11.25.2008

Um terço da cidade coberta de água em 2040

Capital indonésia está a afundar-se

A capital da Indonésia está a ir, literalmente, ao fundo. De acordo com a agência de notícias EFE, o crescimento e a extracção em massa de águas subterrâneas estão a fazer com que Jacarta se afunde cerca de cinco centímetros por ano. A manter-se este ritmo, daqui a 40 anos grande parte da cidade poderá estar submersa.
"Caso não se tomem medidas, um terço de Jacarta estará debaixo de água em 2050, uma catástrofe que afectará milhões de pessoas", assegura à Agência Efe Hongjoo Hahm, principal especialista em infra-estruturas do Banco Mundial (BM) na Indonésia.
"(A inundação) terá consequências sociais enormes", acrescenta Hongjoo Hahm, apontando que a tragédia "vai afectar especialmente os mais pobres", que vivem no litoral e junto aos canais desta cidade. Ano após ano, Jacarta tem assistido a várias complicações devido às graves cheias provocadas por chuvas torrenciais e pela subida da maré.
O crescimento urbano descontrolado de Jacarta é apontado como
o principal problema da cidade. Nos últimos 40 anos, a capital indonésia transformou-se numa das maiores cidades do mundo, passando de 5 para 25 milhões de habitantes em toda a área metropolitana de Jacarta..
A chegada de emigrantes atraídos pelo crescimento económico do país traduziu-se numa febre imobiliária que exerce um peso incrível no terreno sobre o qual se assenta a capital.
As dezenas de milhares de edifícios que se levantaram nas últimas quatro décadas em Jacarta, de arranha-céus a favelas, e a rede de infra-estrutura, que inclui estradas, shoppings, estádios etc., acaba, em diversas ocasiões, por obstruir as vias naturais de escoamento dos rios.
A isto, junta-se igualmente a extracção de águas subterrâneas, especialmente para uso industrial, que esvazia o subsolo da capital e facilita o afundamento dos terrenos.
"Os cálculos mais optimistas indicam que nos afundamos uns cinco centímetros ao ano", aponta Hongjoo Hahm.
Um recente relatório do BM estimava que cerca de 40 por cento da capital indonésia se encontra entre 1 e 1,5 metros abaixo do nível do mar.

Monções pioram quadro

A situação crítica assume, no entanto, contornos mais graves quando o calendário assinala a época de monções. Entre Novembro e Fevereiro, as chuvas torrenciais que assolam a cidade, aliadas ao ciclo das marés, provocam oscilações de vários metros no nível da água do mar.
No início do ano, na noite de 1 para 2 de Fevereiro, um aguaceiro ininterrupto atingiu valores entre 150 e 300 litros de água por metro quadrado.
Devido às alterações climáticas, as chuvas são cada vez mais abundantes e repentinas e "a água não consegue escorrer para o mar" devido ao bloqueio das vias de escoamento e ao progressivo afundamento da cidade, argumenta Hongjoo Hahm.
O especialista do BM assegura que o sistema de canalização da capital funciona a menos de 50 por cento da sua capacidade original devido ao lixo e aos sedimentos dos rios, que "bloqueiam os canais".
Depois estão as marés, que no Sudeste Asiático seguem as suas oscilações diárias e ciclos de altas e baixas de 18 anos e meio, um fenómeno cada vez mais sentido na capital.
Analistas estimam que o aquecimento global aumentará, nos próximos anos, o nível dos mares em cinco centímetros.
As receitas do BM contra a catástrofe consistem em "voltar à capacidade original" das vias de escoamento, construir mais canalizações e parar imediatamente a extracção de águas subterrâneas, medidas orçadas em cerca de 5 mil milhões de dólares americanos.
"Além disso, podemos construir barreiras defensivas, como em Londres ou em São Petersburgo, para evitar as inundações provocadas pelas marés", explica Hongjoo Hahm.
"É preciso começar a trabalhar já para abreviar este problema, ou será tarde demais", conclui o especialista.

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