1.27.2009

Nº 1705 - Segunda-Feira 19 de Janeiro de 2009

IAS refere défice de 500 camas

Lares para idosos são poucos

Macau tem um défice de 500 camas nos lares para idosos. As contas são do Instituto de Acção Social e explicam-se, segundo Ip Peng Kin, com o envelhecimento da população. O responsável máximo do IAS sublinha que devido a esse factor, o número de pessoas a procurar os serviços de lares tem vindo a crescer, sendo que os 19 lares, privados ou subsidiados, existentes em Macau têm capacidade para albergar 1357 pessoas.
Um número insuficiente em 500 vagas, refere Ip Peng Kin, para albergar os cerca de 1900 idosos que se estima venham a precisar de recorrer a serviços de lares, pelo que, garante, o governo vai aumentar o número de vagas nos lares. Macau tem actualmente 38 mil pessoas com 65 anos ou mais, e os dados estatísticos mostram que, a nível internacional, cinco por cento da população dessa faixa etária acaba por solicitar os serviços prestados pelos lares.
Em resposta a uma interpelação de Chan Meng Kan, o presidente do IAS acrescenta que, com o objectivo de satisfazer as necessidades de assistência médica por parte dos idosos, os Serviços de Saúde têm colaborado com as associações cívicas, de foram a que aumentar o número de camas de reabilitação para internamento. Ip Peng Keng recorda que aqueles Serviços atribuíram um subsídio a uma associação cívica para a construção de um hospital de reabilitação, que permitirá que o número de camas disponíveis passe das actuais 23 para 100, possibilitando, dessa forma, a transferência dos doentes com alta hospitalar. Uma forma, considera, "de satisfazer a procura por parte dos cidadãos e dos idosos".
Ip Peng Keng adianta que o Executivo irá proceder à apreciação dos planos apresentados por investidores privados para a criação de lares, de acordo com a lei. O presidente do IAS enfatiza ainda que, conforme o planeado, o Governo irá criar dois novos lares de cuidados para idosos com uma lotação total de 300 lugares e ainda com capacidade de prestar serviços de cuidados diurnos a 80 utentes, bem como estudar a reconstrução gradual de alguns lares de idosos, optimizar as condições dos serviços e aumentar o número de vagas nos lares.

Chan Lin Ian é arguido num processo conexo ao de Ao Man Long

Interpol anda à procura de familiar de Edmund Ho

É mais um mandado de captura relacionado com o escândalo de corrupção protagonizado pelo ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas. O South China Morning Post avançou ontem que a Interpol anda no rasto de um familiar de Edmund Ho. O PONTO FINAL sabe que Chan Lin Ian é um dos 11 arguidos do processo de Pedro Chiang.

Isabel Castro

E já lá vão seis. Depois dos mandados de captura relativos à mulher de Ao Man Long, aos empresários Pedro Chiang e Ho Meng Fai, e a Lei Leong Chi, amigo do ex-secretário, a Interpol lançou agora um “alerta vermelho” em busca de Chan Lin Ian, cunhado do irmão do Chefe do Executivo.
A organização internacional anda também à procura da mulher de Chan, Lam Man I, sendo que ambos são suspeitos de branqueamento de capitais no escândalo de corrupção que teve Ao Man Long como protagonista, conforme avançou o Sunday Morning Post na edição de ontem.
De acordo com o matutino de Hong Kong, a Interpol lançou um “alerta vermelho” em relação a Chan - o procedimento destina-se a ajudar a polícia local a encontrar o suspeito e a extraditá-lo para a jurisdição que requereu o mandado. O site da Interpol diz que Macau emitiu um mandado de captura de Chan Lin Ian, de 53 anos de idade.
O South China Morning Post (SCMP) tinha dado conta, em Abril do ano passado, de que Chan era suspeito de envolvimento no caso de Ao. Na edição de ontem, o jornal explica que a empresa de Chan, a Shun Heng Construction, começou a ser investigada no ano passado por causa de três empreitadas públicas que levou a cabo entre 2003 e 2006.
Chan Lin Ian terá, segundo o SCMP, subornado Ao Man Long nos projectos de renovação da Praça do Tap Seac, de edificação do complexo desportivo da Escola Sir Robert Ho Tung e de construção do parque subterrâneo Vasco da Gama.
O jornal destaca que foi Edmund Ho a aprovar a celebração dos contratos com a Shun Heng. Mas não diz que compete ao Chefe do Executivo assinar os despachos cujas alçadas estão acima das legalmente atribuídas aos secretários.
Com efeito, a celebração do contrato para execução da empreitada de “Requalificação da Zona do Tap Seac” resulta de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo em 2005. O South China cita o Comissariado contra a Corrupção para explicar que neste projecto, que custou aos cofres do Governo 150 milhões de patacas, terão estado envolvidos 7,6 milhões de dólares de Hong Kong em subornos a Ao.
Ainda segundo o matutino da região vizinha, Chan estava entre treze suspeitos cujos casos foram enviados pelo CCAC para o Ministério Público em Abril passado.

