e o legado dos últimos governadores de Macau" (isto de acordo com informações oficiais da Câmara).
No mesmo boletim municipal (Dezembro de 2007) podia ler-se que esta cedência, a título gratuito, acontecerá até que a FJA conclua as obras de construção da sua sede social no Casal de S. Bernardo. "Ao mesmo tempo, as duas entidades comprometem-se a desenvolver acções de cooperação, que podem assumir as seguintes formas: o apoio, em condições a acordar pontualmente, à realização, e a realização conjunta de conferências, colóquios, seminários, concertos de música clássica e outros, estudos, exposições, actividades de investigação e acções de formação; o intercâmbio de publicações, bibliografia e outro material informativo; a cedência mútua privilegiada, em condições a acordar, das respectivas instalações para o desenvolvimento de actividades culturais no Concelho". Por isso não admira que a FJA seja patrocinadora de concertos musicais, de iniciativas locais como "Verão Cultural" ou até das iluminações de Natal no concelho de Mafra.
Sede em Mafra
No boletim municipal de Dezembro de 2007 pode ainda ler-se que a Câmara estabeleceu um protocolo de colaboração com a FJA, "instituição de utilidade pública sedeada no Concelho de Mafra". Ora se isto representa uma consequência da opção tomada a partir da doação do benemérito também significa uma alteração dos estatutos. Aliás, estes mesmos estatutos tinham sido revistos em 2006, mas nessa altura nada mudara relativamente à sede social ou ao objecto. O maestro faleceu nesse mesmo ano (Novembro) e a escritura com as alterações é de Junho.
Mais: ainda no mesmo boletim municipal fica a saber-se que a FJA "tem como objectivo estatuário suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a República Popular da China, designadamente a Região Administrativa Especial de Macau, nas áreas cultural, educativa, científica, artística e social, bem como promover actividades de âmbito musical ligadas à memória do seu benemérito Maestro Filipe de Sousa Júnior".
Ou seja, é de prever, em breve, novos estatutos que consagrem estas alterações estruturais na vida da Fundação: relativamente à sua sede (que continua em Lisboa) e relativamente aos objectivos (passando a conciliar duas coisas aparentemente inconciliáveis, como o interesse pela China/Macau e a difusão da memória do benemérito?).
Através de uma outra fonte, na Internet, fica a saber-se que Filipe de Sousa Júnior era "possuidor de uma extensa biblioteca, que inclui designadamente todas as edições autografadas, editadas em vida, de Fernando Pessoa, o seu requinte estético estende-se às artes plásticas estando patente numa notável colecção de pintura e escultura. Homem generoso e convivial, cultivava a tertúlia no círculo de amigos que frequentemente recebia no escritório da Casa Sousa, no Chiado (herança do Tio Bernardo) ou na casa de Alcainça (Casal de S. Bernardo)" e que "cerca de três dezenas de canções saídas da sua pena, acompanharam-no ao longo de uma vida, estando agora integradas num projecto abrangente de edição musical das suas obras, conduzido pela Fundação Jorge Álvares, testamentária dos bens e do espólio musical de Filipe de Sousa".
Novidades nos 10 anos?
Os 10 anos da FJA podem assim trazer algumas novidades – algumas das quais o PONTO FINAL antecipa desde já, em traços muito gerais.
Será interessante saber que projecto de investigação sobre a memória e o legado dos últimos governadores de Macau é esse (feito por quem, com que objectivos, para terminar quando e com que metodologia), que ambição terá a nova sede da Fundação e que papel o Oriente terá no futuro da FJA. Nos últimos meses ouviu-se falar da Fundação nas iniciativas do Centro Científico e Cultural de Macau e na atribuição de um prémio, chamado Jorge Álvares, sobre a temática das relações de Portugal com a China (incluindo Macau), no valor de 5 mil euros.
Marítimo sem rival no Torneio de Veteranos
Inglaterra pode vir para o ano
Uma selecção de antigos jogadores do futebol inglês poderá ser a grande novidade para o Soberania de 2009. Singapura também. O torneio de veteranos sobe de perstígio e o Marítimo arrecadou o título pelo terceiro ano consecutivo.
Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Antes das incidências da prova, que fechou ontem à tarde no relvado do Campo do Canídromo, já algumas novidades se afiguram para a próxima edição do Torneio de Soberania de Futebol, categoria de veteranos, que assinala os dez anos de aniversário da instauração da RAEM.
Como se sabe, alguns jogadores do futebol inglês de há uns anos a esta parte, como é o caso de Brian Robson, estiveram em Macau a convite da Venetian, para participar numa clínica com jovens atletas do território. Isto depois de ter sido cancelado um torneio masters no Arena.
O promotor desse tipo de jogos de veteranos ficou a saber da existência do Torneio da Soberania e, segundo informações prestadas, ao PONTO FINAL, pelo presidente da Associação de Veteranos de Futebol, Francisco Manhão, contactou os dirigentes locais para a possibilidade de uma equipa inglesa poder vir a participar em 2009 na prova de Macau.
“Claro que seria excelente para o nosso torneio e eu fico bastante satisfeito pelo facto deles terem mostrado interesse em vir em 2009. Seria muito bom, num ano em que a RAEM irá comemorar os seus 10 anos de existência”, palavras de Manhão, que está desde já a trabalhar para a organização da competição, que atingirá a nona edição, já que se iniciou em 2001.
“Esses jogadores que actuaram em Inglaterra há alguns anos, seriam uma mais valia para o nosso torneio, mesmo que estivessem uns furos acima das restantes equipas, em termos técnicos. Isso só daria maior prestígio à prova. Espero poder trazê-los em 2009.”
Alargar o leque
O grande “carola” das questões de veteranos, seja no futebol ou noutras actividades, pretende dar ainda maior brilho ao torneio que marca os dez anos da RAEM.
“Gostaria naturalmente de trazer dez ou doze equipas, mas isso depende do factor financeiro, uma vez que este torneio obriga a um grande esforço de verbas e são necessários muitos patrocínios. Se conseguirmos mais apoios do que aqueles que nos têm chegado, e já são bastantes, então pensaremos em organizar uma prova ainda mais alargada. A equipa inglesa seria por isso uma das novidades, mas também Singapura, que mostrou interesse em se juntar a nós nesta promoção da modalidade a nível de jogadores mais velhos.”
