1.27.2009

Nº 1702 - Quarta-Feira 14 de Janeiro de 2009

Lawrence Ho atento a Taiwan mas garante que mercado de Macau é prioritário

“O pior para o turismo provavelmente já passou”

O empresário do jogo Lawrence Ho disse ontem estar confiante que Macau vai recuperar em breve da retracção sentida na indústria, tendo ainda demonstrado estar interessado num possível investimento no mercado de Taiwan.
“O pior período para a indústria do turismo em Macau provavelmente já passou”, disse Ho, presidente do conselho de administração da Melco Crown Entertainment, que salientou estarem a ser cumpridos os prazos para inaugurar o complexo integrado City of Dreams, no Cotai, no início do Verão. Lawrence Ho falava em Macau, durante um encontro com a Comunicação Social, onde foi feito o ponto da situação em relação ao projecto City of Dreams.
As restrições aos vistos individuais impostas pelas autoridades chinesas no ano passado, conjugadas com preocupações acerca da crise financeira mundial, levaram à diminuição do crescimento do sector em Macau, que ocupou o lugar de Las Vegas enquanto maior mercado de jogo do mundo.
A visita recente do vice-presidente Xi Jinping a Macau não se traduziu numa nova política de atribuição de vistos individuais, o que fez com que as acções da Melco, Wynn e Sands, bem como da SJM, tivessem descido.
As esperanças de que Pequim facilitasse a atribuição de vistos fizeram com que as acções da Melco tivessem subido cerca de 70 por cento nos últimos três meses, embora no ano passado tivessem descido quase 80 pontos percentuais.
“2009 deverá ser gradualmente melhor”, garantiu Lawrence Ho.
O empresário, filho do magnata Stanley Ho, acrescentou que não ficaria surpreendido se as restrições ao nível dos vistos fossem aligeiradas por Pequim a breve trecho.
Quanto ao City of Dreams, Lawrence Ho explicou que serão criados sete mil postos de trabalho na primeira fase do empreendimento, dos quais cerca de cinco mil serão reservados a trabalhadores locais. A Melco Crown e a Wynn são as duas únicas operadoras que deverão expandir os seus projectos em Macau nos próximos dezoito meses. O City of Dreams terá um total de 550 mesas de jogo e 1.500 slot-machines, incluindo ainda duas dezenas de restaurantes e uma zona comercial. O projecto prevê ainda um total de 600 quartos, numa primeira fase. A capacidade hoteleira será ampliada para 1.400, com a construção do Grand Hyatt Macau, cuja conclusão está prevista para o final de 2009.

A hipótese de Taiwan

Ho considerou ainda que a legalização do jogo nas ilhas Penghu, em Taiwan, representa uma possibilidade para a Melco, que resulta de uma parceria com o australiano James Packer.
“Estamos interessados no mercado [de jogo de Taiwan] mas temos que levar a cabo mais estudos sobre o ambiente político da ilha”, disse. “A nossa principal preocupação é garantir que não tenha qualquer impacto em Macau... O mercado de Taiwan pode ser muito grande, mas como é numa ilha temos que estudar como vamos criar infra-estruturas”, acrescentou.
O empresário realçou que a crise financeira actual faz com que seja difícil obter financiamento bancário até mesmo para um resort de dimensões médias, o que faz com que seja pouco provável um investimento no espaço dos próximos dois anos.
Apesar do optimismo da Melco, alguns analistas continuam a ter uma perspectiva pouco animadora acerca do desenvolvimento do jogo em Macau a curto prazo.
“Uma inauguração bem sucedida pode ser um catalisador grande e positivo, mas a sua visibilidade mantém-se limitada. Os lucros dos investimentos em novos projectos em Macau têm vindo constantemente a decair”, escreveram os analistas Shaun Kelley e Vincent Zahn numa pesquisa divulgada na passada semana pela Merrill Lynch.