Suspeitos a monte

O PONTO FINAL sabe que o cunhado do irmão de Edmund Ho é um dos arguidos de (mais) um processo conexo ao do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, que já está nos tribunais e que envolve 11 suspeitos, entre eles a mulher de Chan, Lam Man I, e o amigo de Ao, Lei Leong Chi (ambos procurados pela Interpol).
Neste caso estará ainda envolvida a mulher do ex-governante, Chan Meng Ieng, que se encontra também em parte incerta e que foi, no ano passado, no âmbito do primeiro processo conexo, condenada a uma pena de 23 anos de prisão efectiva.
Do processo faz ainda parte Pedro Chiang, cujo paradeiro se desconhece igualmente. Ou seja, caso vá avante e os órgãos criminais internacionais não sejam capazes de encontrar estes cinco suspeitos a tempo, é bem provável que o caso seja avaliado pelos tribunais da RAEM com, pelo menos, cinco arguidos ausentes.
O caso Ao Man Long fez com que tivessem sido já condenados a penas de prisão quatro empresários, em dois processos diferentes, sendo que, tanto quanto é do conhecimento público, apenas um deles, o administrador da CSR – Macau, está já a cumprir a pena que lhe foi aplicada. Frederico Nolasco da Silva deu entrada na passada semana no Estabelecimento Prisional de Macau.
No âmbito do escândalo de corrupção do ex-secretário, condenado a 27 anos de prisão em Janeiro de 2008, foram ainda condenados por branqueamento de capitais três familiares seus – o pai, o irmão e a cunhada.

Stanley Ho prevê quebras na indústria do jogo

Receitas vão cair 20 por cento


O magnata do jogo Stanley Ho prevê que as receitas dos casinos de Macau vão cair cerca de 20 por cento em 2009 e que a sua Sociedade de Jogos deverá manter “mais ou menos” a mesma quota de mercado.
“Penso que as receitas de jogo vão cair cerca de 20 por cento em 2009 e penso que poderemos manter mais ou menos a mesma quota de mercado”, disse Stanley Ho, à margem da cerimónia de atribuição de condecorações pelo Governo à sociedade civil.
Em 2008, as receitas dos casinos de Macau fecharam o ano com receitas brutas de 108.772 milhões de patacas, mais 31 por cento do que em 2007.
Em todo o sector - casinos, lotarias e apostas várias - o jogo encerrou com receitas brutas de 109.826 milhões de patacas.
Já sobre a quota de mercado dos operadores, a Sociedade de Jogos de Macau de Stanley Ho continua a liderar o mercado e cinco anos depois da liberalização de facto com a abertura de casinos de terceiros operadores fechou 2008 com uma quota de 26,5 por cento, mais 2,5 pontos percentuais do que a Las Vegas Sands, a sua mais directa concorrente e que ficou na segunda posição.
A Wynn Resorts registou uma quota de ligeiramente superior a 16,5 por cento, seguida da Melco/PBL com pouco mais de 14 por cento, Galaxy Resorts com 10,5 por cento e MGM com oito por cento.

