1.27.2009

Nº 1706 - Terça-Feira 20 de Janeiro de 2009

Província de Guangdong vai apoiar empresas de Macau, Hong Kong e Taiwan

Mil milhões para o “Inverno” económico

Representam 67 por cento do investimento estrangeiro na província de Guangdong, desde que a reforma económica começou no final da década de 1970, e são mais de 122 mil. Macau, Hong Kong e Taiwan representam uma parte importante do tecido económico-empresarial da província chinesa, e daí a preocupação extraordinária em tempos de crise, explicam as autoridades.
De acordo com o jornal Ou Mun, o secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) em Guangdong, Wang Yang, anunciou que a província vai disponibilizar mil milhões de yuan para ajudar as empresas oriundas das duas regiões administrativas especiais e da ilha.
A decisão terá surgido na sequência de um seminário realizado em Dongguan que serviu para debater os efeitos da crise económica mundial na província chinesa, com enfoque nos investimentos feitos por Taiwan, Macau e Hong Kong. A reunião, que decorreu no final da semana passada, contou com a presença de membros do PCC provincial.
Wang Yang explicou que milhares de empresas das duas regiões administrativas especiais e da ilha estão já a ser severamente afectadas pelo contexto económico internacional. “É uma prioridade apoiar as empresas que resultam de investimentos destes três locais, de modo a que possam atravessar sem grandes dificuldades o “Inverno económico”, disse o responsável.

Macau, Hong Kong e Taiwan continuam a atrair turistas

A RAEM é o último dos mais preferidos

As viagens para Macau, Hong Kong e Taiwan continuam a ser populares entre os turistas da China Continental que se preparam para viajar durante o Ano Novo Chinês, indica um estudo de que o China Daily deu ontem conta.
Segundo a pesquisa citada pelo jornal estatal chinês, Hong Kong é o destino preferido pelos turistas da China Continental para viagens curtas dentro do país. A antiga colónia britânica reúne as preferências de sessenta por cento dos inquiridos. A seguir vem Taiwan, sendo que Macau ficou em último lugar do “top 3” de destinos para umas férias de curta duração.
“Nesta época de desafios económicos, os viajantes na China Continental andam à procura de formas de poupar dinheiro, optando por organizar viagens por eles mesmos e de duração menor”, afirmou Grace Pan, presidente da Nielsen China, a empresa responsável pelo inquérito realizado através da Internet.
Em Taiwan são aguardados pelo menos 10 mil turistas oriundos do Continente durante os feriados do Ano Novo Lunar, segundo as estimativas do presidente da delegação na ilha da Associação de Agências de Viagem da China.
Este número representa três vezes mais turistas chineses por dia do que aqueles que, desde 15 de Dezembro até à data, têm chegado a Taiwan. Recorde-se que foi em meados do mês passado que foram lançados os voos directos entre o Continente e a ilha.
As viagens de grupo para Taiwan estão já esgotadas. “Todos as 400 vagas de que dispúnhamos foram reservadas já há cerva de duas semanas. Temos pelo menos um grupo a sair todos os dias do Ano Novo Lunar com destino à ilha”, explicou Zhang Qingzhu, da China Comfort Travel.

Grupo de residentes apresenta hoje queixa em tribunal contra concessionária do jogo

O povo contra a Las Vegas Sands

Um grupo de residentes de Macau vai interpor hoje uma acção em tribunal contra a Las Vegas Sands. Numa campanha iniciada ontem, este grupo, que dá pelo nome de “Concerned Macau Residents Group”, aponta o dedo à empresa de Sheldon Adelson dizendo que não está a cumprir as promessas que fez. Para já, a Sands não reage.