Presidente da LVS desmente que Singapura tenha recebido dinheiro da RAEM

"Não desviámos uma única pataca de Macau"

William Weidner negou ontem os rumores de que a decisão de suspender as obras nos lotes 5 e 6 do COTAI esteja relacionada com os investimentos da LVS em Singapura. Durante a apresentação do Centro de Estudos Avançados, resultante de uma parceria com a UM, Weidner explicou que ter aqueles lotes parados implica gastos tão avultados como os despendidos na construção do Grand Lisboa.

Rui Cid

"É completamente falso que tenhamos desviado dinheiro de Macau para investir em Singapura". O presidente da Las Vegas Sands (LVS) reagiu assim aos recentes rumores de que a suspensão das obras nos lotes 5 e 6 do COTAI, anunciada em Novembro, estaria directamente relacionada com os projectos que a empresa tem para Singapura. Nesta deslocação a Macau para a cerimónia de apresentação do novíssimo Centro de Estudos Avançados Adelson, uma parceria entre a LVS e a Universidade de Macau, Weidner aproveitou a presença da comunicação social para voltar a afirmar - já o tinha feito em Agosto - que a filosofia da empresa é "reinvestir em Macau todo o dinheiro ganho em Macau".
"Em Julho estivemos reunidos, aqui no Venetian, com mais de 120 instituições bancárias, à procura de financiamento para os lotes 5 e 6. Entretanto chegou a crise financeira, e em Setembro nenhum banco estava interessado em empréstimos avultados. Também fomos obrigados a suspender projectos que temos nos Estados Unidos", sublinhou Weidener.
O presidente da empresa recusa fazer previsões em relação ao retomar dos trabalhos, mas reconhece que quanto mais cedo os mercados respirarem de alivio, melhor será para a empresa. É que, explica o presidente, para ter os lotes 5 e 6 operacionais para que assim que haja luz verde as obras possam voltar a avançar, a LVS irá despender "quase tanto com a SJM gastou na construção do Grand Lisboa".
"Assim que a situação económica e financeira permitir, as obras recomeçarão. Não sabemos quando isso acontecerá, mas esperemos que seja em breve. Preparámo-nos para que assim que os mercados estabilizem possamos retomar os trabalhos."

Aposta na diversidade

A primeira grande crise financeira desde que as operadoras norte-americanas se estabeleceram em Macau, aliada à politica de restrições de vistos imposta pela China, pôs a nu a excessiva dependência às receitas geradas pelas salas de jogo onde os chamados apostadores VIP deixam autênticas fortunas, reconheceu Weidener.
"O modelo das Salas VIP só por si não é suficiente. As elevadas comissões pagas aos junkets e a crise financeira são factores que tornam as receitas VIP muito voláteis". Para contornar este problema, o presidente da LVS considera que as apostas não devem fazer-se apenas nas mesas dos casinos: "Temos que nos concentrar noutro tipo de actividades". E, de acordo com as estatísticas, Weidner poderá mesmo ter razão.
"O ano passado recebemos 20 milhões de turistas, isto quer dizer que duas em cada três pessoas que visitaram Macau passaram pelo Venetian. Os nossos estudos, de Agosto, indicam que apenas 25 por cento dessas pessoas vieram propositadamente ao Casino, o que sugere que há mercado para continuarmos a apostar na diversidade", sublinha.
Weidner garante que 95 por cento do investimento da empresa na RAEM é feito em infra-estruturas não relacionadas com o jogo, como o Four Seasons, ou a aposta em grandes convenções, seminários, conferências e espectáculos musicais ou desportivos. Uma politica que Weidner considera ser benéfica para o próprio território: "Ao criarmos condições para Macau ser um centro de negócios, estamos a torná-la numa cidade mais atractiva aos investidores".

Não a Taiwan

Questionado pelos jornalistas, Weidner rejeitou a possibilidade de a LVS estar a ponderar investir em Taiwan, depois de o parlamento da Formosa ter aprovado a legalização do jogo na Ilha.
"Não faz parte dos nossos planos, a nossa prioridade é a conclusão dos nossos projectos em Macau e Singapura", garantiu.
Uma postura que se alteraria quando os jornalistas quiseram saber quais os planos da empresa para a Ilha da Montanha.
"Não iremos adoptar uma postura americana. Isto é, não é nossa intenção ficar numa posição dominante, mas sim apoiar o desenvolvimento da ilha. Temos óptimas relações com Macau e Zhuhai e se nos for pedida a nossa colaboração, faremos os possíveis para sermos úteis".

