DSAT quer importar sistema coreano de controlo de tráfego
Sistema inteligente de comunicação chega aos autocarros
A DSAT quer dotar as paragens de autocarro com um sistema de comunicação que permite aos passageiros saber quanto tempo vão ter que esperar pelo transporte.
Rui Cid
É a resposta encontrada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para solucionar um dos problemas que mais queixas provoca por parte da população: a (pouca) frequência com que os autocarros passam em cada paragem. O sistema inteligente de comunicação, semelhante ao usado em vários países europeus e asiáticos e que permite que os passageiros nas paragens de autocarros saibam quanto tempo de espera têm ainda pela frente, irá, de acordo com o director da DSAT, possibilitar que as companhias tenham um maior controlo sobre a localização exacta dos veículos, podendo, dessa forma, maximizar a gestão da sua frota.
"Através do GPS e de ligação sem fios, consegue-se saber exactamente em que ponto da cidade estão os autocarros. É um sistema que poderá ajudar, inclusive, a resolver os problemas de trânsito da cidade", explicou o mesmo responsável.
Em conferência de imprensa, Wong Wan revelou que o sistema a adoptar na RAEM será muito semelhante ao usado em Seul, cidade onde esteve recentemente uma delegação da DSAT.
Questionado pelos jornalistas, o director explicou que a implementação deste sistema na RAEM está, segundo o director, dependente da realização de um estudo de viabilidade que será iniciado muito em breve. Contudo, Wong Wan adiantou ainda acreditar que até ao final do ano, o sistema possa ser uma realidade na RAEM.
Da capital da Coreia do Sul, a delegação da DSAT trouxe ainda outras duas sugestões para o futuro: Um sistema de tarifas conjuntas entre metro e autocarros e reservar vias exclusivamente para os transportes públicos. Esta ultima medida será, reconhece Wong Wan, muito difícil de aplicar em Macau devido às características da cidade.
"Não podemos comparar Seul com a RAEM. Aqui é raro termos estradas com duas vias para cada sentido. Lá eles têm 3 ou 4 vias para cada sentido, podendo, sem problemas, reservar uma delas para os transportes públicos. Mas acredito que nas zonas novas, como o COTAI, poderemos vir a implementar esta medida", afirmou.
Avaliação não satisfaz
A conferência de imprensa de ontem, serviu igualmente para a DSAT fazer um ponto da situação das actividades que tem vindo a realizar desde a sua criação, o ano passado. Baseando-se nos resultados de um inquérito recentemente realizado, Wong Wan admite que a situação do transportes públicos em Macau "não é satisfatória".
De acordo com o estudo, que abrangeu um universo de mais de 800 pessoas, a população de Macau dá nota negativa a vários aspectos relacionados com os serviços de autocarros, nomeadamente no que diz respeito à sua frequência e aos trajectos percorridos.
Outra das queixas levantadas pelos cidadãos prende-se com os serviços de táxi, com o responsável máximo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e Transportes a reconhecer que a DSAT tem recebido várias reclamações contra taxistas que, desde a actualização das tarifas, arredondam a seu favor o preço das corridas. Wong Wan garantiu estar atento, prometendo um reforço da fiscalização de modo a solucionar este problema.
Obras públicas vão criar nove mil postos de trabalho em Macau
Construir mais depressa para dar emprego
São 93 obras de dimensões várias que vão dar origem a quase nove mil postos de trabalho. Destinam-se prioritariamente a trabalhadores locais, garantem as autoridades governamentais. Com os trabalhos, espera-se permitir um maior dinamismo a um sector que está a sofrer com a crise.
Isabel Castro
O Governo de Macau vai gastar 5,1 mil milhões de patacas em obras de índole diversa no território. Algumas delas já foram lançadas a concurso, mal se começou a perceber que a crise económica mundial estava a ter repercussões negativas no sector da construção civil do território, e prevê-se que seja feito o mesmo com as restantes em breve.
O estado das obras públicas de Macau foi objecto de um balanço feito ontem pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Na conferência de imprensa convocada para o efeito, Francisco Chau, coordenador-adjunto do GDI, especificou que “as grandes obras vão permitir criar 5530 postos de trabalho”, sendo que “as pequenas e médias empreitadas vão dar origem a 3740”.
Por seu turno, o subdirector substituto das Obras Públicas, Daniel Shin Chun Low, explicou que há regras específicas no sentido de ser contratada “prioritariamente” mão-de-obra local. “As empresas infractoras serão excluídas da lista de empreiteiros qualificados para a realização de obras públicas”, avisou.
Ao todo, tratam-se de 93 obras de dimensões diferentes. Ainda no primeiro semestre deste ano serão lançadas a concurso 64 empreitadas pequenas e médias. Neste grupo incluem-se trabalhos como o reordenamento dos passeios dos Novos Aterros do Porto Exterior e a renovação das fachadas de edifícios localizados na Almeida Ribeiro.
Quanto às grandes obras, o Governo pretende pôr em marcha durante o corrente ano 11 empreitadas: a construção do auto-silo e do jardim em frente aos Nova Taipa, o prolongamento e reforço da protecção do canal de navegação da Ponte da Amizade e a edificação do Centro de Socorro e Emergência dos Bombeiros do Cotai.
Dos planos da DSSOPT e do GDI fazem ainda o início da primeira fase do novo estabelecimento prisional de Coloane, a empreitada de concepção e construção das habitações no lote TN27, na Taipa, e a obra de ampliação das instalações do novo terminal marítimo de passageiros na ilha, bem como a construção do túnel subterrâneo na rotunda do Istmo.
Cidade em pantanas?
As autoridades governamentais garantem que todas estas construções não irão provocar grandes transtornos à população. E isto porque, segundo Daniel Shin Chun Low, “as obras foram distribuídas de forma a evitar que estejam todas acumuladas numa mesma zona”.
Para permitir que o maior número de empreiteiros locais participe neste grande projecto público de construção, o Governo vai dividir as grandes obras em várias de menores dimensões, “desde que tal não tenha implicações negativas para a vida da população”.