Inglaterra e Singapura são assim fortes hipóteses para o Torneio de Soberania, não se sabendo para já se o Marítimo pretende ou não dar continuidade à sua presença, depois de três anos consecutivos a ganhar.
Marítimo não volta
Os responsáveis do clube madeirense deram a entender, na própria conferência de imprensa efectuada antes do torneio, que iriam fazer uma pausa.
“Vamos pensar se realmente nos iremos deslocar novamente a Macau em 2009, mas provavelmente teremos de nos começar a concentrar na organização de um torneio do género nas comemorações do centenário do Marítimo”, salientou, à TDM, o director desportivo, Bernardino Rosa.
Assim, os madeirenses poderão não repetir a sua presença em Macau, pelo menos nos próximos dois anos, após terem provado que não têm rival no Torneio de Soberania.
Rosa divulgou igualmente a intenção de convidar uma selecção de Macau a participar nesse torneio do centenário do Marítimo.
Manhão diz que tudo fará para enviar uma equipa.
“Claro que é com todo o gosto que tentaremos uma viagem à Madeira se formos formalmente convidados.”
Mais um sucesso
e tri do Marítimo
Francisco Manhão falou então da edição deste ano do Torneio de Soberania, ganho mais uma vez pelo Marítimo:
“Foi um sucesso e podemos dizer que terá sido um dos melhores de sempre. Houve bastante equilibrio e apenas o Marítimo provocou algumas diferenças. De resto, os resultados foram nivelados. É por isso um balanço bastante positivo, em que se vê que há várias equipas com bons jogadores. Tudo depende da pontaria estar afinada ou não.”
O Marítimo voltou a evidenciar superioridade sobre os adversários, tendo este ano trazido um plantel ainda mais forte, em especial com a inclusão do brasileiro Edmilson, actualmente com 40 anos e que deixou de jogar a nível federado em 2005.
Edmilson, com o número 9 nas costas, foi sempre a arma apontada à baliza adversária em todos os jogos dos insulares, fazendo uma dupla terrível com outro brasileiro, Carlos Mané, conhecido por Bidinha.
Dupla imparável
Os dois contribuiram para as boas exibições e os golos marcados, num total de dezoito ao longo do torneio, em que a equipa funchalense efectuou quatro partidas em três dias.
Bidinha foi mesmo um dos melhores goleadores da prova, com seis tentos, em igualdade com o chinês Kou Fong, de Pequim. No entanto, este arrecadou o troféu já que foi menos utilizado que o atleta do Marítimo.
Bidinha seria eleito o melhor jogador do torneio.
Tinha o número oito na camisola e é detentor de uma velocidade pouco habitual neste escalão etário. Que o mesmo é dizer, uma grande frescura física.
Assim, o Marítimo esteve sempre muito forte, tendo derrotado ontem, na final, o conjunto de Pequim, por 4-2, com 2-0 ao intervalo.
Pequim entra bem
O jogo do título, que teve um espectador especial, o Chefe do Executivo, Edmundo Ho ( ou o torneio não estivesse integrado nas comemorações do aniversário da RAEM…), poderia ter uma história diferente se o “onze” chinês tivesse aproveitado as oportunidades que criou nos primeiros vinte minutos. O Marítimo demorou a assentar o seu jogo e acabou por ganhar com um certo à vontade pela técnica dos seus jogadores, pelo colectivo e pela eficácia na finalização. Isto apesar de Edmilson ter estado perdulário.
Bidinha apontou dois golos, Edmilson um (que grande remate de cabeça no inaugurar do marcador, na sequência de um canto, aos 29 minutos.
Pequim apontou os dois golos através do seu melhor elemento, Kou Fong, realmente a sobressair na formação da capital chinesa.
Recorde-se que Pequim tinha empatado com a Tailândia )1-1) na sua caminhada para a final, derrotando Hong Kong (3-1) e Taiwan (5-3). O Marítimo ganhou todos os jogos, sobre Nova Zelândia (8-0), Macau (3-0) e Malásia (3-0).
Macau foi sexto
No que diz respeito à selecção da casa, Macau terminou em sexto da geral, num torneio com oito equipas, fechando com desaire no confronto com Tailândia (2-1).
Segundo Francisco Manhão, “a equipa de Macau esteve num nível razoável e perdeu por pequena diferença nos desafios com Nova Zelândia (2-0) e Talândia. Perdemos naturalmente com Marítimo (3-0) e ganhámos na abertura à Malásia (1-0). Por isso penso que foi bom para a nossa equipa.”
De referir que a selecção de veteranos do território integrou jogadores como Domingos Chan (guarda-redes), Dani, Paulo Conde, Mandinho, Dedé, Carvalhal, Rui Isidro, Lei Peng Kong, William Long, entre outros.
Macau foi o primeiro vencedor do Torneio da Soberania, em 2001. Depois, Hong Kong ganhou quatro edições consecutivas. O ciclo seguinte é do Marítimo, com três triunfos em outras tantas presenças.
Editorial
Incapacidade
Com a crise a bater à porta, os governo de todo mundo abrem os cordões à bolsa e vão buscar os tostões que porventura tenham amealhado para investir em projectos e obras, numa tentativa de criar emprego e reduzir as sempre incómodas multidões de desempregados.
Por cá, havendo dinheiro quanto baste e projectos em número suficiente, o executivo local revela uma curiosa dificuldade em fazer aquilo em que outros governos são grandes especialistas - gastar.
Feitas as contas a dez meses de execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) chegou-se recentemente à espantosa conclusão de que uns escassos dez por cento desse plano, orçado em cerca de 8,3 mil milhões de patacas, foram executados.
Mas tranquilizem-se os mais inquietos, porque o governo promete elevar a fasquia e chegar ao final de Dezembro com uns fantásticos 50 por cento do total do PIDDA gastos.
Esta situação não deixa antever grande sucesso às receitas que se pretendem aplicar, como remédio para a crise financeira que se adivinha mais dura, neste próximo ano, e que o governo já delineou, em traços gerais.
Acima de tudo, é reveladora de uma lentidão de funcionamento da máquina administrativa que só piorou nos últimos anos. Entre licenças, autorizações, despachos, estudos, consultas à opinião pública e outras burocracias, perde-se velocidade e oportunidade.