Responsabilidade

William Weidner deslocou-se a Macau para a cerimónia de apresentação do Centro de Estudos Avançados Adelson (em homenagem ao fundador da LVS), que a operadora norte-americana desenvolveu em parceria com a Universidade de Macau. O Centro, localizado em pleno Venetian, composto de 6 salas de aulas, 1 anfiteatro, 2 salas de reuniões e um espaço de 500 metros quadrados destinados à criação d um centro de recursos para as PMEs, representa um investimento total de 115 milhões de patacas - 15 já gastos na construção e 100 a investir ao longo dos próximos 3 anos.
"Sabemos que temos a responsabilidade social de retribuir o favor dos cidadãos de Macau, a honra que nos foi dada em podermos investir aqui. O Centro é uma aposta no futuro de Macau como uma cidade diversificada e destino turístico e representa a confiança que depositamos no futuro", salientou William Weidner.


Agnes Lam, analista política e presidente da Associação de Energia Cívica, pondera candidatura à AL

“Não posso estar a julgar e a jogar ao mesmo tempo”

É a analista política mais proeminente de Macau. Agnes Lam foi jornalista, é professora universitária, membro de vários conselhos consultivos do Governo e poetisa nas horas vagas. Ao PONTO FINAL, avança que está a ponderar candidatar-se às eleições legislativas. E explica as razões da sua indecisão. Quanto ao próximo Chefe do Executivo, defende que deve ser alguém capaz de manter a singularidade de Macau. E de liderar a cidade.

