12.02.2008

Lau Sio Io anuncia investimento para combater desemprego

O ano de todas as obras

No próximo ano, Macau corre o risco de se tornar num autêntico estaleiro. O secretário Lao Sio Io foi à AL anunciar que o governo se prepara para um mega-investimento nas obras públicas. Construir, embelezar e restaurar são o lema do executivo para combater o desemprego provocado pela crise financeira mundial.

Rui Cid

Construir, construir e construir. Está encontrada a solução para o combate ao desemprego anunciado pelos ventos da crise financeira que o globo atravessa. O secretário para as Obras Públicas e Transportes foi ontem à Assembleia Legislativa preconizar o investimento público como forma de "impulsionar a economia e aumentar os postos de trabalho para os residentes, de modo a suavizar as influências económicas negativas".
Assim, além da continuação dos grandes empreendimentos - metro ligeiro, terminal marítimo da Taipa e ampliação do posto fronteiriço das portas do cerco -, o executivo irá "tentar conceber novos projectos, como o embelezamento dos arruamentos circunscritos à zona de protecção do património mundial, bem como o reordenamento dos bairros antigos", como revelou revela Lau Sio Io. O objectivo, diz, é "estimular o crescimento económico e revitalizar as pequenas empresas".
Reconhecendo que "muitas vezes a burocracia é um entrave à celeridade das obras", o secretário frisou que o governo trabalhou em formas de contornar o problema: "Decidimos adoptar procedimentos especiais para casos especiais. As entidades com competências na área das Obras Públicas já realizaram estudos e definiram soluções para a simplificação de procedimentos administrativos, com vista a elevar a eficiência no tratamento dos processos".
Mas a dinamização da economia passa também, anunciou Lau Sio Io, pelo reforço do fundo de reparações de edifícios privados com mais de 30 anos de idade: "São cerca de 17 mil prédios nessas circunstância. O que pretendemos é que os proprietários usem o subsidio para fazer pequenas obras de restauro e manutenção, como mudar os sistemas eléctricos, as canalizações, trocar portas, substituir janelas ou pintar as fachadas. Tudo isso vai proporcionar oportunidades de trabalho", asseverou o secretário.

Habitação pública

É uma espécie de dois em um. Uma das grandes apostas do governo para 2009, a Habitação Social, é encarada como solução para dois problema de uma só vez. Ao mesmo tempo que se insere na politica de construir para empregar, a construção de habitação social ajuda a diminuir a pressão que se abateu sobre as famílias mais carenciadas devido ao elevado custo das rendas no território.
Tal como se previa, este foi um dos temas fortes do discurso de Lau Sio Io, e também foi tema dominante de grande parte das intervenções dos deputados.
Angela Leong, Iong Weng Ian, Tina Ho, Tsui Wai Kwan confrontaram o secretário com o atraso no processo de construção daquele tipo de habitação, usando como argumento "as 6 mil pessoas que continuam em lista de espera".
Em resposta, Lau Sio Io garantiu que o ritmo das obras "está dentro do que foi previsto" e, em sua defesa, apresentou números: " Para o ano esperamos ter concluídos 884 apartamentos no Bairro Fai Chi Kei, 924 na Ilha Verde, 588 na primeira fase do empreendimento em Mong Há e 880 de habitação económica no Bairro do Hipódromo".
Admitindo, contudo, que o governo enfrentou alguns desafios que tornaram os processos mais lentos, o secretário assegura que o executivo vai aumentar o ritmo de construção das habitações públicas: "Não tínhamos assim tantos terrenos disponíveis, havia constrangimentos burocráticos, mas temos tentado inverter a situação. Para o ano teremos concluído 7 mil habitações públicas, um número que está dentro das nossas previsões, mas vamos tentar acelerar o ritmo da construção, vamos, dentro do que a lei permite, tentar desburocratizar. Como haverá menos construção privada penso que poderá haver maior rapidez nos processos de apreciação".
Recorde-se que o executivo liderado por Edmund Ho prometeu a conclusão de 19 mil fogos de habitação social até 2012, um número que, de acordo com Lau Sio Io, poderá ser alargado para 21 mil.
"Ainda não temos planos concretos para as 12 mil habitações que faltam construir. Sabemos que a zona de Sec Pai Wan tem capacidade para 6 mil fogos, estamos em negociações para construir outros 4 mil na ilha verde, e, depois, se conseguirmos ter sucesso nas reuniões com os proprietários, podemos maximizar os terrenos no Fai Chi Kei e Tamagnini Barbosa e edificar mais 4 mil fogos nestes bairros, o que daria um total de 21 mil habitações sociais, mais 2 mil do que tínhamos inicialmente previsto", sublinhou o secretário que aproveitou para referir que o governo tem terrenos reservados para a construção de infra-estruturas sociais, como mercados, centros de saúde e escolas, para servirem de apoio às futuras zonas residenciais.

Macau vai ter sistema de alerta para inundações

A passagem do Hagupit pelo território em Setembro está longe de estar esquecida. As inundações que provocaram milhares de patacas de prejuízo em várias zonas da cidade despertaram a atenção para lacunas ao nível da protecção civil. Muitos comerciantes afectados acusaram o governo de não ter sido suficientemente rápido a alertar a população para as fortes chuvas e para a subida do nível das aguas do Rio das Pérolas.
Ontem, Lau Sio Io anunciou na AL que o executivo pretende aperfeiçoar os mecanismos de previsão, bem como o modo de reacção e transmissão de informações. Para isso, o governo irá implementar, já no próximo ano, um sistema de alerta para inundações, através da instalação de estações de detecção em zonas de alto risco. O objectivo é prever a ocorrência deste tipo de incidentes com 12 horas de antecedência, de forma a que os residentes sejam avisados a tempo de tomarem medidas de prevenção, esclareceu o Secretário para as Obras Públicas e Transportes.

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