Dono do Banco Delta Ásia quer indemnização

Stanley Au processa governo

O dono do Banco Delta Ásia, que em 2005 foi acusado pelas Estados Unidos de ser um aliado norte-coreano na lavagem de dinheiro, interpôs uma acção judicial contra a administração de Macau, disse à Agência Lusa fonte judicial.
A fonte explicou que a acção de Stanley Au Chong Kit contra a Administração, apresentada em meados de Novembro de 2008, contesta as medidas excepcionais de supervisão ao banco impostas por despacho do Chefe do Executivo em 2007, depois de dois anos de intervenção governamental na instituição financeira.
Na mesma acção, Stanley Au refere que o chefe do Executivo se comprometeu a atribuir-lhe, a título de indemnização pela intervenção no banco, um total de 200 milhões de patacas (cerca de 18,34 milhões de euros), acrescentou a mesma fonte.
Questionado pela Lusa sobre a acção judicial, Stanley Au Chong Kit, que em 1999 concorreu contra Edmund Ho para o lugar de chefe do Governo, explicou que “é uma reacção legal às medidas tomadas pela Autoridade Monetária”, mas sobre o pedido de indemnização foi lacónico: “não quero comentar”.
A Lusa contactou telefonicamente a Autoridade Monetária de Macau, mas um dos membros do Conselho de Administração recusou fazer qualquer comentário a questões que não fossem colocadas formalmente à instituição.
No início da semana, o chefe do Executivo revogou, em Boletim Oficial, os despachos de 2007 que autorizavam a Autoridade Monetária de Macau a “praticar os actos ou medidas adequadas à gestão sã e prudente do Banco Delta Ásia”.
Edmund Ho revogou ainda um outro despacho de autorização de apoio financeiro da Autoridade Monetária ao Delta Ásia, decidido após o fim da intervenção governamental e para garantir a estabilidade da instituição.
O Delta Ásia foi acusado no final de 2005 pelos Estados Unidos de ser um suporte no sistema financeiro das actividades ilegais do regime norte-coreano, que provocou uma corrida ao banco e a intervenção do Executivo de Macau durante dois anos.
Impedido de realizar transacções no mercado internacional pelas autoridades norte-americanas, o Delta Ásia tem a sua actividade confinada ao território de Macau e apenas na moeda oficial do território e, de acordo com fontes do sector bancário, opera com prejuízos.


Investigador português lança livro sobre a China

"Modelo chinês de desenvolvimento é viável"

Chama-se Carlos Frescata, estudou, casou e tem projectos na China. Critica os ecologistas do ocidente que tanto atacam a realidade ambiental chinesa. E diz acreditar no futuro deste país.


João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com


Foi um dos primeiros cientistas portugueses, pós reabertura das relações diplomáticas, a estudar e a investigar na China e foi dos primeiros portugueses a abrir uma empresa na China. Década e meia depois continua muito envolvido, como o provam os seus livros.
Carlos Frescata, com um doutoramento em engenharia agrónoma, andou no início da década de 90 pela China, investigando na sua área de interesse: a agricultura biológica. Lá conheceu a sua actual mulher e fundou uma empresa que se dedicava a produzir medicamentos na China.
Hoje continua a dedicar-se à agricultura biológica e mantém o mesmo fascínio pela China. Já não tanto pelo seu modelo de desenvolvimento, mas pela esperança que o povo chinês lhe dá.
Carlos Frescata tem 47 anos, fundou e lidera a Biosani e conversou com o PONTO FINAL a propósito, também, do seu novo livro «A China obriga-nos a mudar» (já em 1997 tinha lançado «Green China», um roteiro sobre a China ambiental e sustentável).