Isabel Castro

- Fundou a Associação de Energia Cívica de Macau (AECM) no ano passado e tem estado a trabalhar neste projecto desde Setembro. Como é que está a ser a experiência?
Agnes Lam – Não está a ser como prevíamos mas, de qualquer forma, estamos muito próximos daquilo que tínhamos planeado. Logo no início, pretendíamos analisar a escrever sobre política, comentar questões sociais. Neste âmbito, já escrevemos e publicámos vários artigos, essencialmente no jornal Ou Mun, em que analisámos questões como as restrições aos titulares dos cargos públicos após o fim de funções. Também analisámos o Artigo 23º e organizámos um fórum público sobre a liberdade de expressão. Temos mesas-redondas mensais sobre questões sociais.
- Diz que não está a correr conforme tinha previsto. Em que sentido?
A.L. – Logo no início, definimos que um dos principais objectivos era juntar pessoas e estudar questões de interesse público. Mais tarde, começámos a debater o que significava juntar pessoas. Será tentar encontrar muita gente e pô-la toda numa mesa redonda? Descobrimos que, provavelmente, poderá não ser a melhor solução. Estamos ainda a tentar ver qual será a melhor forma de trabalhar ao nível da análise dos assuntos públicos - se será melhor através de fóruns abertos ou se por via de discussões internas. Se queremos transformar as discussões em eventos públicos, o modelo tem que ser diferente. Se queremos ter debates mais aprofundados com pessoas de diversas áreas, talvez o melhor seja discutir primeiro e depois transformar o resultado dessas análises em textos e artigos. Não está longe das minhas expectativas, mas a forma como estamos a gerir a associação é um pouco diferente do que previa.
- Alguns analistas entendem que a AECM pode passar de um movimento cívico para um predominantemente político. E que poderá ser candidata à Assembleia Legislativa (AL). Vai avançar com uma candidatura nas eleições deste ano?
A.L. – Para ser honesta, nos últimos meses várias pessoas me têm feito essa pergunta. Posso dizer-lhe que esta não foi a intenção inicial. Pensei que precisávamos de uma nova associação em Macau, que devíamos promover a ideia de que as pessoas devem expressar as suas opiniões e não permanecerem em silêncio. Acredito que devemos juntar todo esse poder cívico. Devo admitir que, quando formámos este grupo, era um pouco idealista, achava que o movimento poderia ter uma posição neutra, não estarmos ligados a nenhum grupo e tentarmos monitorizar tudo. Na realidade, não discutimos se queremos ser uma associação política ou não. Percebemos apenas que algumas pessoas não nos estão a representar e que temos algo a dizer sobre determinadas questões. Mas nos últimos meses descobri que há muita gente a pensar que vou concorrer às eleições. Como não foi essa a intenção da AECM, mas as pessoas perguntam-me, isto faz-me pensar que haverá uma falta de representatividade deste tipo de poder. Estou a considerar essa hipótese, mas não era a minha intenção inicial.
- Está então a ponderar a hipótese de avançar com uma candidatura já este ano.
A.L. – Sim, estou a ponderar. Isto não é uma resposta política, é uma resposta sincera: já tenho uma posição na sociedade e estou a fazer uma série de trabalhos, preciso de considerar se sirvo melhor a sociedade mantendo o meu actual estatuto ou concorrendo às eleições.
- Defende publicamente que a AL não representa vários sectores da sociedade. Essa ponderação que está a fazer tem em conta que a sua candidatura poderia introduzir diversidade em termos de representatividade?
A.L. – Sim, sim. Mas estou numa situação difícil. Vi-me sempre como uma analista e comentadora de questões políticas e sociais. Mas depois da criação da AECM parece que já não estou mais no papel de quem julga e sim no de jogador. Não estou pronta para mudar de papel e passar a estar no jogo.
- Mas não acha que estando dentro do jogo pode continuar a julgar?
A.L. – Terá que haver um equilíbrio e terei que ser capaz de encontrar uma forma de o fazer. Não posso estar a julgar de vez em quando e a jogar noutras alturas, ou ser alguém que julga e joga ao mesmo tempo. Não sei. Mas estou a ler muito, a tentar encontrar uma via, a ponderar. Estou a ler algumas teorias sobre Ciência Política e História de Macau, para ver qual será a melhor forma de uma associação como a AECM sobreviver e dar o melhor contributo. Não tenho a certeza se alguém como eu está preparada para se candidatar, porque estive muitos anos noutra posição. Preciso de ponderar. Trabalho na Universidade de Macau e estou também nalgumas comissões do Governo. Tudo isto precisa de ser pensado. A partir do momento em que se é jogador, não se é apenas uma vez. Para mim, significa mudar o rumo de vida. Não é assim tão fácil decidir.
- Há espaço para novos rostos na Assembleia, ou a sua composição será mais ou menos a mesma depois das eleições deste ano?
A.L. – Uma vez que as pessoas ainda não anunciaram as suas estratégias, não sabemos se haverá novos rostos. Mas precisamos de mudança e julgo que há espaço para gente nova. Resta saber se vão aparecer pessoas interessadas. Ainda assim, é preciso ter em consideração o padrão de voto do eleitorado de Macau. Quando vão votar, muitas pessoas continuam a fazê-lo com base em questões pessoais. Se as pessoas não julgam os candidatos pelas suas capacidades e competências específicas, é algo que tem um resultado muito pouco positivo. Precisamos de fazer mais estudos sobre os comportamentos do eleitorado em relação ao voto. É algo que tem que mudar, e que é muito cultural.
- Mas sente que há novos rostos a aparecer na política de Macau?
A.L. – Nem por isso. Parece que algumas das associações que já estão na AL terão cerca de cinquenta por cento de gente nova. Ng Kuok Cheong e Au Kam San estão a tentar atrair novas pessoas, os Kaifong estão a fazer o mesmo. As associações estão a tentar fazer isso, mas não me parece que estejam a ser muito bem sucedidas.
- Sabemos já que Susana Chou não se vai recandidatar. Quem a poderá substituir?
A.L. – A pessoa que ocupar o cargo de presidente da AL terá que ter muita experiência na Assembleia. Se for esse o critério de escolha, não há muitas hipóteses. Leonel Alves poderá ser um bom presidente, é advogado, tem capacidade para lidar com questões jurídicas. É um bom candidato ao cargo. Mas a Assembleia não é só uma máquina legal, é também uma plataforma para a expressão da opinião pública. É necessário ter alguém que seja capaz de gerar um equilíbrio nesse aspecto e que seja politicamente influente. Alguns deputados chineses como Lau Cheok Va podem ser candidatos fortes. Mas a AL não tem sido muito bem sucedida no que toca à produção legislativa. Se tivermos alguém como Leonel Alves poderá haver uma maior dinâmica nesse sentido. Não sei se algum deles estará sequer interessado. Mas têm ambos experiência suficiente.