O mesmo responsável reiterou que, tal como tinha sido já anunciado, “a DSSOPT e o GDI vão criar uma base de dados central para permitir uma melhor distribuição dos trabalhos e evitar que tenham um grande impacto ao nível do quotidiano e do trânsito”. Garantindo que tudo será feito dentro das disposições legais, o subdirector substituto prometeu “desburocratizar a máquina administrativa”.
Não é nada com ele
A propósito de máquina administrativa e de desburocratização, o PONTO FINAL quis saber o que está a DSSOPT a fazer para responder às críticas que têm sido feitas por quem trabalha no sector da construção em relação à morosidade da apreciação dos processos.
“Os trabalhos que hoje anunciámos foram em termos de obras públicas”, afirmou Daniel Shin Chun Low. “Quanto à apreciação dos projectos para as obras particulares, já adoptámos algumas medidas, mas só que esta conferência de imprensa destina-se apenas às obras públicas”, disse o subdirector substituto da DSSOPT, não dando assim mais esclarecimentos sobre a questão.
Recorde-se que, de investidores a representantes do sector imobiliário, passando por arquitectos e engenheiros, muitas têm sido as pessoas que se têm queixado da lentidão na apreciação dos projectos privados, morosidade que já levou algumas empresas internacionais do ramo a abandonar a ideia de investir em Macau. O fenómeno acentuou-se depois da detenção e do julgamento do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas.
Por ser subdirector substituto na área das obras públicas e na do sector privado, Daniel Shin preferiu reiterar que, no âmbito das suas competências directas, “já adoptámos algumas medidas em termos de serviços one-stop para apreciação dos projectos, de modo a que todos os serviços competentes se reúnam periodicamente para dar o seu parecer, no sentido de acelerar os processos.”
China prepara-se para a grande festa
Prosperidade duvidosa no Ano do Búfalo
A China celebra domingo à noite a entrada no Ano do Búfalo, um signo associado ao trabalho árduo e à persistência, duas qualidades indispensáveis para enfrentar a crise financeira global.
“Vai ser o ano mais duro desde 2000”, avisou esta semana um jornal oficial, citando o primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Confrontados com as perspectivas de abrandamento económico e aumento do desemprego, os votos de “prosperidade” que se fazem nesta quadra (“Gong Xi Fa Cai”) parecem irrealistas, mas isso não chega para alterar a tradição.
A passagem do ano lunar é a maior festa da China – e das comunidades chinesas espalhadas pela mundo.
A data, que varia de ano para ano, proporciona três dias oficiais de feriado. Com as “pontes” e outros expedientes, muitas empresas acabam por parar uma semana inteira. E os estudantes, cujo ano lectivo começa no início de Setembro, têm direito a três semanas de férias.
Em Pequim, as lojas e edifícios públicos estão engalanados com lanternas vermelhas e vêem-se muitas pessoas arrastando malas pelas ruas: regressaram a casa ou vão a caminho do aeroporto ou de uma estação de comboio, para irem juntar-se às suas famílias.
Pelas previsões do governo, de 11 de Janeiro a 19 de Fevereiro, os comboios chineses deverão transportar 188 milhões de passageiros, mais 8 por cento do que em 2008, e os aviões cerca de 23,2 milhões, um aumento de 12 por cento.
Como manda a tradição, na passagem do ano, a família reúne-se à volta da mesa, “adorando o Deus da Cozinha”, os mais novos oferecem prendas aos mais velhos e estes retribuem com dinheiro (“ya sui qian”), entregue dentro de um “hongbao” (envelope vermelho).
O fogo de artifício, uma das milenares invenções chinesas, também não poderá faltar – para “iluminar a entrada no novo ano lunar” e “afastar os fantasmas”.
Em períodos de maior rigor ideológico, como na década da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), o “Deus da Cozinha” não seria “adorado” tão abertamente, mas também neste aspecto a China mudou muito.
O Búfalo é um dos doze signos do Zodíaco chinês, juntamente com os outros onze animais, incluindo o dragão, a única criatura mitológica da lista, que foram despedir-se de Buda quando este partiu para a eternidade.
Os nativos do Ano do Búfalo (“Niu Nian”) – entre os quais o novo presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama – são descritos como “honestos”, “trabalhadores”, “fiéis” e “tolerantes”.
Segundo as previsões do Banco Mundial, a economia chinesa deverá crescer apenas 7,5 por cento em 2009 – o valor mais baixo dos últimos 19 anos, e 2,4 pontos abaixo da média anual registada durante as três décadas de “Reforma e Abertura”.
Depois do Ano Búfalo, que começa dia 26 de Janeiro e termina a 14 de Fevereiro de 2010, segue-se o Ano do Tigre.
Escândalo do leite contaminado com melamina
Responsável da Sanlu condenada a prisão perpétua
Um tribunal chinês condenou ontem a prisão perpétua a antiga dirigente de uma das empresas lácteas que produziram leite contaminado com melamina e à morte três outros responsáveis envolvidos no escândalo, noticiou a agência Nova China.
O tribunal da Relação em Shijiazhuang, onde está a sede da companhia Sanlu, uma das maiores produtoras de leite, aplicou a prisão perpétua à antiga presidente e directora geral do grupo, Tian Wenhua, antigo quadro do Partido Comunista Chinês (PCC), que foi considerada culpada de ter tentado abafar o escândalo.
O tribunal, que julga desde Dezembro 21 pessoas envolvidas no escândalo, condenou também três dos acusados à morte, um deles com pena suspensa.
Zhang Yujun, que produziu o pó contendo melamina e escoou 600 toneladas dele, foi o primeiro acusado condenado à morte por ter "posto em perigo a segurança pública".
Outros dois acusados foram condenados à morte, mas um deles com pena suspensa que deverá ser comutada para prisão perpétua.
Neste julgamento, Tian Wenhua, a ex-directora da Sanlu, foi a pessoa com um cargo de maior responsabilidade, apesar de o escândalo ter levado à demissão do líder da secção do partido de Shijiazhuang e do presidente da câmara.
Tian Wenhua, foi acusada de produzir e vender produtos "falsos e de qualidade inferior", crime cuja pena máxima prevista é a prisão perpétua.
