10.10.2008

Círculo dos Amigos de Cultura prepara ida a Cantão com mostra em Macau

De São Lázaro para a Ásia

São trabalhos que representam percursos e visões de artistas de Macau. Não são estreias mas contêm as identidades de quem os fez. O Círculo dos Amigos de Cultura vai a Cantão mostrar a arte que por cá se faz. Antes, partilha com os da casa.

Isabel Castro

É uma exposição que são duas mas, feitas bem as contas, até são três. Hoje à tarde, é inaugurada a primeira. É no Bairro de São Lázaro, na galeria do Albergue da Santa Casa da Misericórdia, e é composta pelos trabalhos de dez artistas. Para a semana há mais: são mais oito obras com diferentes assinaturas.
O conjunto total é a representação de Macau na 23ª Feira Internacional de Arte da Ásia, que se realiza este ano em Cantão. “Quando foi organizada pela primeira vez há 23 anos, eram apenas alguns participantes; agora, são 13 países e territórios de toda a Ásia”, explica em nota enviada à imprensa o Círculo dos Amigos de Cultura (CAC). “Os membros do CAC são artistas de diferentes nacionalidades, de culturas e línguas distintas; as suas formas de expressão são ricas e os seus estilos variados. No entanto, partilham a mesma paixão pela arte.”
Para James Chu, a participação na Feira Internacional não constitui uma novidade. Esteve em edições anteriores realizadas em Hong Kong, na Coreia, em Singapura. Desta vez “é mais perto”, mesmo aqui ao lado. “É sobretudo uma boa oportunidade para ficarmos a conhecer o que está a ser feito na Ásia em termos artísticos”. E para dar a conhecer Macau, claro está.
O artista plástico leva à capital de Guangdong uma das suas telas mais recentes, que fez parte da última exposição na St. Paul’s Art Gallery. É um quadro a preto e verde, técnica mista, que pode ser (re)visto hoje às 18h30. Ao lado estarão trabalhos de Bianca Lei, Carol Archer, Christopher Kit Kelen, Gigi Lee, José Dores, Li Li, Tong Chong, Un Chi Ian e – surpresa – de Yao Jing Ming. O poeta e tradutor aventurou-se em novas formas de expressão. “É um quadro abstracto, uma experiência diferente”, contou ao PONTO FINAL.
Mais do que a sua intervenção artística em formato de tela, interessa a Yao o significado da ida a Cantão no contexto geral. “Macau é uma cidade pequena, são poucas as pessoas que conseguem viver da sua arte. Esta é mais uma oportunidade.”

Uma nova dinâmica

Joey Ho fez uma viagem a Ocidente através da pintura e descobriu inscrições em paredes sobre a compaixão. O quadro que mostra no próximo dia 24 fez parte da exposição “Journey to the West” e tem a ver com os limites da comiseração.
O trabalho de José Drummond, que o público pode ver dentro de duas semanas, também não é uma novidade para quem segue com atenção a arte local. É um vídeo - “O Pintor” - já foi mostrado em Macau e também na Coreia. É uma peça “emblemática” do trabalho que faz e que gira em torno da questão da identidade, explica. “Jogo com a ambivalência entre o limpar de uma máscara e o mostrar de um novo eu, daquilo que há dentro de nós.”
Drummond observa a iniciativa do Círculo de Amigos de Cultura e fala numa “energia” em Macau que está a ter efeitos positivos no que à arte diz respeito. “Há, pelo menos, duas novas associações ligadas à cultura e o reanimar desta mais antiga. É como se houvesse uma atracção entre todos estes pólos e as coisas estão a acontecer”, analisa. É “um dinamismo muito positivo” aquele que o artista sente neste momento.
A par de Joey Ho e de José Drummond, a segunda pré-exposição no Albergue inclui obras de Anita Fong, Cora Si, Kent Ieong, Manuel C S, João Ó e Tong Jian Ying. Manuel C S e João Ó trabalharam em conjunto na construção de peças que agora voltam a exibir. “Fronteiras Sem Limites” é o nome de umas caixas de luzes que estiveram, há alguns anos, no Museu de Arte de Macau. “Cidade em Tempo de Luz” é uma estrutura metálica com “dois enormes painéis redondos no topo”. Na versão de estreia houve a projecção de um filme; desta feita, a estrutura será apresentada tal como ela é, sem elementos adicionais.
Para Manuel C S, que integra o CAC há pouco tempo, a exposição conjunta de artistas de renome e de outros da “nova vaga” adquire especial relevância. O local onde as duas mostras locais acontecem também. É dar vida ao bairro que se afirma cada vez mais criativo.

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