- Referiu agora que a AL é uma plataforma de expressão da opinião pública. Ter cinco deputados ligados ao jogo em apenas 29 não é um desequilíbrio em termos de representatividade? Até 2005 ainda havia João Bosco Cheang que representava os trabalhadores do sector, mas neste momento são só elementos do patronato. Tem receio que se repita o mesmo este ano?
A.L. – Tenho muito receio. Não é só na Assembleia que não há equilíbrio, mas sim em todas as estruturas políticas que temos neste momento - até o Conselho Executivo tem demasiados empresários. Em relação à AL, quando se fala nesses cinco deputados do jogo, são aqueles que estão directamente associados, mas há outros com ligações indirectas aos casinos. Não ocupam assentos por estarem a representar os interesses dos cidadãos comuns. Na próxima legislatura, será necessário fazer muito trabalho para regulamentar a área do jogo, porque nos últimos anos estivemos muito ocupados com a abertura do mercado. Há muitos problemas e é necessário controlá-los, e essas medidas devem partir da AL. Se tivermos muitos deputados que são empresários ligados ao jogo, então duvido que seja possível fazer o que é necessário. Por outro lado, estes patrões todos juntos são os maiores empregadores de Macau. Estando na Assembleia, até que ponto influenciam as questões relacionadas com os trabalhadores? Já se viu isso durante a discussão da lei laboral. Será muito mau se a Assembleia não tiver algum equilíbrio.
- Este ano temos também as eleições para o Chefe do Executivo, que poderão ser já entre Maio e Junho. Mas não há ninguém que tenha assumido publicamente disponibilidade para ser candidato. Já chegou a altura de alguém avançar e revelar as suas intenções?
A.L. – Se os candidatos quisessem conquistar a atenção e os votos da população, já deveriam ter assumido as suas intenções e deixado que as pessoas os avaliassem. A questão é que não precisam dos votos da população. Só precisam dos votos dos 300 membros do Colégio Eleitoral. É um jogo diferente.
- O jogo faz-se junto desses 300 eleitores.
A.L. – Sim. Depois, há que pensar que, depois do caso Ao Man Long, o Governo da RAEM ficou algo enfraquecido. Talvez o Governo Central não queira que os nomes sejam conhecidos publicamente cedo, porque ainda existe um ano para gerir e não é desejável ter um Governo que nada faça e fique a observar quem vem a seguir.
- O Ou Mun falava este fim-de-semana de “quatro candidatos mais um”: Ho Iat Seng, Ho Chio Meng, Chui Sai On, Francis Tam e Lionel Leong Vai Tac. Desde a sua vitória nas eleições para a Assembleia Popular Nacional que se fala na possibilidade de ter um cargo político e executivo, mas no domingo passado o Ou Mun lançou-o como provável candidato.
A.L. – É um nome que tem aparecido na lista. Há alturas em que Chui Sai On tem aparecido como sendo o candidato garantido, e as pessoas esquecem-se de outros nomes. Mas neste momento parece que nenhum deles é o favorito.
- Algumas pessoas entendem que o escândalo de corrupção de Ao Man Long levará Pequim a não optar por ninguém da actual equipa, o que afastará da corrida Chui Sai On e Francis Tam.
A.L. – Parece-me ser essa a questão chave. Se isso não for um problema para Pequim, então Chui Sai On é o candidato número um. Embora não esteja directamente associado ao caso Ao Man Long, a imagem de toda a equipa foi prejudicada. Chui e Tam foram ambos afectados.
- O processo de Ao Man Long teve efeitos exactamente opostos no caso de Ho Chio Meng, que saiu prestigiado com toda esta história. Mas há quem diga que falta ao procurador da RAEM experiência em termos políticos e administrativos. Concorda?
A.L. – Claro que ter experiência a esse nível será melhor, mas não me parece que isso seja o mais importante. Precisamos de saber que tipo de pessoa necessitamos para Chefe do Executivo. Precisamos de alguém que seja capaz de liderar uma equipa. Claro que é uma desvantagem não ter experiência na Administração, mas tem argumentos fortes que outros eventuais candidatos não têm.
- Mas há algum destes candidatos que preencha essa necessidade de termos alguém com capacidade de liderança e de mobilização de uma equipa?
A.L. – O problema é que, neste momento, nenhum deles está a mostrar as qualificações que tem. Não se afirmaram publicamente como candidatos e não estão a demonstrar às pessoas que têm confiança para liderar Macau. Se julgarmos só por aquilo que fizeram até agora, talvez os dois actuais secretários sejam aqueles que têm melhores qualificações. Mas ainda assim não são o tipo de pessoas que tenham concorrido a eleições e que façam discursos públicos sobre o que pensam, qual é a sua ideologia. A única coisa que nos dizem é quais são as políticas que o Governo vai pôr em prática. As dimensões que mostraram publicamente até agora não são suficientes para que possa fazer uma avaliação. Quando se fala nestes quatro ou cinco candidatos, costumo dizer que todos eles têm hipóteses, mas nenhum deles está garantido. Todos eles têm vantagens e desvantagens tão óbvias! Ho Iat Seng, por exemplo, tem como vantagem ser muito próximo ao Governo Central mas, por outro lado, não tem grandes ligações ao nível da sociedade local. Espero que, se algum deles estiver interessado, assuma a sua posição o mais cedo possível e tente conquistar a opinião do público por ele próprio e não por ter sido o que recebeu o aperto de mãos mais demorado de Xi Jinping. Embora não tenha direito a votar, seria bom que o candidato viesse a público dizer-me que vai ser ele o líder.
- Ou seja, que viesse ter com a população e lhe transmitisse confiança.
A.L. - Se algum deles quiser demonstrar que vai ser um líder responsável, deve assumir as suas intenções e deixar as pessoas saber o que pretende fazer.
- Julga que vamos ter mais do que um candidato, à semelhança do que aconteceu em 1999?
A.L. – Julgo que sim, que não será apenas um.
- Além da capacidade de liderança, que outras características deverá ter o próximo Chefe do Executivo?
A.L. – Deve ser alguém com visão para saber como integrar Macau no Delta do Rio das Pérolas. Precisa de compreender Macau o suficiente para saber porque é que Macau é único e tentar mantê-lo como o lugar especial que sempre foi. Precisamos de emergir no Delta do Rio das Pérolas com uma identidade única. Isso será muito importante.