Se o governo não consegue sequer avançar com obras públicas que são de média dimensão, as promessas de grandes obras para o ano que vem, como solução para garantir as actuais taxas de emprego, provavelmente correm o risco de não passar disso mesmo.
E nenhuma solução está à vista - pelo menos, enquanto não houver uma ideia clara da razão por que o governo não consegue gastar o dinheiro que reservou para o seu plano de investimentos. Mas investigar isso, provavelmente, seria mexer em coisas que estão bem como estão.
Paulo Reis
CEPA com portal exclusivo
Com o objectivo de dar resposta às crescentes necessidades de informação da parte dos investidores e da população sobre o ambiente de negócios das duas regiões, designadamente em matérias de investimento, legislação, economia e comércio, as Direcções dos Serviços de Economia (DSE) e de Justiça (DSAJ) e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), criaram um Portal dedicado ao CEPA. O novo portal proporciona o acesso a informações mais compreensivas e detalhadas sobre o Acordo, através do reforço e enriquecimento do seu ficheiro de informação, disponível na página oficial electrónica da DSE.
De acordo com uma nota de imprensa, o portal dispõe de material de consulta sobre a transparência de leis no domínio da Facilitação do Comércio e Investimento do CEPA, para uma pesquisa fácil e rápida por parte de todos os interessados em informações relativas ao ambiente de negócios e investimento, inclusivamente leis e regulamentos do Interior da China e da RAEM no contexto do CEPA. O Portal está disponível em Chinês tradicional, Chinês simplificado, Português e Inglês e foi dividido em seis secções.
Assim, quem aceder ao portal poderá, entre outras informações, ficar a conhecer o conteúdo do texto legal e Suplementos do Acordo, dados estatísticos, procedimentos relativos às formalidades administrativas e descarregar os respectivos formulários e documentos electrónicos.
Macau brilha nos Jogos Escolares do Pacifico
Três medalhas de ouro, uma de prata e três de bronze é o saldo da participação de Macau nos Jogos Escolares do Pacifico, que este ano se realizaram em Camberra, Austrália.
Numa competição que juntou jovens de 27 países e regiões, Macau esteve representado por 24 atletas que participaram em quarto modalidades - saltos para a água, natação, atletismo e basquetebol.
A escolha dos atletas para a selecção escolar começou há um ano, seguindo-se um treino intenso e sistemático que acabou por resultar na melhor participação de sempre de Macau em Jogos Escolares. As medalhas de ouro foram alcançadas nas disciplinas aquáticas.
Atletas da RAEM no corta-mato de Fujian
Termina hoje o Interport escolar de corta-mato que, desde dia 12, opõe atletas de Cantão, Hong Kong, Macau e de Fujian, província que acolhe o evento.
A RAEM fez-se representar por 20 atletas de 10 estabelecimentos de ensino do território que foram acompanhados por Au U Hong, que chefiou a delegação, bem como pelos treinadores Chit Fong e Kun Siu Pan.
Antes da partida para Fujian, Chan Iok Wai, Chefe de divisão da DSEJ, incentivou os atletas a aproveitarem bem a oportunidade para reforçarem o intercâmbio com os alunos de Fujian, Cantão e Hong Kong.
Crescimento de 17 por cento face a 2007
Outubro trouxe mais turistas
Apesar da anunciada crise financeira mundial, Macau continua a ser um destino apetecível para muitos turistas. Em Outubro, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entraram no território 431.880 visitantes via viagens organizadas por operadores turísticos, um número que representa um aumento de 17 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Com perto de 294 mil turistas a chegarem do Continente, a China continua a ser a principal fonte de visitantes da RAEM. Registo também para o aumento de 38 por cento do número de turistas originários de Taiwan, ao passo que de Hong Kong chegaram, em Outubro, menos 4,7 por cento de turistas do que tinha acontecido em 2007.
O aumento no número de visitantes regista-se também na estatística relativa aos primeiros dez meses do ano, período durante o qual estiveram no território, através de viagens organizadas por operadores turísticos, cerca de 3,9 milhões de pessoas, um acréscimo de 17,5 por cento face aos primeiros dez meses de 2007.
Mas se Macau tem sido um destino de chegada de inúmeros turistas, Outubro mostrou que também os residentes locais revelaram apetência por viajar para o exterior. Nesse mês, mais de 16 mil residentes da RAEM deslocaram-se até outras paragens incluídos em excursões, um número que representa um crescimento de 34,4 pontos percentuais comparativamente a Outubro de 2007. China Continental, Japão e Taiwan foram os destinos preferidos dos residentes de Macau.
Por seu turno, o número de residentes de Macau que viajaram individualmente para o exterior, com recurso a serviços prestados por operadores turísticos, ficou perto de atingir a barreira das 30 mil pessoas, tendo aumentado 9,4 por cento , face a Outubro de 2007. Contudo, esta é uma tendência contrária ao ocorrido nos primeiros dez meses de 2008, período que registou uma diminuição de 4,7 por cento por comparação com 2007.
Mais quartos
Na estatística referente a Outubro, verifica-se um acréscimo de 7,9 pontos percentuais no número total de quartos disponíveis dos hotéis e estabelecimentos similares. Nesse mês, a DSEC contabilizou 16.980 quartos de hotéis disponíveis, ou seja, mais 1.240 quartos, comparativamente a Outubro do ano passado.
Segundo a DSEC, também o número de hospedes registados nos hotéis e estabelecimentos similares do território sofreu, em Outubro, um aumento de 9,5 por cento relativamente ao mês homólogo de 2007.
No mês em análise, a taxa de ocupação média dos estabelecimentos hoteleiros decresceu 7,8 pontos percentuais, face a Outubro do ano precedente, atingindo 71,5 por cento. O tempo médio de permanência nos hotéis quedou-se por 1,4 noites, representando uma ligeira diminuição quando comparado com o mesmo mês de 2007. Nos primeiros dez meses deste ano, alojaram-se nos estabelecimentos hoteleiros 5.352.348 hóspedes, ou seja, mais 13,7 por cento em relação ao período homólogo de 2007.
Nos primeiros dez meses de 2008, os hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros representaram 43,0 por cento do total de turistas, esta percentagem foi superior à observada no período homólogo de 2007 (42,6 por cento ).