A directora da empresa teve como co-acusados três antigos quadros superiores da Sanlu, que foram condenados a penas de prisão entre os cinco e os 15 anos. Um deles compareceu em tribunal de cadeira de rodas, por ter ficado parcialmente paralisado depois de uma tentativa de suicídio.
A empresa, que era uma das principais empresas chinesas e está agora à beira da falência, foi condenada a pagar uma multa de 50 milhões de yuans e a sua directora ao pagamento de uma multa de 20 milhões de yuans.
A investigação concluiu que 22 empresas venderam leite contaminado com melamina, um produto químico destinado ao fabrico de colas, resinas e plásticos, que ingerido provoca, como provocou a milhares de crianças, problemas renais, designadamente a formação de cálculos renais (pedras nos rins).
Estas 22 empresas anunciaram a criação de um fundo especial de indemnizações no valor de 160 milhões de dólares, mas os advogados das vítimas protestaram porque algumas das famílias só vão receber cerca de 300 dólares.
Na sequência da contaminação do leite, morreram seis bebés e quase 300.000 tiveram de ser hospitalizados.
Pansy Ho abre hotel no aeroporto de Hong Kong
Vistas largas
O hotel de cinco estrelas que a directora da Shun-Tak inaugurou quinta-feira perto de Chek-Lap Kok aposta nos executivos em viagem, mas está de olho no mercado das convenções e nas vantagens estratégicas da ponte Zhuhai- Macau – Hong Kong.
Nuno Mendonça em Hong Kong
Chamar ao novíssimo Hong Kong Sky City Marriott um hotel de aeroporto é quase insultuoso, se pensarmos que a maioria destas unidades em todo o mundo são uma espécie de armazéns gigantes com cubículos de plástico que nos atenuam a espera de algumas horas para um voo de trabalho ou lazer. Hong Kong não era excepção até que a cadeia Marriot, com já cinco hotéis no território vizinho, resolveu apostar neste cinco estrelas na ilha de Lantau.
Com vistas sobre o mar da China e um campo de golfe adjacente ao hotel, o Sky City Marriott quase faz esquecer que uma das suas razões de ser é o aeroporto de Hong Kong em fundo. O hotel auto-define-se como um “resort internacional de negócios” a pensar claramente no viajante com poder de compra que não dispensa uma boa bebida e uma refeição decente num restaurante de nível. O hotel tem nada menos que seis, com sabores asiáticos e internacionais, para além de um bar onde uma dezena de flat screens mostram os altos e baixos das bolsas internacionais e as jogadas de várias primeiras ligas europeias.
Mas há mais mimos, raros em hotéis que servem aeroportos: um spa com as últimas tecnologias para tratamentos e massagens, uma piscina de 27 metros e um clube com um ginásio aberto 24 horas.
Nos quartos amplos (são 658, do standard a suite presidencial), encontra-se tudo o que é esperado num hotel deste nível, com a já óbvia TV de ecrã plano e a rápida ligação online.
Longe da cidade mas perto das convenções
Levam cinco minutos a chegar a Chek Lap Kok no autocarro do hotel, o que pode ser um “não, obrigado” para alguns clientes.
Mas a ponte que liga o hotel à feira de convenções Asia World Expo mostra que a estratégia de Pansy Ho, no consórcio que criou com o grupo de construção Dragages e a GR8 Leisure Concept, visa claramente servir também o mercado de convenções de Hong Kong que desde a inauguração do Venetian atravessa uma fase reactiva de renovação para fazer face à concorrência vinda de Macau. O próprio Sky City Marriott dispõe de espaço para convenções e/ou exposições de 1950 metros quadrados.
“Há uma série de empresas internacionais a basear-se nesta zona de Lantau e a nossa estratégia é mostrar a esses executivos e profissionais que necessitam de pernoitar em Hong Kong, que o podem fazer perto das reuniões e trabalho que vêm fazer em Hong Kong em vez de terem de se deslocar para o centro da cidade,” disse a directora de marketing Maxine Howe ao PONTO FINAL.
E há ainda um trunfo só esperado lá para 2014, mas que pode fazer toda a diferença para o hotel. É previsível que o percurso da ponte Zhuhai – Macau – Hong Kong passe por Lantau, tornando este Marriot num conveniente ponto estratégico para profissionais e empresários da região.
Shun Tak aposta na área hoteleira
A própria Pansy Ho definiu na cerimónia de inauguração o que espera atingir neste consórcio ao descrever o hotel como “um novo capítulo em termos do que o aeroporto de Hong Kong tem para oferecer: a conjunção de convenções, descanso e transporte de elevada qualidade”.
A empresária, para quem este hotel é a primeira iniciativa hoteleira da Shun Tak em Hong Kong, parece apostada em desenvolver este ramo dentro do grupo, depois de no início de Dezembro ter anunciado um consórcio com a cadeia de hotéis Jumeirah (que opera entre outros, o Burj Al Arab no Dubai, tido como o hotel mais luxuoso do mundo), para a construção do Jumeirah Macau, que deve abrir portas em 2013.
Para já e voltando ao sofisticado mas discreto Marriot, o único senão é o terminal pré-fabricado, muito anos 70, mas absolutamente conveniente para o viajante de Macau que o utiliza para aceder ao aeroporto de Hong Kong.
Um novo terminal está previsto para abrir neste local ainda este ano e, nessa altura, os passageiros “cá da terra” poderão contemplar a possibilidade de retemperar forças no SkyCity Marriot, por 888 Hong Kong dólares no mínimo. Não sai barato, mas soa a boa-sorte.
Albergue da Santa Casa da Misericórdia foi ontem inaugurado
Criatividade com todos e para todos
O espaço já existe há algum tempo mas ainda não tinha sido inaugurado oficialmente. Ontem, com toda a pompa e circunstância, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia foi baptizado enquanto espaço para a cultura e a criatividade. O PONTO FINAL passou por lá, assistiu ao protocolo e sentiu a festa.