Isabel Castro

Dizem ter um núcleo duro com mais de meia centenas de pessoas, todas elas residentes de Macau com interesses directos nos sectores do jogo e do imobiliário. Ontem lançaram uma campanha de recolha de assinaturas para uma petição destinada ao Chefe do Executivo. Alegam que, para já, não têm o apoio de “gente influente” da RAEM, mas esperam poder vir a contar com a solidariedade de quem mais manda no território.
“Isto é um movimento de residentes de Macau que são amigos e que foram afectados pelas acções da Sands”, explicou ao PONTO FINAL o presidente do “Concerned Macau Residents Group”, Ip Kim Fong, no final de uma conferência de imprensa organizada para apresentar este movimento cívico.
“Essencialmente, o grupo é constituído por pessoas que perderam o emprego nas indústrias do jogo e do imobiliário, e que estão preocupadas com as atitudes da Sands”, continuou Ip, que assegura não ter tido qualquer ligação à empresa de Shedon Adelson e apresenta o facto de ser residente de Macau como único dado de relevo para as suas funções de líder. Do seu cartão de visita não constam grandes informações: apenas o número de contacto e o escritório de advogados com quem está a trabalhar nesta acção contra a Sands.
O grupo de residentes preocupados entende que o Governo deve agir no sentido de proteger os cidadãos atendendo à presença da Sands em Macau. “É o que diz a Lei Básica – o Governo tem a obrigação de zelar pelos interesses dos residentes”, expõe Ip Kim Fong.
“A Sands fez muito dinheiro em Macau mas, em vez de concluir o trabalho no Cotai, parou de investir e redireccionou os seus recursos e dinheiro para Singapura. Os trabalhos vão ficar assim, por concluir, enquanto as pessoas perdem os seus empregos”, alega.

Das obrigações do Governo

Não obstante ser um grupo de residentes de Macau, o movimento liderado por Ip Kim Fong não vira as costas a quem, não sendo de cá, também se sente afectado pela conduta da Sands. “Não podem assinar a petição, mas estão a nosso lado e defendemos também os seus interesses”, vinca o presidente.
Até à próxima quinta-feira, o grupo está a recolher assinaturas para entregar uma petição ao Chefe do Executivo, que será também endereçada à presidente da Assembleia Legislativa. Para hoje está agendada a interposição de uma acção em tribunal contra a concessionária.
Mas o assunto não é para cair no esquecimento enquanto as autoridades governamentais e judiciárias avaliam o caso. “Vamos continuar a convidar as pessoas de Macau a irem ao nosso site e a fazerem o download da petição. Esperamos que muitas pessoas assinem”, sublinha o responsável.
A avaliar pelo site, em www.macauresidents.com, estes residentes que agora se rebelam contra a empresa do multimilionário Sheldon Adelson estão bem organizados.
O sítio na Internet, com versões em língua inglesa e chinesa, dispõe de informações várias, desde uma apresentação do movimento ao conteúdo da petição, incluindo ainda um texto em que são expostas as razões pelas quais os residentes de Macau devem aderir à causa. Mas é um movimento que, na sua versão online, não tem uma identidade assumida.
O grupo expõe os argumentos que constam da queixa a remeter ao Governo da RAEM, começando por explicar que “as acções da Sands vão causar prejuízos à economia de Macau e à população de Macau”. Depois, alega que “os trabalhos incompletos no Cotai podem acabar por ser elefantes brancos e serem um fardo para a população de Macau, ocupando grandes extensões de terreno escasso e valioso”.
O movimento entende que o Governo tem a obrigação de investigar a queixa a apresentar e rever o tratamento e a concessão dada à Sands, vendo de que modo tem a concessionária cumprido o contrato firmado com a RAEM.
Estes residentes defendem igualmente que compete ao Executivo evitar que “a Sands desvie os seus lucros e dinheiro feitos em Macau para completar o projecto de Singapura a não ser que a empresa coloque de lado fundos suficientes para completar primeiro o seu projecto no Cotai”.
No site, que à hora de fecho desta edição contava com mais de 1600 visitas, o grupo reitera querer juntar o maior número de assinaturas de residentes e de empresários para enviar ao Governo, de modo a que este possa rever a sua relação com a Sands e “cancele rapidamente as concessões de terrenos” garantidas à concessionária. Estas “devem ser novamente atribuídas, por concurso público, a quem der mais, de modo a que a população não tenha seja sobrecarregada com as obras incompletas da Sands e o abandono dos trabalhos no Cotai”.

