Mendonça ameaça com tribunal e FIFA
Mais um caso polémico no seio do futebol de Macau. Os três clubes que se recusaram a participar na bolinha foram punidos com uma multa. Caso contrário não jogam no futebol de onze. Mas não querem pagar e ameaçam recorrer aos tribunais e à FIFA.
Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Tudo parecia já estar esquecido. Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen, decidiram, há uns meses atrás, não participar este anon a prova da bolinha, por não concordarem com os regulamentos impostos pela Associação de Futebol de Macau.
Houve troca de cartas de um lado e de outro. Ninguém quis ceder e assim aquelas três equipas ficaram de for a da competição mais popular do futebol do território. Que contou com apenas cinco formações. A recordar: Lam Pak, Hoi Fan, Vong Chiu, Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública e Sub 21.
Agora, a cerca de um mês de se iniciar o campeonato de “bolão” (o futebol de onze), os dirigentes associativos divulgaram a penalização a aplicar aos três “boicotadores”. Têm de pagar uma multa de 10 mil patacas cada, se pretenderem inscrever-se nas actividades organizadas pela AFM, ou seja, bolinha, onze e futsal. Caso contrário ficarão suspensos durante dois anos de todas as competições.
Bolinha nada tem a ver
Firmino Mendonça, presidente do Monte Carlo, é como que o porta voz do trio de equipas envolvidas na penalização e disse, ao PONTO FINAL, que o dinheiro não vai ser pago, “porque a bolinha não tem nada a ver com o futebol de onze”.
Aquele dirigente diz-se revoltado com mais esta atitude de Chong Coc Veng e seus pares, afirmando mesmo:
“Isto que se está a passar no futebol é uma vergonha. Esta direcção não tem competência para gerir os destinos da modalidade e os clubes estão a ser prejudicados. É inacreditável como uma questão que apenas diz respeito à bolinha, é transportada para o futebol de onze. Nós já decidimos e não vamos pagar. Não é pelo dinheiro, que até poderia ser 100 patacas, mas pela atitude dos dirigentes associativos.”
Firmino Mendonça é responsável por dois dos três clubes envolvidos (Monte Carlo e Heng Tai), mas juntamente com os dirigentes do Vá Luen, enviou uma carta apresentando recurso.
“Dissemos na carta que não concordamos com a decisão. Uma coisa é a bolinha. Outra é o bolão. Não está correcto eles tomarem uma decisão destas. Segundo os regulamentos, uma equipa só será penalizada quando iniciar um campeonato e desistir a meio. Nós avisámos, por carta, na altura, que não concordávamos com as leis associativas e não nos inscrevemos. Não somos obrigados a participar.”
Vamos aos tribunais
O grupo penalizado fica agora a aguardar a decisão da AFM, mas Firmino Mendonça deu um prazo de duas semanas para que obtenha resposta por parte da equipa de Chong Coc Veng. “Depois desse limite e se continuarmos suspensos, então vamos recorrer, em primeiro lugar, aos tribunais de Macau, e se necessário levaremos o caso à FIFA.”
Segundo conseguimos apurar, a Associação de Futebol de Macau deverá analisar o caso na sua reunião de hoje, mas tudo aponta para que mantenha a decisão tomada anteriormente.
Uma fonte ligada ao corpo associativo, disse ao PONTO FINAL que a decisão de punir Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen, terá sido baseada numa lei dos estatutos que coloca, na mesma linha, todas as actividades organizadas pela AFM.
É a lei, diz Associação
Como se sabe, há alguns anos atrás, depois da chegada ao poder da actual equipa de Chong Coc Veng (após a destituição de Chui Vai Pui), a Associação de Futebol de Macau decidiu aglutinar a bolinha, até aí com uma associação independente (Associação de Futebol em Miniatura de Macau), com direcção própria, apesar dos seus elementos serem os mesmos (ou quase) do futebol de onze.
Será com base nesse regulamento que os actuais dirigentes tomaram a decisão de punir as três colectividades com uma multa, mas caso não cumprissem então não poderiam actuar em nenhuma prova sob o âmbito da AFM.
O prazo para pagamento da verba de 10 mil patacas já expirou, mas os clubes ficaram à espera de uma resposta ao recurso, apresentado em carta. Esta semana poderá haver novidades.
Firmino Mendonça diz não voltar atrás, como tem feito sempre nos “braços-de-ferro” com a Associação, e por isso este caso pode ainda fazer correr muita tinta.
“Não temos outra instituição para recorrer no caso de não sermos atendidos neste nosso protesto. Daí que iremos apresentar uma acção no tribunal civil e provavelmente mais tarde à FIFA. Julgamos que esta decisão é absolutamente ilegal.”