Operadora em contenção de custos cancela prémios de gestão
Sands despede em Las Vegas
A empresa Las Vegas Sands (LVS) vai despedir 216 trabalhadores dos seus empreendimentos situados na cidade de Las Vegas, foi esta semana confirmado. A notícia surge depois de os últimos dados estatísticos apontaram para uma quebra de 26 por cento das receitas do jogo, no estado de Nevada.
Fontes da empresa adiantam que, para além destes despedimentos, a LVS irá cancelar o pagamento de 6,5 milhões de dólares em prémios de gestão, medida incluída num pacote de medidas para reduzir os custos da companhia.
De acordo com Ron Reese, porta-voz da LSV, os despedimentos vão abranger pessoal de vários departamentos da empresa nos casinos do Estado do Nevada. Contudo, Reese frisou que a maior parte dos cortes não irá atingir posições que tenham, a ver directamente com os clientes quer dos casinos, quer dos hotéis.
Actualmente, nos seus dois casinos em Las Vegas, o Venetian e o Palazzo, a LVS dá emprego a cerca de 10 mil pessoas. Os despedimentos agora anunciados seguem-se a um corte de 50 trabalhadores ocorrido no mês passado.
Tal como várias das principais operadoras de casinos nos EUA, a Las Vegas Sands tem enfrentado grandes dificuldades de liquidez que obrigaram a empresa a adiar os seus planos de expansão. Nos últimos meses, o valor das acções da companhia desceu abruptamente e Sheldon Adelson teve mesmo que investir do próprio bolso cerca de mil milhões de dólares para evitar que a empresa que fundou falhasse pagamentos de empréstimos à banca.
Antigos presidentes do Instituto Cultural lamentam alienação da Livraria Portuguesa
“A venda é um excelente negócio para quem a está forçar”
Quem o diz é Jorge Morbey. É mais uma voz contra a alienação das instalações da Livraria Portuguesa e tem particular conhecimento de causa: foi durante a sua presidência do Instituto Cultural de Macau que o espaço foi inaugurado. Carlos Marreiros, o presidente que se seguiu, recebeu com profunda tristeza a notícia trazida, na passada semana, por Carlos Monjardino. Memórias e críticas de quem ajudou a construir o que, em breve, pode ser apenas passado.
Isabel Castro
Já lá vão 23 anos mas é quase como se tivesse sido ontem. Em Junho de 1985, por altura das comemorações do Dia de Portugal, a Livraria Portuguesa abria as portas, implicando uma mudança no panorama cultural de Macau. Foi um projecto que se ergueu num ápice. Mais de duas décadas depois, parece estar ditado o seu desaparecimento – aquilo que, para muitos, é o significado real da mudança de instalações.
Jorge Morbey pertence ao grupo dos que vê com mágoa o fim anunciado da Livraria Portuguesa. Presidente do então designado Instituto Cultural de Macau (ICM) entre 1985 e 1989, a organização e inauguração do espaço foi das suas primeiras intervenções na cidade. É que, embora a livraria esteja nas mãos do Instituto Português do Oriente (IPOR) há já muitos anos, não é a esta instituição que se deve o seu aparecimento.
“O projecto da livraria tinha nascido antes de eu assumir as funções de presidente do ICM”, conta Jorge Morbey ao PONTO FINAL. Quando chegou ao território, já havia umas instalações destinadas à livraria, que não convenciam os responsáveis pela execução da ideia. Ficavam no centro cultural Sir Robert Ho Tung, no Largo de São Agostinho. Os inconvenientes eram vários, da localização pouco central ao espaço propriamente dito. Estava-se em Abril de 1985.
Ainda durante esse mês, o projecto sofreu uma reviravolta que, nas palavras do antigo presidente do ICM, foi uma “sorte”: soube-se da disponibilidade do prédio que faz gaveto entre a Rua das Mariazinhas e a Travessa do Bispo. A tutela (à altura da responsabilidade de Jorge Rangel, secretário-adjunto para Educação, Cultura e Turismo) deu “um forte apoio” e as Finanças foram “extremamente empenhadas”. E assim o Instituto Cultural obteve a cave, o rés-do-chão e o primeiro andar.
Carlos Marreiros, à altura técnico superior do departamento de Património do ICM, diz que a notícia “foi uma alegria”. A localização já valia muito na altura e a obtenção da loja resultou da cobrança, pelo Governo, de uma dívida ao empreiteiro. Numa altura em que a cultura se deparava com falta de espaço para viver, quem se envolvia em projectos desta natureza tinha razões acrescidas para se regozijar.
Foi Carlos Marreiros o arquitecto responsável pela concepção do projecto de interiores da livraria e pelo acompanhamento da execução da obra. “Foi uma decisão tomada no final de Abril, princípios de Maio, e tivemos cerca de um mês para fazer as obras e abrir a livraria, com montes de livros que entretanto se tinham encomendado”, diz Jorge Morbey.
“Foi uma azáfama muito grande. Havia muito trabalho para fazer antes de abrir a livraria ao público e foi feito ao longo de algumas madrugadas”, continua o ex-presidente do Instituto Cultural, que recorda noites a colocar etiquetas nos livros e a dispô-los nas estantes. Já Carlos Marreiros sorri quando conta que, por as obras terem sido feitas em muito pouco tempo, “o Governador Almeida e Costa estava a chegar para a inauguração e ainda estávamos a secar o mural de Fernando Pessoa com secadores de cabelo”.
São episódios aos quais se associam, inevitavelmente, nomes de pessoas que ajudaram a que o projecto fosse realidade. O arquitecto fala de Énio de Sousa e Graça Marques, à época funcionários do ICM. E também os artistas Guilherme Ung Vai Meng, Vera Lopes e A-Yao, funcionária do Instituto, que participaram no mural, concebido por Marreiros. “Era um grupo de pessoas muito dinâmicas”, vinca, fazendo ainda referência ao primeiro gerente da Livraria Portuguesa, José Joaquim dos Santos, o “tio Santos” para a comunidade que então falava português.
