Frontalidade
No momento em que Pequim aposta a sério no reforço das relações com os países de expressão portuguesa, atribuindo a Macau um papel determinante no desenvolvimento e manutenção desses laços, é estranha a hostilidade de que é alvo a língua portuguesa, no território, por parte de alguns políticos e personalidades locais.
No meio de tantas vozes que apontam o dedo à herança portuguesa como sendo a origem de todos os males e defeitos de que padece o território, é bom haver quem lembre, na Assembleia Legislativa, que Macau tem duas línguas oficiais.
E as questões que ontem foram levantadas pelo deputado David Chow merecem alguma reflexão, até porque vêm de alguém que não pode ser acusado de estar a puxar a brasa à sua sardinha, apenas por razões afectivas. Com o pragmatismo típico de um homem de negócios e com a frontalidade que lhe é reconhecida, David Chow questionou o que é que o governo da RAEM tem feito para promover a língua portuguesa e foi adiantando a resposta, que todos nós conhecemos: muito pouco.
E de facto, uma das potencialidade que este território ainda não decidiu aproveitar plenamente tem a ver com o chamado factor humano. Sem matéria-prima, sem terrenos, com uma indústria sufocada pelas limitações geográficas e dependendo fortemente do jogo, a maior aposta que Macau pode fazer é aproveitar ao máximo os recursos humanos de que dispõe.
Ao olharem para a língua portuguesa como um obstáculo, aqueles que a criticam esquecem-se das oportunidades de negócio que se abrem, hoje em dia, em países como Angola e o Brasil, dois dos maiores produtores mundiais de petróleo.
Felizmente que há pessoas com os pés bem assentes na terra e que, com uma visão da realidade essencialmente prática, percebem o valor que a herança portuguesa ainda tem. Não apenas como legado cultural, mas também como investimento para o futuro.
Paulo Reis
No momento em que Pequim aposta a sério no reforço das relações com os países de expressão portuguesa, atribuindo a Macau um papel determinante no desenvolvimento e manutenção desses laços, é estranha a hostilidade de que é alvo a língua portuguesa, no território, por parte de alguns políticos e personalidades locais.
No meio de tantas vozes que apontam o dedo à herança portuguesa como sendo a origem de todos os males e defeitos de que padece o território, é bom haver quem lembre, na Assembleia Legislativa, que Macau tem duas línguas oficiais.
E as questões que ontem foram levantadas pelo deputado David Chow merecem alguma reflexão, até porque vêm de alguém que não pode ser acusado de estar a puxar a brasa à sua sardinha, apenas por razões afectivas. Com o pragmatismo típico de um homem de negócios e com a frontalidade que lhe é reconhecida, David Chow questionou o que é que o governo da RAEM tem feito para promover a língua portuguesa e foi adiantando a resposta, que todos nós conhecemos: muito pouco.
E de facto, uma das potencialidade que este território ainda não decidiu aproveitar plenamente tem a ver com o chamado factor humano. Sem matéria-prima, sem terrenos, com uma indústria sufocada pelas limitações geográficas e dependendo fortemente do jogo, a maior aposta que Macau pode fazer é aproveitar ao máximo os recursos humanos de que dispõe.
Ao olharem para a língua portuguesa como um obstáculo, aqueles que a criticam esquecem-se das oportunidades de negócio que se abrem, hoje em dia, em países como Angola e o Brasil, dois dos maiores produtores mundiais de petróleo.
Felizmente que há pessoas com os pés bem assentes na terra e que, com uma visão da realidade essencialmente prática, percebem o valor que a herança portuguesa ainda tem. Não apenas como legado cultural, mas também como investimento para o futuro.
Paulo Reis