"Quebras substanciais" no crescimento económico em 2008

Recessão vai chegar em Março

O crescimento económico de apenas 12 por cento em 2008 em Macau implica que no quarto trimestre do ano a economia tenha registado um crescimento negativo de 12,57 por cento, disse à agência Lusa o economista Albano Martins.
Na segunda-feira, o Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, disse aos jornalistas que as previsões económicas que apontavam para um crescimento da economia de apenas 10 por cento não se tinham confirmado tão negativas e que estimava um crescimento de 12 por cento para 2008.
Francis Tam não explicou as contas do Governo mas Albano Martins sustenta que os 12 por cento agora indicados pelo Executivo traduzem uma “desgraça” na economia com todos os sectores a registarem “quebras substanciais”.
“Um crescimento de apenas 12 por cento em 2008, significa que muitas dessas variáveis terão caído muito substancialmente e em alguns casos acima de 40 por cento, o que traduz um mau desempenho da economia e não deixa prever boas notícias para 2009”, considerou Albano Martins.
Para que no quarto trimestre a economia de Macau decresça apenas 0,6 por cento como previu em Novembro Albano Martins, era preciso que a formação bruta de capital fixo ou investimento tivesse caído 26 por cento, as exportações cerca de 26 por cento, as importações 15 por cento e os outros crescimentos fossem “positivos, mas mínimos”.
No primeiro, segundo e terceiro trimestres, a economia de Macau cresceu em termos reais, respectivamente, 32,3 por cento, 22,2, por cento e 11,3 por cento.
Perante o crescimento negativo no último trimestre de 2008 e perspectivas idênticas para o primeiro trimestre de 2009, a economia do território vai entrar em recessão técnica já no final de Março.