Um sonho antigo

PONTO FINAL – o que é que aconteceu nem 1992 para se decidir pela China?
Carlos Frescata – Em meados de 1992, com 31 anos, estava em Portugal, vindo da Universidade Agrícola de Wageningen, na Holanda, em trabalho de investigação no âmbito do meu doutoramento em Agronomia. Era bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e queria desesperadamente conhecer a China, onde desde 1978 sabia que se estava a decidir o futuro ambiental do planeta. Consegui que fosse aceite incluir este país na minha pesquisa e parti para lá em Outubro desse ano, com uma recomendação de um instituto internacional com sede na Grã-Bretanha, a qual me possibilitou a abertura de portas, na época extremamente difíceis de abrir.
PF – Diz que estava convencido que o modelo socio-económico ocidental estava esgotado; o modelo chinês é viável?
CF – Tinha chegado à conclusão nesse ano, vivendo na Holanda, que a capacidade regenerativa da sociedade de consumo, através de uma economia de mercado em que os consumidores esclarecidos pudessem influenciar a produção no sentido de um caminho ambientalmente sustentável, não tinha passado duma ilusão pela qual eu tinha lutado e que tanto tinha querido projectar durante a minha adolescência e década dos 20 anos. Tinha a certeza que mesmo esses “esclarecidos” querem quase sempre o mesmo que os outros: preços baixos e conforto. Portanto, o sistema entraria inevitavelmente em colapso ecológico.
Queria então ver como a grande nação do mundo estava a viver o seu “socialismo de mercado”, isto é, como estava a construir a sua sociedade de mercado, uma novidade após séculos de isolamento e décadas de planeamento central maoísta. Mal entrei, a partir de Macau, na província de Guangdong constatei logo como a China estava a contribuir dum modo explosivo para o acelerar do fim deste sistema iniciado no Ocidente, com as suas revoluções industriais do séc. XIX, agora vividas à chinesa intensamente no final do séc. XX.

O futuro decide-se na China

PF – Em 1992 seria muito insólito, para um português, escolher-se a China para um doutoramento; qual o papel da realidade chinesa nos seus estudos graduados?
CF – A minha tese de doutoramento era sobre agricultura biológica e como queria investigar a China, por saber que o nosso futuro comum se estava ali a decidir e por, sinceramente, desde há muitos anos, principalmente desde uma estadia minha na Índia em 1983, querer decididamente entrar neste país, o qual para mim constituía a “última fronteira”, projectei argumentação coerente para o incluir na minha tese. A intensidade da minha motivação era tão grande que tal plano foi aceite no Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa).
PF – Mas a sua tese de doutoramento não é sobre a realidade chinesa, certo?
CF – A China não representou a totalidade do objecto de investigação do meu doutoramento, mas sim um dos três capítulos, com o título “Perspectivas para a Limitação de Pragas do Algodão em Agricultura Biológica na China”. Foi apresentada e aprovada em 2001, embora a investigação tenha terminado em 1998.

Aproveitar a ideia
do Fórum Macau

PF – Diz que está apostado em investigar as oportunidades que se abrem para Portugal com o Fórum Macau; de que forma isso se pode e consegue concretizar?
CF – Actualmente, os meus destinos de viagem como empresário são principalmente o Brasil e Angola e então é natural que comece a estar mais atento à estratégia chinesa nestes dois gigantes lusófonos. O modo como a China está a encarar o mundo lusófono, como uma unidade cultural, é um forte contributo para que o “Portugal global” persista sem já necessitar do ausente e, no mínimo, distraído Portugal europeu. Esse novo Portugal global, por onde a China passe, vai ser construído com a participação de novos cidadãos que embora de feições do Extremo-Oriente, por vezes já misturadas com as locais, trarão necessariamente consigo uma cultura lusófona. Deste modo, sairá enriquecida a civilização lusófona.
PF – Continua a pensar que o mundo depende grandemente do futuro da China?
CF – Sem dúvida. Basta multiplicar a sua população pelo seu crescimento económico. Mesmo que não se fale momentaneamente dessa importância, ela continuará a exercer a sua acção determinante. É algo incontornável e inevitável. Quer para o mal, quer para o bem.
PF – Diz que o livro tem a intenção de sugerir perspectivas optimistas; é um optimista?
CF – Na minha adolescência e juventude era optimista de um modo natural. Depois, durante parte dos meus 30 anos fui pessimista, porque me considerava realista. Quando se chega à década dos 40 anos, se se quer continuar a viver com alguma alegria e intervenção construtiva tem que se descobrir como ser optimista, mesmo que seja por obrigação e um pouco desonestamente do ponto vista intelectual. Mas quem ganha com uma honestidade intelectual, pessimista porque realista? Na China, por exemplo, com toda a sua dramática crise ambiental, encontro a minha solução para ser optimista numa profunda esperança na sua juventude, sonhadora e auto-confiante.
PF – Quer explicar-nos a ideia, de que fala no livro, de eco-hipócritas relativamente à China?
CF – Considerando que a pegada ecológica nos EUA e UE é, respectivamente, seis e três vezes superior à da China e que no planeta a pegada ecológica já ultrapassou a sua biocapacidade, as atitudes dos apelidados ambientalistas ocidentais, também estes com pegadas ecológicas superiores às da China e de valores suportáveis pela biocapacidade média da Terra, revelam a sua “eco-hipocrisia”. É algo incómodo que com os meus dois últimos livros verifiquei que os ambientalistas/ecologistas ocidentais, habituados a debitar lições de bom comportamento (para os outros), não conseguem sequer começar a querer analisar, quanto mais aceitar.