Dos livros à bica
“Foi um sucesso muito grande”, explica Jorge Morbey. “Não que em Macau não tivesse havido livrarias anteriormente. Mas foi um sucesso porque, pela primeira vez, os portugueses e as pessoas que dominam a língua portuguesa tiveram acesso a livros lançados em Portugal.” Seguiram-se os livros escolares. “Houve toda uma dinâmica quer a nível cultural geral, quer especificamente na área educativa, que deu à livraria o valor que ela mereceu vir a ter”, sublinha.
Não muito tempo depois da inauguração, Carlos Marreiros foi chamado para outra intervenção no espaço, necessária por via do crescimento do acervo. Na altura, a vida na livraria fazia-se entre dois espaços: o rés-do-chão, onde estavam os livros, e a sobreloja, que “desempenhou um papel fundamental para os artistas de Macau”. Era lá que ficava a única galeria que acolhia as obras de jovens artistas, locais e vindos do exterior, aqueles que “não tinham ainda um reconhecimento institucional para exporem na galeria do Leal Senado”.
Até à década de 1990, a Livraria Portuguesa assumiu assim funções únicas. Não havia outros espaços e quem a geria chamava a si a tarefa de organizar eventos que iam muito além da simples venda de livros. E de trazer a cultura portuguesa nas suas mais variadíssimas formas. Como a “introdução da bica”, momento destacado por Marreiros. “Pouco tempo depois da sua inauguração, passou a ser possível ler o Expresso e tomar uma bica na livraria. Era uma pedrada no charco.” Contextualize-se: o bom café só estava disponível nalguns escritórios e serviços públicos. Passou a estar democratizado.
O mesmo aconteceu com a música. A Livraria Portuguesa começou a disponibilizar discos, quase todos eles oriundos de Portugal. “É difícil imaginar o quão importante foi, em 1986 ou 1987, ter acesso a este tipo de coisas em Macau”, refere o arquitecto. “A grande maioria da comunidade portuguesa não ia a Portugal uma vez por ano, como acontece agora.”
Carlos Marreiros não se lembra de se ouvirem as críticas que agora são feitas aos preços praticados, algo que “é do mérito de Jorge Morbey”. A política de gestão da Livraria Portuguesa tinha subjacente o princípio de serviço público, pelo que a preocupação era apenas com o equilíbrio das contas, não tendo o lucro como objectivo.
Da presidência do seu antecessor, o arquitecto recorda ainda importantes momentos culturais, como a dramatização da Clepsidra de Camilo Pessanha. Já no tempo de Marreiros na presidência do Instituto Cultural, passaram pela Livraria Portuguesa nomes da literatura e da poesia como Eugénio de Andrade, Natália Correia e Han Suyn, além de vários artistas plásticos. A livraria era muito mais do que um sítio onde se comprava literatura.
O “grande erro”
E um dia houve que a Livraria Portuguesa passou para o então recém-criado IPOR. Jorge Morbey olha para o passado e encontra um “grande erro”. E esse “grande erro” foi “a Administração de Macau ter como que elaborado um catálogo e dar a escolher à Fundação Oriente o que ela queria e o que não queria”. Sem rodeios, o antigo presidente do ICM diz que “a Fundação Oriente ficou com aquilo que lhe apeteceu ficar, deixou permanecer com a Administração aquilo que não lhe interessou e o resultado é este”.
Para Morbey, se a Livraria Portuguesa não tivesse saído da esfera do Instituto Cultural, “mantinha-se de certeza e, provavelmente, até funcionaria melhor”. O académico fundamenta as razões da sua convicção, dando como exemplos a Festa da Lusofonia, que “as autoridades chinesas financiam na totalidade”, e a própria TDM. “Só não foi parar a outras mãos porque, provavelmente, não era rentável e interessante para quem tem negócios em Macau”, aponta.
“O que acontece é que, sem discutir a questão da qualidade, a TDM é hoje uma empresa pública e a administração de Macau faz questão de manter os canais portugueses na televisão e na rádio.” Tal serve também para provar que “os papões todos que houve no final da Administração portuguesa” não passavam de fantasmas sem fundamentação, antes pelo contrário: o Governo da RAEM parece dar mais importância à presença portuguesa em Macau do que Lisboa.
“Hoje, penso que as pessoas que tiveram intervenção no negócio do então governo Melancia e a Fundação Oriente devem pensar no que fizeram e verem o grave erro que foi entregar a uma entidade privada matérias do domínio da cultura, essenciais, e que deveriam ser dirigidas pelo Governo, numa altura especialmente delicada em que se preparava a transição de Macau”, acrescenta Jorge Morbey. “Já estava assinada a Declaração Conjunta e, portanto, o quadro das modificações a fazer-se em Macau devia ser lealmente encontrado no âmbito das relações entre os representantes de Portugal e da China que constituíam o Grupo de Ligação Conjunto”, defende. “Todo este processo de entrega pela Administração Melancia à Fundação Oriente foi feito à revelia dos interesses de Macau, de Portugal, e da própria China”, lamenta.
Na reacção à notícia trazida a Macau, na passada semana, pelo presidente da Fundação Oriente, o antigo presidente do ICM sustenta que “a localização da livraria, naquele prédio, reúne todas as condições de um ponto de venda ideal, implantado numa zona comercial por excelência”. E elabora o seguinte raciocínio: “Quem se der ao trabalho de ver o valor pelo qual a livraria foi transaccionada pelo Governo com o IPOR, com a Fundação Oriente, e se lembrar dos valores que foram anunciados para as ofertas de compra daquela parte do imóvel, certamente que pode apenas concluir que a venda da livraria é um excelente negócio para quem a está tentar forçar”.
Morbey não consegue encontrar outra justificação para a alienação do imóvel que não seja “o negócio, o lucro, a possibilidade de a Fundação Oriente estar com a corda na garganta por um eventual insucesso nalgumas aplicações que terá feito”. É a crise financeira internacional “a servir de álibi para os êxitos frustrados de governos e instituições”. E diz mais: “É um lucro que poderia ser reinvestido noutras instalações mas, se a livraria reúne todas as condições para ser uma boa livraria, então o que há é que rentabilizar aquele espaço e não aliená-lo”. Mas “os donos do negócio é que sabem as linhas por que se cosem. Isto nada tem a ver nem com a cultura portuguesa, nem com o reforço ou a manutenção da cultura portuguesa em Macau”.
Ignorância ou distracção?