Director da Inspecção e Coordenação de Jogos minimiza riscos

Concorrência de Taiwan não assusta


A abertura de casinos em Taiwan vai trazer “mais concorrência” a Macau, mas o impacto no sector do jogo do território só será sentido no “médio ou longo prazo”, defendeu o director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos.
“A curto prazo não haverá qualquer mudança porque mesmo que sejam aprovados empreendimentos em breve o tempo de construção não irá provocar alterações imediatas”, defendeu Manuel Neves, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau.
O mesmo responsável sustenta que Taiwan “é mais um concorrente” para o sector do jogo em casino tal como “existem outros” na região e defende que qualquer impacto será “sempre no médio ou longo prazo”.
Salientando que as receitas dos casinos “são sempre importantes”, Manuel Neves recordou, no entanto, que Taiwan “não é o principal mercado de Macau” e que os casinos locais “ainda têm muitas zonas do continente chinês a explorar como potenciais turistas e clientes para os seus hotéis, casinos e espaços comerciais”.
Actualmente na região asiática, o jogo é legal em Macau, Filipinas, Coreia do Sul, Camboja e Vietname.
Singapura vai abrir os primeiros resorts de turismo e Jogo em 2010 enquanto Taiwan ainda não tem qualquer projecto em construção.
O parlamento de Taiwan aprovou segunda-feira legislação que permite a construção de complexos de turismo e jogo nas ilhas off shore de Penghu, no Estreito da Formosa, numa medida que os deputados do Kuomintang, que possuem a maioria, justificaram com a necessidade de desenvolver a região.

Editorial

Dúvidas

A anunciada crise, que era suposto chegar a Macau apenas em 2009, parece que já aí está, a avaliar pelas considerações que o economista Albano Martins teceu, a propósito de recentes declarações do secretário para as Finanças, Francis Tam, onde este referiu que a taxa de crescimento económico de Macau, em 2008, rondou os 12 por cento.
Ao que tudo indica, Macau já terá registado um crescimento negativo nos últimos três meses do ano passado. Porque, como salientou Albano Martins, os 12 por cento de crescimento anual referidos por Francis Tam obrigam a que o último trimestre de 2008 tenha sido uma desgraça completa. A verificar-se a mesma situação, no final do primeiro trimestre do corrente ano, o território entrará na situação que, tecnicamente, se designa por recessão.
Partindo do princípio de que o Governo está bem informado, haverá poucas dúvidas quanto ao facto de a actividade económica ter começado a abrandar, de forma algo brusca, em finais do ano passado. Não se percebe bem por que razão essa informação ainda não terá sido divulgada, de forma clara e sem subterfúgios.
A tendência para fugir às más notícias ou tentar disfarçá-las, salientando alguns aspectos mais positivos, nunca deu grandes resultados. E muito menos quando se trata de dados oficiais sobre um território com largos investimentos de empresas cotadas na bolsa.
Por outro lado, protelar a divulgação desse tipo de informações também não traz grandes vantagens e faz com que se levantem interrogações e se gerem rumores que, provavelmente, até serão destituídos de fundamento.
Além disso, quando a crise aparece, normalmente é o cidadão comum o primeiro a aperceber-se da sua chegada, reflectida nos aspectos mais práticos e concretos do seu dia a dia. Só depois disso é que as estatísticas oficiais se apercebem de que ela anda por aí.

Paulo Reis


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