As empresas

PF – Em concreto, o que faz a Biosani na relação com a China?
CF – A Biosani actualmente está a tentar exportar para a China vinho e azeite, portugueses, de agricultura biológica. Por outro lado, estamos sempre a preparar oportunidades para projectos de informação, de cariz ambientalista, que possam circular no interior da China. O Green China, por exemplo, foi autorizado a entrar neste complexo país.
PF- O projecto (de informação, com uma revista) Green China tem objectivos mais informativos (sociais) do que comerciais?
CF – Sim, é verdade. No entanto, como as vendas não decorreram tão bem como planeado o projecto será convertido de modo a ser suportado por publicidade, embora esta seja de cariz informativo.
PF – A sua actividade profissional está concentrada (directa ou indirectamente) na China ou tem outros interesses?
CF - A principal fonte de rendimentos da minha empresa – Biosani – é o mercado português, secundada desde 2008 pelo espanhol com produtos oriundos do Brasil. No entanto, procuramos sempre o desenvolvimento noutros mercados: China, Brasil e África lusófona.
PF – O que faz(ia) a Beijing Biosani? AInda existe?
CF – A Beijing Biosani, fundada em 1996, começou por fabricar medicamentos, em Pequim, por ser a actividade que o meu cunhado, nela envolvido, já desenvolvia. Actualmente, embora ainda exista, tem uma actividade comercial muito reduzida, aguardando uma revitalização.

Casamento na China

PF – Que ideia guarda de Macau?
CF – Estive somente uma semana em Macau, em 1992, antes de entrar pela primeira vez na China, através das Portas do Cerco. Como todos nós portugueses, julgo também que as potencialidades são enormes para uma intervenção lusa no gigante onde está integrado, invejáveis por qualquer outro país, mas para tal é preciso que os portugueses tenham a audácia mínima de não continuarem aí acantonados, sem intervirem na China, a recordarem façanhas épicas dos seus antepassados das quais frequentemente já não merecem ser herdeiros.
PF – Porque é que nunca mais voltou à universidade?
CF – Adoraria desenvolver actividade de investigação e de docência universitária, mas estando actualmente a viver em Portugal, tal revela-se impraticável devido ao meio universitário português estar dominado por aqueles que não conseguem, ou não querem, trabalhar na vida profissional real e estão aí refugiados, através de redes de interdependência e de subserviência, esperando não serem perturbados na sua frequente mediocridade de ideias e conhecimentos.
PF – O seu casamento com uma cidadã chinesa mudou a sua vida ou apenas acentuou/confirmou aquilo que já se desenhava?
CF – Mudou e acentuou. Como em qualquer casamento, julgo eu, pois foi até agora o meu único, tudo muda, mas neste caso dum modo bastante acentuado, porque não é propriamente muito comum a existência de casais luso-chineses. Tudo à volta das nossas vidas passa um pouco a girar em função dessa nova realidade diferente do resto da sociedade. As opções passam a ser ainda mais vincadas pois não se está tão inserido nas rotinas sociais.