Além das duas intervenções na década de 1980, Carlos Marreiros foi responsável por uma terceira, em 1997, na altura em que Ana Paula Laborinho era presidente do IPOR. Deu-se à livraria “um toque mais português” e menos “minimalista”, conceito original do espaço. Preparava-se a passagem de transferência de administração reforçando o carácter de um dos legados principais da cultura portuguesa.
O arquitecto ressalva que, por uma questão de ética profissional, não tem qualquer sentimento de posse em relação ao espaço onde, por três vezes, interveio. “O papel do arquitecto é viabilizar um espaço que sirva ao utente”, frisa. Porém, enquanto cidadão de Macau, a reacção à previsível alienação do imóvel é bem diferente: “Fico muito infeliz e muito descontente pelo facto de a livraria sair de uma localização nobre, sabe-se lá para onde”.
Para já, desconhece-se a futura localização do negócio gerido pelo IPOR, mas uma coisa é certa tanto para Marreiros, como para Morbey – qualquer que seja o espaço encontrado, não será do calibre do actual. Por alguma razão será que, salienta o arquitecto, a zona onde fica a Livraria Portuguesa é a mais cara de Macau, no que arrendamento e aquisição de espaços comerciais diz respeito.
Carlos Marreiros não encontra qualquer razão válida para que a livraria saia de onde está e fala em descalabro, para criticar “o desinvestimento da Fundação Oriente” em Macau. A Livraria Portuguesa não é caso único: em tempos houve outro património e as histórias em torno do financiamento da Escola Portuguesa de Macau são recorrentes.
Para o arquitecto, estaríamos mal se a permanência da cultura portuguesa no mundo estivesse dependente da iniciativa de instituições oficiais da República Portuguesa – a iniciativa privada faz bem mais. “É triste dizê-lo, mas é a dura realidade”.
Tendo como pano de fundo o facto de o Governo português ser o accionista maioritário do IPOR, Jorge Morbey lamenta que “os governos, designadamente nas questões relativas a Macau, sejam ignorantes, incompetentes ou distraídos”. A notícia da venda do imóvel foi dada pelo sócio minoritário. “Não faz sentido que o accionista maioritário se mantenha neste prudente silêncio acerca da questão, que julgo ser vital para a comunidade portuguesa de Macau, depois de uma recente estadia do ministro dos Negócios Estrangeiros que anunciou mundos e fundos de subsídios para a língua portuguesa e promessas de um caminho promissor”, analisa.
“O Governo português, como accionista maioritário, deve andar a pensar noutras coisas, não deve ter tempo para ver estas minudências de uma livraria para uns portugueses que estão em Macau”, ironiza ainda Morbey. “Penso que isto é extremamente grave porque provoca na comunidade portuguesa um certo sentimento de abandono e de não pertença aos valores comuns dos portugueses.”
O antigo presidente do ICM já não tem esperanças de que esta história da Livraria Portuguesa conheça desfecho mais feliz. “A comunidade portuguesa de Macau tem o direito à indignação mas terá pouco mais do que isso”, lamenta. É “com alguma mágoa” que vê a “extinção” da Livraria. “A última versão já não é o desaparecimento a livraria tout cours, já não é a transferência de instalações, mas parece ser um nova livraria com um intuito comercial bastante forte, uma vez que farão parte do acervo posto à venda livros em chinês e em inglês”. Para Morbey, tal é revelador “do projecto de nova livraria que se quer ter, se é que, de facto, vai avante”. A disponibilização do livro de língua portuguesa numa lógica de interesse público pertence ao passado.
E para o passado fica também todo o “empenho” do rol de pessoas que Carlos Marreiros recorda ao longo da conversa com o PONTO FINAL. A “dedicação” de Ana Paula Laborinho, que “fez tudo para que a livraria corresse bem”. E o “rosto” da livraria: “Manuel de Almeida investiu muito com o seu trabalho, não só na parte dos livros como na secção musical. Foi sempre impecável, tratava a livraria com muito carinho e com competência”. Memórias de um espaço que pode ser, um dia destes, não mais do que passado.
Projectos divididos entre Macau e Mafra
Fundação Jorge Álvares promove actividades musicais
A Fundação Jorge Álvares está com vida nova. Foi para Mafra, dedica-se à música e recebeu uma nova doação, passando a promover também "actividades de âmbito musical ligadas à memória do seu benemérito Maestro Filipe de Sousa Júnior".
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
Basta uma pequena alteração nos estatutos para a Fundação Jorge Álvares FJA) – por estes dias a assinalar nove anos de existência – para que esta se adapte aos novos tempos. Onde antes se lia Macau pode passar a ler-se Mafra. São apenas as três últimas letras.
É que é em Mafra que a FJA está a construir a sua nova sede e é lá que estão – ainda que provisoriamente – as suas novas instalações.
Na verdade, a Fundação criada por Rocha Vieira no dia 14 de Dezembro de 1999, está cheia de planos. Embora a instituição não divulgue informações a este jornalista, apesar de um contacto recente (e o seu site não seja actualizado há quase dois anos...), o PONTO FINAL conseguiu saber que uma doação de um único benemérito mudou a vida da Fundação.
Na verdade, um compositor, pianista e maestro, Filipe de Sousa Júnior, ao falecer em 2006, deixou à Fundação Jorge Álvares o seu espólio e património (ou pelo menos parte dele). Algum desse património, imobiliário, situa-se na freguesia de Alcainça (Casal de S. Bernardo), concelho de Mafra. E não demorou muito tempo até que fosse decidido que a Fundação iria construir ali a sua sede.
No ano passado foi assinado um acordo com a Câmara local, que cedeu já – e provisoriamente – uma sala no Convento de Mafra, "com vista ao desenvolvimento de um projecto de investigação sobre a memória e o legado dos últimos governadores de Macau" (isto de acordo com informações oficiais da Câmara).
No mesmo boletim municipal (Dezembro de 2007) podia ler-se que esta cedência, a título gratuito, acontecerá até que a FJA conclua as obras de construção da sua sede social no Casal de S. Bernardo. "Ao mesmo tempo, as duas entidades comprometem-se a desenvolver acções de cooperação, que podem assumir as seguintes formas: o apoio, em condições a acordar pontualmente, à realização, e a realização conjunta de conferências, colóquios, seminários, concertos de música clássica e outros, estudos, exposições, actividades de investigação e acções de formação; o intercâmbio de publicações, bibliografia e outro material informativo; a cedência mútua privilegiada, em condições a acordar, das respectivas instalações para o desenvolvimento de actividades culturais no Concelho". Por isso não admira que a FJA seja patrocinadora de concertos musicais, de iniciativas locais como "Verão Cultural" ou até das iluminações de Natal no concelho de Mafra.