Silêncio até ver

Para já, a Sands prefere não tomar qualquer posição em relação ao aparecimento deste grupo nem quanto à notícia que dá conta da interposição de uma acção junto dos tribunais da RAEM.
“Estamos a estudar o assunto”, disse ao PONTO FINAL um porta-voz da concessionária, que preferiu não se alongar em explicações.
A Las Vegas Sands foi a primeira concessionária do jogo a demonstrar não estar preparada para a crise financeira internacional. Ainda pouco dela se falava quando, em Novembro passado, anunciou a suspensão das obras no COTAI e despediu 11 mil trabalhadores. Destes, dois mil são residentes de Macau.


Capital chinesa tem duas dezenas de igrejas

Católicos em Pequim são cada vez mais

A comunidade católica de Pequim, estimada em cerca de 55.000 fiéis, está a crescer, reflectindo o aumento da liberdade individual da população chinesa, revelou ontem um jornal oficial.
“Pequim necessita de mais locais de culto. O número de católicos em Pequim é de 50.000 a 60.000, mas temos apenas 20 igrejas, oito no centro e 12 nos arredores”, disse o padre Mattews Zhen Xuebin, secretário-geral da diocese de Pequim, citado pelo jornal China Daily.
“O número de católicos cresce à medida que as pessoas têm mais liberdade para escolher a sua religião… e porque há cada vez mais estrangeiros a vir para Pequim”, acrescentou.
Segundo o mesmo jornal, o governo municipal tenciona restaurar 12 igrejas, mesquitas e templos da cidade, incluindo a Igreja de Changxindian, no sul da cidade, que nos anos 1950 foi transformada em armazém.
A reconstrução daquela igreja, orçada em 12 milhões de yuan (1,3 milhões de euros), foi classificada como um dos projectos prioritários do município e corresponde “à política do governo central de devolver gradualmente aos locais de culto a sua antiga grandeza”.
O município de Pequim, um dos quatro directamente dependentes do governo central e com o estatuto idêntico ao de uma província, tem cerca de 17 milhões de habitantes e uma área equivalente a mais de metade da Bélgica.
Em toda a China haverá cerca de 12 milhões de católicos, divididos entre a Igreja Patriótica, cujos bispos não são nomeados pelo Vaticano, e a chamada Igreja Subterrânea, que continua a obedecer ao Papa.
Analistas ocidentais estimam que, antes da tomada do poder pelo Partido Comunista Chinês, em 1949, haveria apenas cerca de 4,5 milhões de católicos na China.
Oficialmente, o número de crentes na China rondará os cem milhões – menos de dez por cento da população. O catolicismo figura em terceiro lugar, depois do budismo e do Islão.