Bolinha não é oficial
O mesmo parecem não entender os dirigentes associativos: “Apenas nos limitámos a cumprir o que está nos regulamentos. Falamos com um dos nossos advogados e decidimos pela multa e pela suspensão de dois anos de todas as actividades em caso de não cumprimento por parte de qualquer um dos três clubes em causa. Se eles querem ir para a FIFA podem ir, por que também nós já nos informámos sobre o assunto junto daquele organismo”, referiu a fonte contactada pela nossa reportagem.
Podemos salientar, entretanto, que a bolinha não é uma modalidade oficial a nível internacional e por isso não reconhecida pela FIFA, pelo que o presidente do Monte Carlo coloca muitas dúvidas quanto ao apoio da equipa de Joseph Blater num caso como este.
Desilusão no Monte Carlo
Isto acontece numa altura em que os clubes do futebol de onze da I Divisão estão já a preparar os seus plantéis para a nova temporada.
“Enquanto isto não se resolver não pode haver campeonato”, salientou o presidente do Monte Carlo (actual campeão do território), que se mostra desiludido com a gestão do futebol de Macau por parte desta AFM.
“Estou completamente desapontado e sem vontade de continuar a praticar a modalidade. Assim não dá gosto andarmos nisto. Só espero que apareça alguém para tomar conta dos destinos da Associação nas próximas eleições. Terá todo o meu apoio. Tudo farei para ajudar a pôr estes dirigentes fora da AFM.”
Por tudo isto, não se sabe se o próximo campeonato do escalão principal contará ou não com Monte Carlo e Vá Luen, isto porque o Heng Tai desceu à II Divisão.
Ka I com dinheiro
Diz-se nos “mentideros” do futebol macaense, que o patrão do Vá Luen não parece muito disposto a continuar a formar uma equipa senior.
Já no que diz respeito ao Monte a situação é diferente, apesar de Firmino Mendonça não colocar a hipótese da formação sénior passar a contar com uma esmagadora maioria de jovens jogadores, “uma vez que não há dinheiro para grandes loucuras, como parece que outros pretendem fazer.”
Há rumores de que um dos novos primodivisionários, Ka I, apoiado fortemente por “gente rica da construção civil” (um dos quais Windsor Arch), está disposto a desembolsar quantias pouco habituais para contratar bons jogadores, em Macau e no exterior (Hong Kong e China).
Fiquemos a aguardar pelos desenvolvimentos deste “pobre” (mais rico em polémicas…), futebol de Macau.
Mais um caso polémico no seio do futebol de Macau. Os três clubes que se recusaram a participar na bolinha foram punidos com uma multa. Caso contrário não jogam no futebol de onze. Mas não querem pagar e ameaçam recorrer aos tribunais e à FIFA.
Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Tudo parecia já estar esquecido. Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen, decidiram, há uns meses atrás, não participar este anon a prova da bolinha, por não concordarem com os regulamentos impostos pela Associação de Futebol de Macau.
Houve troca de cartas de um lado e de outro. Ninguém quis ceder e assim aquelas três equipas ficaram de for a da competição mais popular do futebol do território. Que contou com apenas cinco formações. A recordar: Lam Pak, Hoi Fan, Vong Chiu, Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública e Sub 21.
Agora, a cerca de um mês de se iniciar o campeonato de “bolão” (o futebol de onze), os dirigentes associativos divulgaram a penalização a aplicar aos três “boicotadores”. Têm de pagar uma multa de 10 mil patacas cada, se pretenderem inscrever-se nas actividades organizadas pela AFM, ou seja, bolinha, onze e futsal. Caso contrário ficarão suspensos durante dois anos de todas as competições.
Bolinha nada tem a ver
Firmino Mendonça, presidente do Monte Carlo, é como que o porta voz do trio de equipas envolvidas na penalização e disse, ao PONTO FINAL, que o dinheiro não vai ser pago, “porque a bolinha não tem nada a ver com o futebol de onze”.
Aquele dirigente diz-se revoltado com mais esta atitude de Chong Coc Veng e seus pares, afirmando mesmo:
“Isto que se está a passar no futebol é uma vergonha. Esta direcção não tem competência para gerir os destinos da modalidade e os clubes estão a ser prejudicados. É inacreditável como uma questão que apenas diz respeito à bolinha, é transportada para o futebol de onze. Nós já decidimos e não vamos pagar. Não é pelo dinheiro, que até poderia ser 100 patacas, mas pela atitude dos dirigentes associativos.”
Firmino Mendonça é responsável por dois dos três clubes envolvidos (Monte Carlo e Heng Tai), mas juntamente com os dirigentes do Vá Luen, enviou uma carta apresentando recurso.