Sede em Mafra
No boletim municipal de Dezembro de 2007 pode ainda ler-se que a Câmara estabeleceu um protocolo de colaboração com a FJA, "instituição de utilidade pública sedeada no Concelho de Mafra". Ora se isto representa uma consequência da opção tomada a partir da doação do benemérito também significa uma alteração dos estatutos. Aliás, estes mesmos estatutos tinham sido revistos em 2006, mas nessa altura nada mudara relativamente à sede social ou ao objecto. O maestro faleceu nesse mesmo ano (Novembro) e a escritura com as alterações é de Junho.
Mais: ainda no mesmo boletim municipal fica a saber-se que a FJA "tem como objectivo estatuário suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a República Popular da China, designadamente a Região Administrativa Especial de Macau, nas áreas cultural, educativa, científica, artística e social, bem como promover actividades de âmbito musical ligadas à memória do seu benemérito Maestro Filipe de Sousa Júnior".
Ou seja, é de prever, em breve, novos estatutos que consagrem estas alterações estruturais na vida da Fundação: relativamente à sua sede (que continua em Lisboa) e relativamente aos objectivos (passando a conciliar duas coisas aparentemente inconciliáveis, como o interesse pela China/Macau e a difusão da memória do benemérito?).
Através de uma outra fonte, na Internet, fica a saber-se que Filipe de Sousa Júnior era "possuidor de uma extensa biblioteca, que inclui designadamente todas as edições autografadas, editadas em vida, de Fernando Pessoa, o seu requinte estético estende-se às artes plásticas estando patente numa notável colecção de pintura e escultura. Homem generoso e convivial, cultivava a tertúlia no círculo de amigos que frequentemente recebia no escritório da Casa Sousa, no Chiado (herança do Tio Bernardo) ou na casa de Alcainça (Casal de S. Bernardo)" e que "cerca de três dezenas de canções saídas da sua pena, acompanharam-no ao longo de uma vida, estando agora integradas num projecto abrangente de edição musical das suas obras, conduzido pela Fundação Jorge Álvares, testamentária dos bens e do espólio musical de Filipe de Sousa".
Novidades nos 10 anos?
Os 10 anos da FJA podem assim trazer algumas novidades – algumas das quais o PONTO FINAL antecipa desde já, em traços muito gerais.
Será interessante saber que projecto de investigação sobre a memória e o legado dos últimos governadores de Macau é esse (feito por quem, com que objectivos, para terminar quando e com que metodologia), que ambição terá a nova sede da Fundação e que papel o Oriente terá no futuro da FJA. Nos últimos meses ouviu-se falar da Fundação nas iniciativas do Centro Científico e Cultural de Macau e na atribuição de um prémio, chamado Jorge Álvares, sobre a temática das relações de Portugal com a China (incluindo Macau), no valor de 5 mil euros.
Marítimo sem rival no Torneio de Veteranos
Inglaterra pode vir para o ano
Uma selecção de antigos jogadores do futebol inglês poderá ser a grande novidade para o Soberania de 2009. Singapura também. O torneio de veteranos sobe de perstígio e o Marítimo arrecadou o título pelo terceiro ano consecutivo.
Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Antes das incidências da prova, que fechou ontem à tarde no relvado do Campo do Canídromo, já algumas novidades se afiguram para a próxima edição do Torneio de Soberania de Futebol, categoria de veteranos, que assinala os dez anos de aniversário da instauração da RAEM.
Como se sabe, alguns jogadores do futebol inglês de há uns anos a esta parte, como é o caso de Brian Robson, estiveram em Macau a convite da Venetian, para participar numa clínica com jovens atletas do território. Isto depois de ter sido cancelado um torneio masters no Arena.
O promotor desse tipo de jogos de veteranos ficou a saber da existência do Torneio da Soberania e, segundo informações prestadas, ao PONTO FINAL, pelo presidente da Associação de Veteranos de Futebol, Francisco Manhão, contactou os dirigentes locais para a possibilidade de uma equipa inglesa poder vir a participar em 2009 na prova de Macau.
“Claro que seria excelente para o nosso torneio e eu fico bastante satisfeito pelo facto deles terem mostrado interesse em vir em 2009. Seria muito bom, num ano em que a RAEM irá comemorar os seus 10 anos de existência”, palavras de Manhão, que está desde já a trabalhar para a organização da competição, que atingirá a nona edição, já que se iniciou em 2001.
“Esses jogadores que actuaram em Inglaterra há alguns anos, seriam uma mais valia para o nosso torneio, mesmo que estivessem uns furos acima das restantes equipas, em termos técnicos. Isso só daria maior prestígio à prova. Espero poder trazê-los em 2009.”
Alargar o leque
O grande “carola” das questões de veteranos, seja no futebol ou noutras actividades, pretende dar ainda maior brilho ao torneio que marca os dez anos da RAEM.
“Gostaria naturalmente de trazer dez ou doze equipas, mas isso depende do factor financeiro, uma vez que este torneio obriga a um grande esforço de verbas e são necessários muitos patrocínios. Se conseguirmos mais apoios do que aqueles que nos têm chegado, e já são bastantes, então pensaremos em organizar uma prova ainda mais alargada. A equipa inglesa seria por isso uma das novidades, mas também Singapura, que mostrou interesse em se juntar a nós nesta promoção da modalidade a nível de jogadores mais velhos.”
Inglaterra e Singapura são assim fortes hipóteses para o Torneio de Soberania, não se sabendo para já se o Marítimo pretende ou não dar continuidade à sua presença, depois de três anos consecutivos a ganhar.
Marítimo não volta
Os responsáveis do clube madeirense deram a entender, na própria conferência de imprensa efectuada antes do torneio, que iriam fazer uma pausa.