Isabel Castro
É um desejo que fica, de alguma forma, cumprido. Há já alguns anos que Edmund Ho demonstrou vontade de que o Bairro de São Lázaro fosse transformado numa zona por excelência para as indústrias criativas. Ontem, o Chefe do Executivo teve o prazer de inaugurar o Albergue da Santa Casa da Misericórdia.
A estrutura tem vindo, nos últimos tempos, a funcionar como espaço onde convivem diferentes estruturas que trabalham em projectos relacionados com a criatividade. Da Casa de Portugal à Sociedade de Artes Bambu, têm sido desenvolvidos vários projectos, de workshops a exposições. Mas, a partir de agora, o Albergue assume oficialmente a sua função no apoio às indústrias criativas.
“É mais um contributo da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, desta vez no vector cultural e nas indústrias criativas, de que se fala muito hoje em dia e que são importantes”, comentou António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, no início da festa que, além dos momentos protocolares, incluiu um desfile de moda concebida inteiramente em Macau, uma exposição de produtos de design da responsabilidade de criativos locais e uma projecção de vídeos.
A casa esteve cheia numa mistura nem sempre comum: políticos importantes com artistas destacados. Ao lado de Edmund Ho estiveram figuras do mundo político como os empresários Ho Iat Seng e Lionel Leong Iok Va. O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Lau Cheok Va, e o deputado Leong Heng Teng também marcaram presença, bem como o deputado Leonel Alves, presidente da assembleia geral da Irmandade da Santa Casa.
“Em 2001, a Santa Casa criou o seu núcleo museológico, tem já um projecto na vertente cultural histórica. Estamos satisfeitos por poder hoje disponibilizar este espaço que diz muito, não só para a irmandade mas também para a comunidade local, sobretudo para a comunidade portuguesa e macaense”, acrescentou ainda António José de Freitas, recordando que o Albergue teve várias finalidades, de “abrigo a refugiados durante a guerra a asilo para as velhinhas”.
O provedor da Santa Casa era ontem um homem “satisfeito” com o projecto. “Esperamos que venha a ter os maiores sucessos e seja coroado de êxitos. Da parte da Irmandade tudo faremos e vamos apoiar tudo para concretizar com sucesso este projecto, que não é só da Santa Casa mas que diz respeito à sociedade de Macau.”
O que dizem os artistas e criativos
“É com alegria e com esperança de que a cidade tenha uma outra componente urbana, e que esta seja exactamente não virada para o jogo, mas para outro tipo de indústrias a que podemos chamar criativas mas que sejam, sobretudo, renovadoras do tecido social e da memória. No caso de Macau, a que eu costumo chamar palco para todas as ficções, é a memória que enforma todo o processo criativo.”
António Conceição Júnior, artista plástico
“É muito importante porque Macau pode realmente crescer quando pode desenvolver um conjunto de produtos criativos únicos que pertencem especificamente à cidade. Também ajuda a diversificar a economia que, neste momento, depende muito do jogo. Permite ter outros aspectos para que os visitantes venham e usufruam, e melhora a qualidade de vida das pessoas que vivem aqui.”
Ray Granlund, músico e editor
“É um desafio para que as indústrias criativas possam, a partir de agora e deste exemplo, crescer e tornarem-se significativas para Macau, seja isto economicamente, seja isto culturalmente, mas, acima de tudo, uma iniciativa para que, a partir de agora, se possa avançar no sentido das indústrias criativas de Macau.”
Manuel Correia da Silva, designer industrial
“Penso que é um momento muito feliz para a comunidade criativa de Macau e também para todas as pessoas que se interessam pela cultura e por outros aspectos da sociedade de Macau. De facto, cada vez mais são necessárias muitas iniciativas e um esforço conjunto grande dos vários sectores, sobretudo das pessoas que têm alguma ligação com as actividades criativas e culturais, para podermos andar para a frente com o desenvolvimento das indústrias criativas de Macau como sector com importância na actividade económica e na diversificação da economia.”
José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau
“Todas as iniciativas que chamem a atenção para o que é preciso fazer, para o que se está a fazer e que sirvam para sensibilizar as pessoas para o apoio que o trabalho na área criativa e cultural precisa são todas válidas.”
Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau
“É simpático. Acho que devia haver cada vez mais em Macau espaços destes. Devem ser apoiados e existir. É sempre bom para os artistas de Macau.”
Joaquim Franco, pintor
“Gosto de todas as iniciativas que venham de artistas e relacionadas com arte. São muito melhores do que as dos casinos. Pelo menos traz alguma qualidade de vida e cultura. É uma boa iniciativa.”
Konstantin Bessmertny, pintor
“É muitíssimo importante porque é um espaço alternativo. Quem tem a ganhar muito são os criativos.”
Lúcia Lemos, directora do Creative Macau
Editorial
Soluções
Uma das novidades ontem anunciadas pelo director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego foi a hipótese de instalar em Macau um sistema de controle e localização dos autocarros, que permitirá colocar placards electrónicos nas paragens, com a indicação do tempo que falta para a chegada de cada veículo.
Embora ainda seja necessário elaborar um estudo de viabilidade, o mesmo responsável acredita que o sistema poderá estar a funcionar, no território, até final do ano e que irá ajudar a resolver os problemas do trânsito na cidade.
O sistema já está vulgarizado em muitos países e, para além de permitir que o utente saiba se chega ou não atrasado ao trabalho, possibilita às empresas uma gestão mais eficiente da sua frota.
A ideia até é boa, mas parece-nos que pouco adiantará na resolução do problema do trânsito que, cada vez mais, sufoca esta cidade. É certo que ficamos todos - nós, utentes, e os responsáveis das empresas de transportes públicos - melhor informados. Mas não é isso que irá fazer com que os autocarros andem mais depressa. Dizem as leis da Física que dois objectos não podem ocupar a mesma posição ao mesmo tempo. E enquanto o número de veículos particulares que enchem as ruas não for reduzido, não há sistema que resolva os constantes engarrafamentos, as intermináveis filas de automóveis e os "comboios" de autocarros.
Quanto a melhorar a gestão da frota das empresas, essa hipótese ainda nos parece mais duvidosa. Não é preciso um sistema inteligente para saber que grande parte dos autocarros, nas horas de ponta, estão parados. Ou a andar muito devagar.