“Dissemos na carta que não concordamos com a decisão. Uma coisa é a bolinha. Outra é o bolão. Não está correcto eles tomarem uma decisão destas. Segundo os regulamentos, uma equipa só será penalizada quando iniciar um campeonato e desistir a meio. Nós avisámos, por carta, na altura, que não concordávamos com as leis associativas e não nos inscrevemos. Não somos obrigados a participar.”
Vamos aos tribunais
O grupo penalizado fica agora a aguardar a decisão da AFM, mas Firmino Mendonça deu um prazo de duas semanas para que obtenha resposta por parte da equipa de Chong Coc Veng. “Depois desse limite e se continuarmos suspensos, então vamos recorrer, em primeiro lugar, aos tribunais de Macau, e se necessário levaremos o caso à FIFA.”
Segundo conseguimos apurar, a Associação de Futebol de Macau deverá analisar o caso na sua reunião de hoje, mas tudo aponta para que mantenha a decisão tomada anteriormente.
Uma fonte ligada ao corpo associativo, disse ao PONTO FINAL que a decisão de punir Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen, terá sido baseada numa lei dos estatutos que coloca, na mesma linha, todas as actividades organizadas pela AFM.
É a lei, diz Associação
Como se sabe, há alguns anos atrás, depois da chegada ao poder da actual equipa de Chong Coc Veng (após a destituição de Chui Vai Pui), a Associação de Futebol de Macau decidiu aglutinar a bolinha, até aí com uma associação independente (Associação de Futebol em Miniatura de Macau), com direcção própria, apesar dos seus elementos serem os mesmos (ou quase) do futebol de onze.
Será com base nesse regulamento que os actuais dirigentes tomaram a decisão de punir as três colectividades com uma multa, mas caso não cumprissem então não poderiam actuar em nenhuma prova sob o âmbito da AFM.
O prazo para pagamento da verba de 10 mil patacas já expirou, mas os clubes ficaram à espera de uma resposta ao recurso, apresentado em carta. Esta semana poderá haver novidades.
Firmino Mendonça diz não voltar atrás, como tem feito sempre nos “braços-de-ferro” com a Associação, e por isso este caso pode ainda fazer correr muita tinta.
“Não temos outra instituição para recorrer no caso de não sermos atendidos neste nosso protesto. Daí que iremos apresentar uma acção no tribunal civil e provavelmente mais tarde à FIFA. Julgamos que esta decisão é absolutamente ilegal.”
Bolinha não é oficial
O mesmo parecem não entender os dirigentes associativos: “Apenas nos limitámos a cumprir o que está nos regulamentos. Falamos com um dos nossos advogados e decidimos pela multa e pela suspensão de dois anos de todas as actividades em caso de não cumprimento por parte de qualquer um dos três clubes em causa. Se eles querem ir para a FIFA podem ir, por que também nós já nos informámos sobre o assunto junto daquele organismo”, referiu a fonte contactada pela nossa reportagem.
Podemos salientar, entretanto, que a bolinha não é uma modalidade oficial a nível internacional e por isso não reconhecida pela FIFA, pelo que o presidente do Monte Carlo coloca muitas dúvidas quanto ao apoio da equipa de Joseph Blater num caso como este.
Desilusão no Monte Carlo
Isto acontece numa altura em que os clubes do futebol de onze da I Divisão estão já a preparar os seus plantéis para a nova temporada.
“Enquanto isto não se resolver não pode haver campeonato”, salientou o presidente do Monte Carlo (actual campeão do território), que se mostra desiludido com a gestão do futebol de Macau por parte desta AFM.
“Estou completamente desapontado e sem vontade de continuar a praticar a modalidade. Assim não dá gosto andarmos nisto. Só espero que apareça alguém para tomar conta dos destinos da Associação nas próximas eleições. Terá todo o meu apoio. Tudo farei para ajudar a pôr estes dirigentes fora da AFM.”
Por tudo isto, não se sabe se o próximo campeonato do escalão principal contará ou não com Monte Carlo e Vá Luen, isto porque o Heng Tai desceu à II Divisão.
Ka I com dinheiro
Diz-se nos “mentideros” do futebol macaense, que o patrão do Vá Luen não parece muito disposto a continuar a formar uma equipa senior.
Já no que diz respeito ao Monte a situação é diferente, apesar de Firmino Mendonça não colocar a hipótese da formação sénior passar a contar com uma esmagadora maioria de jovens jogadores, “uma vez que não há dinheiro para grandes loucuras, como parece que outros pretendem fazer.”
Há rumores de que um dos novos primodivisionários, Ka I, apoiado fortemente por “gente rica da construção civil” (um dos quais Windsor Arch), está disposto a desembolsar quantias pouco habituais para contratar bons jogadores, em Macau e no exterior (Hong Kong e China).
Fiquemos a aguardar pelos desenvolvimentos deste “pobre” (mais rico em polémicas…), futebol de Macau.