“Vamos pensar se realmente nos iremos deslocar novamente a Macau em 2009, mas provavelmente teremos de nos começar a concentrar na organização de um torneio do género nas comemorações do centenário do Marítimo”, salientou, à TDM, o director desportivo, Bernardino Rosa.
Assim, os madeirenses poderão não repetir a sua presença em Macau, pelo menos nos próximos dois anos, após terem provado que não têm rival no Torneio de Soberania.
Rosa divulgou igualmente a intenção de convidar uma selecção de Macau a participar nesse torneio do centenário do Marítimo.
Manhão diz que tudo fará para enviar uma equipa.
“Claro que é com todo o gosto que tentaremos uma viagem à Madeira se formos formalmente convidados.”
Mais um sucesso
e tri do Marítimo
Francisco Manhão falou então da edição deste ano do Torneio de Soberania, ganho mais uma vez pelo Marítimo:
“Foi um sucesso e podemos dizer que terá sido um dos melhores de sempre. Houve bastante equilibrio e apenas o Marítimo provocou algumas diferenças. De resto, os resultados foram nivelados. É por isso um balanço bastante positivo, em que se vê que há várias equipas com bons jogadores. Tudo depende da pontaria estar afinada ou não.”
O Marítimo voltou a evidenciar superioridade sobre os adversários, tendo este ano trazido um plantel ainda mais forte, em especial com a inclusão do brasileiro Edmilson, actualmente com 40 anos e que deixou de jogar a nível federado em 2005.
Edmilson, com o número 9 nas costas, foi sempre a arma apontada à baliza adversária em todos os jogos dos insulares, fazendo uma dupla terrível com outro brasileiro, Carlos Mané, conhecido por Bidinha.
Dupla imparável
Os dois contribuiram para as boas exibições e os golos marcados, num total de dezoito ao longo do torneio, em que a equipa funchalense efectuou quatro partidas em três dias.
Bidinha foi mesmo um dos melhores goleadores da prova, com seis tentos, em igualdade com o chinês Kou Fong, de Pequim. No entanto, este arrecadou o troféu já que foi menos utilizado que o atleta do Marítimo.
Bidinha seria eleito o melhor jogador do torneio.
Tinha o número oito na camisola e é detentor de uma velocidade pouco habitual neste escalão etário. Que o mesmo é dizer, uma grande frescura física.
Assim, o Marítimo esteve sempre muito forte, tendo derrotado ontem, na final, o conjunto de Pequim, por 4-2, com 2-0 ao intervalo.
Pequim entra bem
O jogo do título, que teve um espectador especial, o Chefe do Executivo, Edmundo Ho ( ou o torneio não estivesse integrado nas comemorações do aniversário da RAEM…), poderia ter uma história diferente se o “onze” chinês tivesse aproveitado as oportunidades que criou nos primeiros vinte minutos. O Marítimo demorou a assentar o seu jogo e acabou por ganhar com um certo à vontade pela técnica dos seus jogadores, pelo colectivo e pela eficácia na finalização. Isto apesar de Edmilson ter estado perdulário.
Bidinha apontou dois golos, Edmilson um (que grande remate de cabeça no inaugurar do marcador, na sequência de um canto, aos 29 minutos.
Pequim apontou os dois golos através do seu melhor elemento, Kou Fong, realmente a sobressair na formação da capital chinesa.
Recorde-se que Pequim tinha empatado com a Tailândia )1-1) na sua caminhada para a final, derrotando Hong Kong (3-1) e Taiwan (5-3). O Marítimo ganhou todos os jogos, sobre Nova Zelândia (8-0), Macau (3-0) e Malásia (3-0).
Macau foi sexto
No que diz respeito à selecção da casa, Macau terminou em sexto da geral, num torneio com oito equipas, fechando com desaire no confronto com Tailândia (2-1).
Segundo Francisco Manhão, “a equipa de Macau esteve num nível razoável e perdeu por pequena diferença nos desafios com Nova Zelândia (2-0) e Talândia. Perdemos naturalmente com Marítimo (3-0) e ganhámos na abertura à Malásia (1-0). Por isso penso que foi bom para a nossa equipa.”
De referir que a selecção de veteranos do território integrou jogadores como Domingos Chan (guarda-redes), Dani, Paulo Conde, Mandinho, Dedé, Carvalhal, Rui Isidro, Lei Peng Kong, William Long, entre outros.
Macau foi o primeiro vencedor do Torneio da Soberania, em 2001. Depois, Hong Kong ganhou quatro edições consecutivas. O ciclo seguinte é do Marítimo, com três triunfos em outras tantas presenças.
Editorial
Incapacidade
Com a crise a bater à porta, os governo de todo mundo abrem os cordões à bolsa e vão buscar os tostões que porventura tenham amealhado para investir em projectos e obras, numa tentativa de criar emprego e reduzir as sempre incómodas multidões de desempregados.
Por cá, havendo dinheiro quanto baste e projectos em número suficiente, o executivo local revela uma curiosa dificuldade em fazer aquilo em que outros governos são grandes especialistas - gastar.
Feitas as contas a dez meses de execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) chegou-se recentemente à espantosa conclusão de que uns escassos dez por cento desse plano, orçado em cerca de 8,3 mil milhões de patacas, foram executados.
Mas tranquilizem-se os mais inquietos, porque o governo promete elevar a fasquia e chegar ao final de Dezembro com uns fantásticos 50 por cento do total do PIDDA gastos.
Esta situação não deixa antever grande sucesso às receitas que se pretendem aplicar, como remédio para a crise financeira que se adivinha mais dura, neste próximo ano, e que o governo já delineou, em traços gerais.
Acima de tudo, é reveladora de uma lentidão de funcionamento da máquina administrativa que só piorou nos últimos anos. Entre licenças, autorizações, despachos, estudos, consultas à opinião pública e outras burocracias, perde-se velocidade e oportunidade.
Se o governo não consegue sequer avançar com obras públicas que são de média dimensão, as promessas de grandes obras para o ano que vem, como solução para garantir as actuais taxas de emprego, provavelmente correm o risco de não passar disso mesmo.
E nenhuma solução está à vista - pelo menos, enquanto não houver uma ideia clara da razão por que o governo não consegue gastar o dinheiro que reservou para o seu plano de investimentos. Mas investigar isso, provavelmente, seria mexer em coisas que estão bem como estão.
Paulo Reis