Paulo Reis
Sistema inteligente de comunicação chega aos autocarros
A DSAT quer dotar as paragens de autocarro com um sistema de comunicação que permite aos passageiros saber quanto tempo vão ter que esperar pelo transporte.
Rui Cid
É a resposta encontrada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para solucionar um dos problemas que mais queixas provoca por parte da população: a (pouca) frequência com que os autocarros passam em cada paragem. O sistema inteligente de comunicação, semelhante ao usado em vários países europeus e asiáticos e que permite que os passageiros nas paragens de autocarros saibam quanto tempo de espera têm ainda pela frente, irá, de acordo com o director da DSAT, possibilitar que as companhias tenham um maior controlo sobre a localização exacta dos veículos, podendo, dessa forma, maximizar a gestão da sua frota.
"Através do GPS e de ligação sem fios, consegue-se saber exactamente em que ponto da cidade estão os autocarros. É um sistema que poderá ajudar, inclusive, a resolver os problemas de trânsito da cidade", explicou o mesmo responsável.
Em conferência de imprensa, Wong Wan revelou que o sistema a adoptar na RAEM será muito semelhante ao usado em Seul, cidade onde esteve recentemente uma delegação da DSAT.
Questionado pelos jornalistas, o director explicou que a implementação deste sistema na RAEM está, segundo o director, dependente da realização de um estudo de viabilidade que será iniciado muito em breve. Contudo, Wong Wan adiantou ainda acreditar que até ao final do ano, o sistema possa ser uma realidade na RAEM.
Da capital da Coreia do Sul, a delegação da DSAT trouxe ainda outras duas sugestões para o futuro: Um sistema de tarifas conjuntas entre metro e autocarros e reservar vias exclusivamente para os transportes públicos. Esta ultima medida será, reconhece Wong Wan, muito difícil de aplicar em Macau devido às características da cidade.
"Não podemos comparar Seul com a RAEM. Aqui é raro termos estradas com duas vias para cada sentido. Lá eles têm 3 ou 4 vias para cada sentido, podendo, sem problemas, reservar uma delas para os transportes públicos. Mas acredito que nas zonas novas, como o COTAI, poderemos vir a implementar esta medida", afirmou.
Avaliação não satisfaz
A conferência de imprensa de ontem, serviu igualmente para a DSAT fazer um ponto da situação das actividades que tem vindo a realizar desde a sua criação, o ano passado. Baseando-se nos resultados de um inquérito recentemente realizado, Wong Wan admite que a situação do transportes públicos em Macau "não é satisfatória".
De acordo com o estudo, que abrangeu um universo de mais de 800 pessoas, a população de Macau dá nota negativa a vários aspectos relacionados com os serviços de autocarros, nomeadamente no que diz respeito à sua frequência e aos trajectos percorridos.
Outra das queixas levantadas pelos cidadãos prende-se com os serviços de táxi, com o responsável máximo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e Transportes a reconhecer que a DSAT tem recebido várias reclamações contra taxistas que, desde a actualização das tarifas, arredondam a seu favor o preço das corridas. Wong Wan garantiu estar atento, prometendo um reforço da fiscalização de modo a solucionar este problema.
Obras públicas vão criar nove mil postos de trabalho em Macau
Construir mais depressa para dar emprego
São 93 obras de dimensões várias que vão dar origem a quase nove mil postos de trabalho. Destinam-se prioritariamente a trabalhadores locais, garantem as autoridades governamentais. Com os trabalhos, espera-se permitir um maior dinamismo a um sector que está a sofrer com a crise.
Isabel Castro
O Governo de Macau vai gastar 5,1 mil milhões de patacas em obras de índole diversa no território. Algumas delas já foram lançadas a concurso, mal se começou a perceber que a crise económica mundial estava a ter repercussões negativas no sector da construção civil do território, e prevê-se que seja feito o mesmo com as restantes em breve.
O estado das obras públicas de Macau foi objecto de um balanço feito ontem pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Na conferência de imprensa convocada para o efeito, Francisco Chau, coordenador-adjunto do GDI, especificou que “as grandes obras vão permitir criar 5530 postos de trabalho”, sendo que “as pequenas e médias empreitadas vão dar origem a 3740”.
Por seu turno, o subdirector substituto das Obras Públicas, Daniel Shin Chun Low, explicou que há regras específicas no sentido de ser contratada “prioritariamente” mão-de-obra local. “As empresas infractoras serão excluídas da lista de empreiteiros qualificados para a realização de obras públicas”, avisou.
Ao todo, tratam-se de 93 obras de dimensões diferentes. Ainda no primeiro semestre deste ano serão lançadas a concurso 64 empreitadas pequenas e médias. Neste grupo incluem-se trabalhos como o reordenamento dos passeios dos Novos Aterros do Porto Exterior e a renovação das fachadas de edifícios localizados na Almeida Ribeiro.
Quanto às grandes obras, o Governo pretende pôr em marcha durante o corrente ano 11 empreitadas: a construção do auto-silo e do jardim em frente aos Nova Taipa, o prolongamento e reforço da protecção do canal de navegação da Ponte da Amizade e a edificação do Centro de Socorro e Emergência dos Bombeiros do Cotai.
Dos planos da DSSOPT e do GDI fazem ainda o início da primeira fase do novo estabelecimento prisional de Coloane, a empreitada de concepção e construção das habitações no lote TN27, na Taipa, e a obra de ampliação das instalações do novo terminal marítimo de passageiros na ilha, bem como a construção do túnel subterrâneo na rotunda do Istmo.
Cidade em pantanas?
As autoridades governamentais garantem que todas estas construções não irão provocar grandes transtornos à população. E isto porque, segundo Daniel Shin Chun Low, “as obras foram distribuídas de forma a evitar que estejam todas acumuladas numa mesma zona”.
Para permitir que o maior número de empreiteiros locais participe neste grande projecto público de construção, o Governo vai dividir as grandes obras em várias de menores dimensões, “desde que tal não tenha implicações negativas para a vida da população”.
