10.09.2008

Editorial

Capitalismo

Uma das regras básicas da economia do mercado é deixar que a oferta e a procura de determinados bens se equilibrem e que a concorrência de encarregue de fornecer uma escolha variada. A anunciada - mas ainda distante - liberalização do sector da energia eléctrica, em Macau, é suposta trazer mais concorrência e preços mais baixos para o consumidor. Num mundo perfeito, seria a solução ideal, onde todos ficariam a ganhar. Mas nem o mundo é perfeito, nem há soluções ideais.
Daí que alguns defendam, com unhas e dentes, essa liberalização enquanto outros, mais cautelosos, alertam para as características específicas do mercado, no território, que constituem um factor limitativo da própria concorrência.
Não há muito sítio onde instalar novas centrais de produção de electricidade, necessariamente menos rentáveis que um casino ou um hotel. Em matéria de fornecedores externos, a diversidade também não abunda.
Há bastantes anos, a privatização dos caminhos de ferro ingleses foi apontada como um exemplo do sucesso da economia de mercado, sempre que a deixam funcionar livremente. Décadas mais tarde, o governo inglês teve que abrir os cordões à bolsa e socorrer uma série de empresas que exploravam esses serviços.
A actual crise financeira internacional mostra o lado mais complicado do capitalismo deixado à solta, com poucas regras e menor supervisão. Mesmo estando em causa os chamados produtos financeiros, com nomes tão ininteligíveis para o cidadão comum como "warrants" e "derivados", o estrago provocado já é razoável.
No caso de bens tão essenciais ao nosso dia-a-dia com o abastecimento de água ou de energia eléctrica, todos os cuidados são poucos. Até porque, regra geral, quando os governos se enganam ou tropeçam, o contribuinte é chamado a pagar a factura. Que, em Macau, já é bem pesada, no que toca à energia eléctrica.

Paulo Reis

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