Autoridades já confirmaram o caso

Criança contaminada com gripe das aves na China

Uma menina de dois anos encontra-se em estado crítico num hospital no Norte da China na sequência da infecção pelo vírus H5N1, avançou ontem a agência de notícias oficial chinesa. É o segundo caso de gripe das aves em humanos no país no espaço de apenas duas semanas.
A doente, de apelido Peng, adoeceu no passado dia 7 em Hunan e foi levada para um hospital em Shanxi, província de onde é natural, explicou a Xinhua, citando um funcionário não identificado do departamento de saúde provincial.
O Ministério da Saúde não precisou de que forma a menina ficou infectada. Desde Maio de 2007 que não havia notícias de casos de gripe das aves em Hunan.
Numa declaração transmitida no site do Ministério da Saúde, o responsável pela pasta informou que a criança foi transferida para outro hospital depois de os sintomas se terem agravado. A confirmação de que está infectada com H5N1 foi feita no passado sábado.
“Neste momento, o estado da menina é crítico. Os serviços de saúde estão a lutar para a salvar com a ajuda de uma equipa de peritos”, acrescentou o ministro. “Todas as pessoas que tiveram contacto próximo com ela estão a ser observadas. Até agora, não foram detectados quaisquer sintomas fora do normal”, disse, acrescentando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi notificada, bem como as autoridades de alguns países e das regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
A OMS confirmou que a China comunicou o caso, mas não disponibilizou mais detalhes. “Estamos em contacto permanente com o Ministério da Saúde”, disse uma porta-voz da OMS à agência Reuters.
Depois de quase um ano sem qualquer caso de H5N1 em humanos, a China registou dois em outras tantas semanas.
No início deste mês, as autoridades de saúde revelaram que uma mulher infectada com o vírus da gripe das aves morreu em Pequim depois de ter comprado patos num mercado na província de Hebei, nas imediações da capital, o que levou a inspecções nos mercados que comercializam aves.
Os peritos não se mostraram surpreendidos com o caso, lembrando que o vírus está mais activo durante o tempo frio, entre Outubro e Março, mas consideraram que houve uma falha no controlo da venda de aves.
O Ministério da Agricultura afirmou na passada semana que não foi encontrado qualquer caso de H5N1 em aves em Pequim ou nas áreas circundantes durante as investigações feitas após a morte da mulher.
Desde 2003, foram registados na Ásia 391 casos de H5N1 em humanos, sendo que deste total morreram 247 doentes, revelou a OMS em meados de Dezembro último.
Com este novo caso, a China contabiliza 32 casos de gripe das aves em pessoas, com mais de 21 delas a não terem resistido ao vírus.

Editorial

Avisos

Com a experiência de quem anda nisto há muitos anos, o responsável da Sociedade de Jogos de Macau deixou bem claro que está à espera de um ano mau para o negócio, ao vaticinar uma quebra de 20 por cento nas receitas do jogo, em 2009. Aquilo que inicialmente se admitia vir a ser uma simples abrandamento da economia começa agora a ganhar contornos mais preocupantes, à medida que o impacto da crise financeira internacional se vai reflectindo por todo mundo.
Fazendo um pouco jus ao velho ditado de que há males que vêm por bem, a crise terá a virtude de vacinar os futuros responsáveis do governo local contra o optimismo algo irrealista que orientou a política para o sector do jogo, durante os últimos anos.
O facto é que alguns dos investimentos pouco cautelosos em que várias operadoras se lançaram mereceriam uma avaliação mais prudente e uma decisão menos precipitada, da parte do governo, se os critérios para autorização de novos casinos tivessem em conta a capacidade do território em absorver o fluxo de gente necessário para os viabilizar.
Outro aspecto positivo terá a ver com a sempre adiada diversificação da economia local, tão repetidamente anunciada, mas sempre adiada. Sendo certo que a crise chega a todos os sectores, também é verdade que a área do entretenimento é, regra geral, das primeiras a ser atingida e das últimas a recuperar. Pode ser que a crise convença, finalmente, os empresários locais a investir a sério noutro tipo de actividades, com maior capacidade para resistir a este género de "tsunamis".
E já agora, embora os políticos e os homens de negócios tenham uma linguagem diferente, quando se trata de falar da crise, também seria interessante saber se o governo concorda com as previsões de Stanley Ho.

Paulo Reis


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