O mesmo responsável reiterou que, tal como tinha sido já anunciado, “a DSSOPT e o GDI vão criar uma base de dados central para permitir uma melhor distribuição dos trabalhos e evitar que tenham um grande impacto ao nível do quotidiano e do trânsito”. Garantindo que tudo será feito dentro das disposições legais, o subdirector substituto prometeu “desburocratizar a máquina administrativa”.
Não é nada com ele
A propósito de máquina administrativa e de desburocratização, o PONTO FINAL quis saber o que está a DSSOPT a fazer para responder às críticas que têm sido feitas por quem trabalha no sector da construção em relação à morosidade da apreciação dos processos.
“Os trabalhos que hoje anunciámos foram em termos de obras públicas”, afirmou Daniel Shin Chun Low. “Quanto à apreciação dos projectos para as obras particulares, já adoptámos algumas medidas, mas só que esta conferência de imprensa destina-se apenas às obras públicas”, disse o subdirector substituto da DSSOPT, não dando assim mais esclarecimentos sobre a questão.
Recorde-se que, de investidores a representantes do sector imobiliário, passando por arquitectos e engenheiros, muitas têm sido as pessoas que se têm queixado da lentidão na apreciação dos projectos privados, morosidade que já levou algumas empresas internacionais do ramo a abandonar a ideia de investir em Macau. O fenómeno acentuou-se depois da detenção e do julgamento do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas.
Por ser subdirector substituto na área das obras públicas e na do sector privado, Daniel Shin preferiu reiterar que, no âmbito das suas competências directas, “já adoptámos algumas medidas em termos de serviços one-stop para apreciação dos projectos, de modo a que todos os serviços competentes se reúnam periodicamente para dar o seu parecer, no sentido de acelerar os processos.”
China prepara-se para a grande festa
Prosperidade duvidosa no Ano do Búfalo
A China celebra domingo à noite a entrada no Ano do Búfalo, um signo associado ao trabalho árduo e à persistência, duas qualidades indispensáveis para enfrentar a crise financeira global.
“Vai ser o ano mais duro desde 2000”, avisou esta semana um jornal oficial, citando o primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Confrontados com as perspectivas de abrandamento económico e aumento do desemprego, os votos de “prosperidade” que se fazem nesta quadra (“Gong Xi Fa Cai”) parecem irrealistas, mas isso não chega para alterar a tradição.
A passagem do ano lunar é a maior festa da China – e das comunidades chinesas espalhadas pela mundo.
A data, que varia de ano para ano, proporciona três dias oficiais de feriado. Com as “pontes” e outros expedientes, muitas empresas acabam por parar uma semana inteira. E os estudantes, cujo ano lectivo começa no início de Setembro, têm direito a três semanas de férias.
Em Pequim, as lojas e edifícios públicos estão engalanados com lanternas vermelhas e vêem-se muitas pessoas arrastando malas pelas ruas: regressaram a casa ou vão a caminho do aeroporto ou de uma estação de comboio, para irem juntar-se às suas famílias.
Pelas previsões do governo, de 11 de Janeiro a 19 de Fevereiro, os comboios chineses deverão transportar 188 milhões de passageiros, mais 8 por cento do que em 2008, e os aviões cerca de 23,2 milhões, um aumento de 12 por cento.
Como manda a tradição, na passagem do ano, a família reúne-se à volta da mesa, “adorando o Deus da Cozinha”, os mais novos oferecem prendas aos mais velhos e estes retribuem com dinheiro (“ya sui qian”), entregue dentro de um “hongbao” (envelope vermelho).
O fogo de artifício, uma das milenares invenções chinesas, também não poderá faltar – para “iluminar a entrada no novo ano lunar” e “afastar os fantasmas”.
Em períodos de maior rigor ideológico, como na década da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), o “Deus da Cozinha” não seria “adorado” tão abertamente, mas também neste aspecto a China mudou muito.
O Búfalo é um dos doze signos do Zodíaco chinês, juntamente com os outros onze animais, incluindo o dragão, a única criatura mitológica da lista, que foram despedir-se de Buda quando este partiu para a eternidade.
Os nativos do Ano do Búfalo (“Niu Nian”) – entre os quais o novo presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama – são descritos como “honestos”, “trabalhadores”, “fiéis” e “tolerantes”.
Segundo as previsões do Banco Mundial, a economia chinesa deverá crescer apenas 7,5 por cento em 2009 – o valor mais baixo dos últimos 19 anos, e 2,4 pontos abaixo da média anual registada durante as três décadas de “Reforma e Abertura”.
Depois do Ano Búfalo, que começa dia 26 de Janeiro e termina a 14 de Fevereiro de 2010, segue-se o Ano do Tigre.
Escândalo do leite contaminado com melamina
Responsável da Sanlu condenada a prisão perpétua
Um tribunal chinês condenou ontem a prisão perpétua a antiga dirigente de uma das empresas lácteas que produziram leite contaminado com melamina e à morte três outros responsáveis envolvidos no escândalo, noticiou a agência Nova China.
O tribunal da Relação em Shijiazhuang, onde está a sede da companhia Sanlu, uma das maiores produtoras de leite, aplicou a prisão perpétua à antiga presidente e directora geral do grupo, Tian Wenhua, antigo quadro do Partido Comunista Chinês (PCC), que foi considerada culpada de ter tentado abafar o escândalo.
O tribunal, que julga desde Dezembro 21 pessoas envolvidas no escândalo, condenou também três dos acusados à morte, um deles com pena suspensa.
Zhang Yujun, que produziu o pó contendo melamina e escoou 600 toneladas dele, foi o primeiro acusado condenado à morte por ter "posto em perigo a segurança pública".
Outros dois acusados foram condenados à morte, mas um deles com pena suspensa que deverá ser comutada para prisão perpétua.
Neste julgamento, Tian Wenhua, a ex-directora da Sanlu, foi a pessoa com um cargo de maior responsabilidade, apesar de o escândalo ter levado à demissão do líder da secção do partido de Shijiazhuang e do presidente da câmara.
Tian Wenhua, foi acusada de produzir e vender produtos "falsos e de qualidade inferior", crime cuja pena máxima prevista é a prisão perpétua.
