12.02.2008

TAP sem planos para o Oriente aposta no “codeshare”

Macau fica mesmo longe

A Transportadora Aérea Portuguesa não acredita que seja possível, no futuro próximo, voar para o Oriente. Portugal fica muito longe e o número de viajantes não justifica a exploração de uma rota para Macau ou Hong Kong. A aposta da empresa faz-se para os lados do Atlântico.

Isabel Castro

É uma espécie de ciclo vicioso sem solução à vista. Macau não é um destino que atraia turistas portugueses devido à distância, ao custo da viagem e aos vários voos que é preciso apanhar. Por seu turno, a Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) não encontra vantagens em criar uma ligação directa. Nem explorar rotas que tenham como destino cidades nas imediações do território.
“O nosso tráfego local de Portugal para o Oriente não tem volume suficiente que justifique ligações”, disse ontem ao PONTO FINAL Luís Mór, administrador da TAP, que se encontra em Macau para participar no 34º congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo (APAVT). “Esse tráfico precisa de ser desenvolvido, o que já começámos a fazer através dos nossos parceiros da Star Alliance”, acrescentou.
Esta lógica de desenvolvimento “passa, principalmente, pela relação com a China e com o Japão”. Encontros como o realizado pela APAVT podem, entende Luís Mór, ajudar a despertar o interesse das agências de viagens no sentido de passarem a proporcionar ofertas orientais aos turistas portugueses. “O próprio circuito que o secretário de Estado [Bernardo Trindade] fez pela China ajuda bastante todos os esforços de promoção de Portugal na China, ajuda ao desenvolvimento desse destino.”
Para o administrador da TAP, embora a distância entre Portugal e Macau seja grande, tal não significa que haja um desinteresse dos vários sectores económicos pela China e particularmente por Macau. “Existe uma relação que é talvez proporcional ao tamanho das economias. É evidente que uma economia como a alemã tem uma relação muito mais próxima” com o Oriente.
Ainda no que diz respeito aos transportes aéreos, o administrador da companhia área portuguesa explica que não é só o volume “naturalmente” menor que impede a exploração de rotas para estas bandas. É, também, uma questão de equipamento – e aí sim, a distância parece ser intransponível.
“Uma empresa localizada no Norte da Europa consegue fazer um voo directo para Hong Kong, com um tipo de equipamento com o qual nós não conseguimos fazer de Lisboa, porque a distância é bem maior. Se nós fizéssemos um voo entre Lisboa e Macau, o que não estamos a pretender fazer, não conseguíamos fazer uma ligação directa”, explicou.
Porém, realça Luís Mór, a distância “não tem impedido que as empresas portuguesas invistam na China como um mercado para os seus produtos”. O responsável dá o exemplo do que encontrou na RAEM. “Dá par ver claramente, nos diferentes restaurantes onde já estivemos em Macau, que o vinho português domina. Existem possibilidades e Portugal tem procurado desenvolvê-las.”
A estratégia da TAP para a Ásia passa pelo “codeshare” com outras empresas de aviação que pertencem à Star Alliance, explicou ainda. O “codeshare” é um acordo de cooperação através do qual uma companhia transporta passageiros com bilhetes emitidos por outra empresa, sendo que o objectivo é oferecer aos passageiros mais destinos do que uma transportadora aérea poderia oferecer sem este tipo de alianças.
Em plena crise financeira mundial, e com perspectivas pouco animadoras para 2009, os planos da Transportadora Aérea Portuguesa passam pelo fortalecimento das ligações entre a Europa e o Brasil, bem como com a África de língua portuguesa, através de Portugal. “Faz todo o sentido do ponto de vista da geografia, do conhecimento do mercado e da economia. A Ásia fica, sob o ponto de vista geográfico, muito longe”, rematou.

À procura de estratégias

Precisamente por ficar muito longe – e não fazer parte dos destinos de eleição dos turistas portugueses – é que a APAVT decidiu realizar cá o seu congresso anual, que junta em Macau cerca de quinhentos participantes. A grande maioria veio de Portugal, mas há outros países lusófonos representados e a China também participa.
Ontem, o primeiro dia de debates, juntaram-se para debater as novas oportunidades de mercados turísticos o presidente do Conselho Mundial de Viagem e Turismo, Jean-Claude Baumgarten, o administrador da Hovione, Peter Villax, o presidente da China International Travelling Service, Yao Yue Can, e a administradora da Shun Tak e do MGM Grand Macau, Pansy Ho. Já durante a tarde realizou-se um workshop entre agentes de viagens de Portugal e da China, com vista a estabelecer parcerias.
Hoje de manhã vai estar em discussão, na Torre de Macau, a imagem de Portugal, a sua proposta de valor, a diferenciação face à concorrências e os recursos, num painel que tem vários oradores, destacando-se o ex-presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio. O congresso anual da APAVT termina na próxima quinta-feira.

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