Pequim confirma nova infecção por H5N1

Gripe das aves faz segunda vítima mortal

As autoridades chinesas confirmaram, este domingo, o segundo caso mortal relacionado com o vírus H5N1, a variante mais letal da gripe das aves, no país, desde o início do mês. A vítima, uma mulher de 27 anos, era natural da província de Shandong, e o anúncio da sua morte ocorreu no mesmo dia em que Pequim revelou que uma menina de dois, de Shanxi, estava internada em estado critico, depois de ter sido infectada com o mesmo vírus.
A jovem, de apelido Zhang, residia na cidade de Jian, capital da província de Shanxi. De acordo com os relatos das autoridades sanitárias da região, veiculados pela agência oficial de noticias do país, a jovem sentiu os primeiros sintomas a 5 de Janeiro, tendo falecido na noite do passado sábado.
No domingo, o Centro Nacional de Controlo e Prevenção de Doenças confirmava oficialmente a causa da morte, como estando directamente relacionada com o H5N1. Nesse mesmo dia, as autoridades colocaram de quarentena todas as pessoas que tiveram contacto com a vítima, mas nenhuma apresentou qualquer sinal de infecção.
Segundo a Xinhua, a mesma medida foi adoptada no caso da criança de Shanxi, não havendo igualmente notícias de que as pessoas próximas da menina aparentem sintomas da doença. A criança, de apelido Peng, adoeceu no passado dia 7 em Hunan e foi levada, primeiro, para um hospital em Shanxi, província de onde é natural. Contudo, devido ao agravar da sua situação, foi transferida para outro hospital, informou o Ministério da Saúde, através de uma declaração na sua página electrónica.
Nessa declaração, o Ministério referia já ter notificado a Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como as autoridades de alguns países e das regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
Com os casos conhecidos no domingo, sobe para três o número de pessoas infectadas com a gripe das aves no país, desde o início de 2009.
Nos primeiros dias de Janeiro, as autoridades de saúde revelaram que uma mulher infectada com o vírus da gripe das aves morreu em Pequim depois de ter comprado patos num mercado na província de Hebei, nas imediações da capital, o que levou a inspecções nos mercados que comercializam aves.
Os peritos não se mostraram surpreendidos com o caso, lembrando que estamos na época em que o vírus se encontra mais activo, por causa do tempo frio, entre Outubro e Março, mas consideraram que houve uma falha no controlo da venda de aves.
Por essa razão, e por se estar a aproximar o Ano Novo Lunar, período em que, por tradição, os mercados chineses registam um acentuado aumento no número de aves vendidas, as autoridades de saúde do país aconselham a população a tomar medidas preventivas, de forma a minimizar os riscos de infecção.
Desde 2003, foram registados na Ásia 391 casos de H5N1 em humanos, sendo que deste total morreram 247 doentes, revelou a OMS em meados de Dezembro último.
Com estes novos casos, a China contabiliza 32 casos de gripe das aves em pessoas, com mais de 21 delas a não terem resistido ao vírus.


Editorial

Reacção

À primeira vista, poderá parecer algo excessiva a reacção do grupo de cidadãos que ontem veio a público manifestar o seu desagrado com a actuação da operadora norte-americana Las Vegas Sands. Numa economia como a de Macau, onde mandam as regras do capitalismo, as empresas são livres de gerir o ritmo e o destino dos seus investimentos, desde que cumpram aquilo a que contratualmente estão obrigadas. E nesta matéria, nada indica - para já - que o governo tenha falhado a sua obrigação de fiscalizar os acordos que fez com a operadora em questão.
Mesmo assim, será curioso ver quais os argumentos avançados na queixa que o grupo prometeu apresentar hoje, em tribunal - até porque a forma como esta iniciativa foi lançada revela alguma preparação prévia.
Por outro lado, a Sands não terá sido a única empresa a colocar um travão aos seus projectos e planos de expansão ou a optar por reduções salariais para equilibrar as contas. Mas foi, sem dúvida, aquela que mais deu nas vistas, pela ambição demonstrada e pela dimensão da travagem, quando a torneira do crédito bancário começou a pingar menos.
Numa sociedade onde faltam mecanismos de equilíbrio das tensões sociais, sobretudo na área laboral - sindicatos, mais concretamente - é fácil que o cidadão comum se sinta ultrapassado pelos poderes instituídos e pelos interesses empresariais. Poderemos juntar a isso o facto de a população se ver pouco representada na Assembleia Legislativa e ter alguma dificuldade em exprimir o seu descontentamento, sem ser acusada de estar a perturbar o desenvolvimento harmonioso do território.
Quanto à Las Vegas Sands, pode dizer-se que quem semeia ventos, colhe tempestades.

Paulo Reis

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