A directora da empresa teve como co-acusados três antigos quadros superiores da Sanlu, que foram condenados a penas de prisão entre os cinco e os 15 anos. Um deles compareceu em tribunal de cadeira de rodas, por ter ficado parcialmente paralisado depois de uma tentativa de suicídio.
A empresa, que era uma das principais empresas chinesas e está agora à beira da falência, foi condenada a pagar uma multa de 50 milhões de yuans e a sua directora ao pagamento de uma multa de 20 milhões de yuans.
A investigação concluiu que 22 empresas venderam leite contaminado com melamina, um produto químico destinado ao fabrico de colas, resinas e plásticos, que ingerido provoca, como provocou a milhares de crianças, problemas renais, designadamente a formação de cálculos renais (pedras nos rins).
Estas 22 empresas anunciaram a criação de um fundo especial de indemnizações no valor de 160 milhões de dólares, mas os advogados das vítimas protestaram porque algumas das famílias só vão receber cerca de 300 dólares.
Na sequência da contaminação do leite, morreram seis bebés e quase 300.000 tiveram de ser hospitalizados.
Pansy Ho abre hotel no aeroporto de Hong Kong
Vistas largas
O hotel de cinco estrelas que a directora da Shun-Tak inaugurou quinta-feira perto de Chek-Lap Kok aposta nos executivos em viagem, mas está de olho no mercado das convenções e nas vantagens estratégicas da ponte Zhuhai- Macau – Hong Kong.
Nuno Mendonça em Hong Kong
Chamar ao novíssimo Hong Kong Sky City Marriott um hotel de aeroporto é quase insultuoso, se pensarmos que a maioria destas unidades em todo o mundo são uma espécie de armazéns gigantes com cubículos de plástico que nos atenuam a espera de algumas horas para um voo de trabalho ou lazer. Hong Kong não era excepção até que a cadeia Marriot, com já cinco hotéis no território vizinho, resolveu apostar neste cinco estrelas na ilha de Lantau.
Com vistas sobre o mar da China e um campo de golfe adjacente ao hotel, o Sky City Marriott quase faz esquecer que uma das suas razões de ser é o aeroporto de Hong Kong em fundo. O hotel auto-define-se como um “resort internacional de negócios” a pensar claramente no viajante com poder de compra que não dispensa uma boa bebida e uma refeição decente num restaurante de nível. O hotel tem nada menos que seis, com sabores asiáticos e internacionais, para além de um bar onde uma dezena de flat screens mostram os altos e baixos das bolsas internacionais e as jogadas de várias primeiras ligas europeias.
Mas há mais mimos, raros em hotéis que servem aeroportos: um spa com as últimas tecnologias para tratamentos e massagens, uma piscina de 27 metros e um clube com um ginásio aberto 24 horas.
Nos quartos amplos (são 658, do standard a suite presidencial), encontra-se tudo o que é esperado num hotel deste nível, com a já óbvia TV de ecrã plano e a rápida ligação online.
Longe da cidade mas perto das convenções
Levam cinco minutos a chegar a Chek Lap Kok no autocarro do hotel, o que pode ser um “não, obrigado” para alguns clientes.
Mas a ponte que liga o hotel à feira de convenções Asia World Expo mostra que a estratégia de Pansy Ho, no consórcio que criou com o grupo de construção Dragages e a GR8 Leisure Concept, visa claramente servir também o mercado de convenções de Hong Kong que desde a inauguração do Venetian atravessa uma fase reactiva de renovação para fazer face à concorrência vinda de Macau. O próprio Sky City Marriott dispõe de espaço para convenções e/ou exposições de 1950 metros quadrados.
“Há uma série de empresas internacionais a basear-se nesta zona de Lantau e a nossa estratégia é mostrar a esses executivos e profissionais que necessitam de pernoitar em Hong Kong, que o podem fazer perto das reuniões e trabalho que vêm fazer em Hong Kong em vez de terem de se deslocar para o centro da cidade,” disse a directora de marketing Maxine Howe ao PONTO FINAL.
E há ainda um trunfo só esperado lá para 2014, mas que pode fazer toda a diferença para o hotel. É previsível que o percurso da ponte Zhuhai – Macau – Hong Kong passe por Lantau, tornando este Marriot num conveniente ponto estratégico para profissionais e empresários da região.
Shun Tak aposta na área hoteleira
A própria Pansy Ho definiu na cerimónia de inauguração o que espera atingir neste consórcio ao descrever o hotel como “um novo capítulo em termos do que o aeroporto de Hong Kong tem para oferecer: a conjunção de convenções, descanso e transporte de elevada qualidade”.
A empresária, para quem este hotel é a primeira iniciativa hoteleira da Shun Tak em Hong Kong, parece apostada em desenvolver este ramo dentro do grupo, depois de no início de Dezembro ter anunciado um consórcio com a cadeia de hotéis Jumeirah (que opera entre outros, o Burj Al Arab no Dubai, tido como o hotel mais luxuoso do mundo), para a construção do Jumeirah Macau, que deve abrir portas em 2013.
Para já e voltando ao sofisticado mas discreto Marriot, o único senão é o terminal pré-fabricado, muito anos 70, mas absolutamente conveniente para o viajante de Macau que o utiliza para aceder ao aeroporto de Hong Kong.
Um novo terminal está previsto para abrir neste local ainda este ano e, nessa altura, os passageiros “cá da terra” poderão contemplar a possibilidade de retemperar forças no SkyCity Marriot, por 888 Hong Kong dólares no mínimo. Não sai barato, mas soa a boa-sorte.
Albergue da Santa Casa da Misericórdia foi ontem inaugurado
Criatividade com todos e para todos
O espaço já existe há algum tempo mas ainda não tinha sido inaugurado oficialmente. Ontem, com toda a pompa e circunstância, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia foi baptizado enquanto espaço para a cultura e a criatividade. O PONTO FINAL passou por lá, assistiu ao protocolo e sentiu a festa.
Isabel Castro
É um desejo que fica, de alguma forma, cumprido. Há já alguns anos que Edmund Ho demonstrou vontade de que o Bairro de São Lázaro fosse transformado numa zona por excelência para as indústrias criativas. Ontem, o Chefe do Executivo teve o prazer de inaugurar o Albergue da Santa Casa da Misericórdia.
A estrutura tem vindo, nos últimos tempos, a funcionar como espaço onde convivem diferentes estruturas que trabalham em projectos relacionados com a criatividade. Da Casa de Portugal à Sociedade de Artes Bambu, têm sido desenvolvidos vários projectos, de workshops a exposições. Mas, a partir de agora, o Albergue assume oficialmente a sua função no apoio às indústrias criativas.
“É mais um contributo da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, desta vez no vector cultural e nas indústrias criativas, de que se fala muito hoje em dia e que são importantes”, comentou António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, no início da festa que, além dos momentos protocolares, incluiu um desfile de moda concebida inteiramente em Macau, uma exposição de produtos de design da responsabilidade de criativos locais e uma projecção de vídeos.
A casa esteve cheia numa mistura nem sempre comum: políticos importantes com artistas destacados. Ao lado de Edmund Ho estiveram figuras do mundo político como os empresários Ho Iat Seng e Lionel Leong Iok Va. O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Lau Cheok Va, e o deputado Leong Heng Teng também marcaram presença, bem como o deputado Leonel Alves, presidente da assembleia geral da Irmandade da Santa Casa.
“Em 2001, a Santa Casa criou o seu núcleo museológico, tem já um projecto na vertente cultural histórica. Estamos satisfeitos por poder hoje disponibilizar este espaço que diz muito, não só para a irmandade mas também para a comunidade local, sobretudo para a comunidade portuguesa e macaense”, acrescentou ainda António José de Freitas, recordando que o Albergue teve várias finalidades, de “abrigo a refugiados durante a guerra a asilo para as velhinhas”.
O provedor da Santa Casa era ontem um homem “satisfeito” com o projecto. “Esperamos que venha a ter os maiores sucessos e seja coroado de êxitos. Da parte da Irmandade tudo faremos e vamos apoiar tudo para concretizar com sucesso este projecto, que não é só da Santa Casa mas que diz respeito à sociedade de Macau.”
O que dizem os artistas e criativos
“É com alegria e com esperança de que a cidade tenha uma outra componente urbana, e que esta seja exactamente não virada para o jogo, mas para outro tipo de indústrias a que podemos chamar criativas mas que sejam, sobretudo, renovadoras do tecido social e da memória. No caso de Macau, a que eu costumo chamar palco para todas as ficções, é a memória que enforma todo o processo criativo.”
António Conceição Júnior, artista plástico
“É muito importante porque Macau pode realmente crescer quando pode desenvolver um conjunto de produtos criativos únicos que pertencem especificamente à cidade. Também ajuda a diversificar a economia que, neste momento, depende muito do jogo. Permite ter outros aspectos para que os visitantes venham e usufruam, e melhora a qualidade de vida das pessoas que vivem aqui.”
Ray Granlund, músico e editor
“É um desafio para que as indústrias criativas possam, a partir de agora e deste exemplo, crescer e tornarem-se significativas para Macau, seja isto economicamente, seja isto culturalmente, mas, acima de tudo, uma iniciativa para que, a partir de agora, se possa avançar no sentido das indústrias criativas de Macau.”
Manuel Correia da Silva, designer industrial
“Penso que é um momento muito feliz para a comunidade criativa de Macau e também para todas as pessoas que se interessam pela cultura e por outros aspectos da sociedade de Macau. De facto, cada vez mais são necessárias muitas iniciativas e um esforço conjunto grande dos vários sectores, sobretudo das pessoas que têm alguma ligação com as actividades criativas e culturais, para podermos andar para a frente com o desenvolvimento das indústrias criativas de Macau como sector com importância na actividade económica e na diversificação da economia.”
José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau
“Todas as iniciativas que chamem a atenção para o que é preciso fazer, para o que se está a fazer e que sirvam para sensibilizar as pessoas para o apoio que o trabalho na área criativa e cultural precisa são todas válidas.”
Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau
“É simpático. Acho que devia haver cada vez mais em Macau espaços destes. Devem ser apoiados e existir. É sempre bom para os artistas de Macau.”
Joaquim Franco, pintor
“Gosto de todas as iniciativas que venham de artistas e relacionadas com arte. São muito melhores do que as dos casinos. Pelo menos traz alguma qualidade de vida e cultura. É uma boa iniciativa.”
Konstantin Bessmertny, pintor
“É muitíssimo importante porque é um espaço alternativo. Quem tem a ganhar muito são os criativos.”
Lúcia Lemos, directora do Creative Macau
Editorial
Soluções
Uma das novidades ontem anunciadas pelo director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego foi a hipótese de instalar em Macau um sistema de controle e localização dos autocarros, que permitirá colocar placards electrónicos nas paragens, com a indicação do tempo que falta para a chegada de cada veículo.
Embora ainda seja necessário elaborar um estudo de viabilidade, o mesmo responsável acredita que o sistema poderá estar a funcionar, no território, até final do ano e que irá ajudar a resolver os problemas do trânsito na cidade.
O sistema já está vulgarizado em muitos países e, para além de permitir que o utente saiba se chega ou não atrasado ao trabalho, possibilita às empresas uma gestão mais eficiente da sua frota.
A ideia até é boa, mas parece-nos que pouco adiantará na resolução do problema do trânsito que, cada vez mais, sufoca esta cidade. É certo que ficamos todos - nós, utentes, e os responsáveis das empresas de transportes públicos - melhor informados. Mas não é isso que irá fazer com que os autocarros andem mais depressa. Dizem as leis da Física que dois objectos não podem ocupar a mesma posição ao mesmo tempo. E enquanto o número de veículos particulares que enchem as ruas não for reduzido, não há sistema que resolva os constantes engarrafamentos, as intermináveis filas de automóveis e os "comboios" de autocarros.
Quanto a melhorar a gestão da frota das empresas, essa hipótese ainda nos parece mais duvidosa. Não é preciso um sistema inteligente para saber que grande parte dos autocarros, nas horas de ponta, estão parados. Ou a andar muito devagar.
Paulo Reis