Las Vegas Sands dispensa 9 mil trabalhadores
Cerca de 9 mil dos 11 mil trabalhadores envolvidos na construção dos projectos que a Las Vegas Sands suspendeu no Cotai vão ser dispensados nos próximos dias. Ao despedimento escapam, para já, dois mil trabalhadores residentes que a LVS quer agora recolocar noutras funções. Uma prova, diz o presidente da companhia na Ásia, que "o compromisso que LVS tem com Macau a longo prazo é para se manter".
Rui Cid
Quando, na passada terça-feira, a empresa norte-americana Las Vegas Sands(LVS) anunciou a suspensão das obras dos chamados lotes 5 e 6 do Cotai, logo se percebeu que, por arrastamento, a medida iria significar despedimentos. Mas só ontem, durante uma conferência com o estado-maior da companhia na Ásia - Mark Brown, CEO do Venetian Macau, Stephen Weaver presidente da LVS para esta região do globo e Eric Chiu, responsável máximo pelo departamento de desenvolvimento para o mercado asiático - se ficou a conhecer a real dimensão do problema. Dos 11 mil trabalhadores envolvidos na construção dos projectos agora suspensos, 9 mil, todos recrutados no exterior, serão dispensados nos próximos dias. Ao despedimento escapam, para já, os 2 mil trabalhadores residentes que a empresa pretende agora recolocar noutras funções, uma forma, diz Stephen Weaver, "de mostrar que o compromisso que assumimos a longo prazo com Macau é para se manter".
"Seguindo as indicações do executivo da RAEM, demos prioridade à protecção dos trabalhadores locais. Estamos a fazer uma avaliação para percebermos onde poderão ser recolocados. Estamos sempre a precisar de fazer pequenas obras de manutenção, por exemplo, mas temos que ter consciência que estamos a falar de 2 mil pessoas. Mas posso garantir que até concluirmos a avaliação continuaremos a pagar tudo o que é devido a estes trabalhadores residentes", destacou o presidente da LVS na Ásia.
Contudo, quando os jornalistas quiseram saber se os despedimentos poderiam chegar a outros sectores da empresa, Weaver tentou ser mais cauteloso, mas nas entrelinhas foi deixando o aviso - se a situação não melhorar, mais despedimentos serão inevitáveis: "Nada foi decidido ainda. A nossa aposta passa por conseguirmos uma maior eficácia nas nossas operações. Temos 2,2 milhões de visitantes e isso requer muitos recursos, mas, no futuro, não podemos garantir que não irá haver mais despedimentos".
Empréstimo à banca
Tal como já tinha sido avançado na passada terça-feira, Stephen Weaver voltou ontem a confirmar que graves problemas de liquidez com que a empresa se tem debatido nos últimos tempos estiveram na origem da decisão em suspender as obras nos lotes 5 e 6 do Cotai. Problemas que, há cerca de um mês, obrigaram o próprio Sheldon Adelson a recorrer à sua fortuna pessoal para injectar cerca de 475 milhões de dólares na empresa que fundou, de modo a conseguir amortizar empréstimos contraídos nos Estados Unidos e, dessa forma, manter a LVS afastada de incumprimentos que a poderiam obrigar a entrar em bancarrota.
Recorde-se que a cotação da Las Vegas Sands no mercado de Nova Iorque tem vindo a cair nos últimos meses tendo encerrado a sessão de segunda-feira a valer apenas oito dólares depois de um máximo, nas últimas 52 semanas, de quase 123 dólares em Dezembro de 2007. O últimos resultados revelados pela empresa indicam perdas no terceiro trimestre do ano de 32,2 milhões de dólares ou nove cêntimos de dólar por acção.
Ontem, Stephen Weaver refutou a ideia de que a LVS precise de ser salva, "muito menos pelo governo da RAEM". O responsável máximo pela companhia revelou que já estão em curso negociações com vários bancos - americanos, asiáticos e europeus - de forma a que a empresa conseguia reunir entre 1,5 e 2 mil milhões de dólares, que considera serem necessários para que as obras nos projectos do Cotai possam ser retomadas.
"Estamos a trabalhar com um conjunto de bancos, que não posso ainda dizer quais são, para tentarmos resolver os nossos problemas de liquidez, e assim finalizarmos a primeira fase dos projectos que temos nos lotes 5 e 6. Se tivéssemos a perfeita noção de quanto tempo iríamos levar a conseguir o montante necessário, não teríamos optado pela suspensão", sublinhou o responsável máximo pela LVS no continente asiático.
Recorde-se que os lotes 5 e 6 são referentes a vários projectos incluídos no plano de expansão da empresa, dos quais se destacam os hotéis Shangri-La, Sheraton e St.Regis, uma situação que Weaver lamentou: "Preferíamos não ter de cancelar as obras" porque a empresa sempre afirmou acreditar que "um elevado número de quartos de hotel seria garantia de sucesso na RAEM".
Cotaijets é parte da solução
A suspensão dos projectos do Cotai, incluída num pacote de medidas que visam a contenção de custos por parte da Las Vegas Sands, levou alguns analistas a questionar a sustentabilidade do projecto Cotaijets cujos resultados financeiros não têm sido muito animadores. Ontem, quando questionado sobre a possibilidade de a companhia terminar com o serviço de ligações marítimas para HK, Stephen Weaver fez questão de sublinhar que a Cotaijets ao invés de ser um problema para a empresa, "faz parte da solução": "Os barcos são como os aviões, o investimento inicial demora algum tempo a ser rentabilizado. Sabemos que temos que ir com calma, teremos que ter mais barcos para podermos ter maior frequência de viagens e aí sim, poderemos aumentar o número de bilhetes vendidos".
Conflitos internos
Stephen Weaver aproveitou a presença dos jornalistas para comentar as notícias que dão conta de conflitos internos no seio da empresa. O presidente da LVS na Ásia afirmou que a criação de uma comissão executivo para resolver diferendos entre os administradores da operadora norte-americana "é normal quando há decisões importantes para serem tomadas" : "Se, por exemplo, vamos aumentar o capital, é normal que o Conselho de Administração queira ouvir todos os executivos. A criação da comissão visa apenas garantir que todas as decisões serão tomadas em prol dos accionistas".
Nos últimos dias, a LVS mostrou intenção em adiar, para 2010, a abertura do mega-projecto da LSV em de Singapura - denominado Marina Sands - prevista para o final de 2009. A alteração ao projecto inicial permitiria à companhia instalar mais 400 mesas de jogo, apara além das 600 inicialmente previstas. A LVS prevê ganhos, antes de impostos, taxas e amortizações e depreciações, de 1.260 milhões de dólares em 2012. Ontem, Stephen Weaver congratulou-se com a abertura que o governo da cidade-estado mostrou em relação a esta opção, sublinhando, no entanto, que não pode garantir que essa posição se mantenha.
Cerca de 9 mil dos 11 mil trabalhadores envolvidos na construção dos projectos que a Las Vegas Sands suspendeu no Cotai vão ser dispensados nos próximos dias. Ao despedimento escapam, para já, dois mil trabalhadores residentes que a LVS quer agora recolocar noutras funções. Uma prova, diz o presidente da companhia na Ásia, que "o compromisso que LVS tem com Macau a longo prazo é para se manter".
Rui Cid
Quando, na passada terça-feira, a empresa norte-americana Las Vegas Sands(LVS) anunciou a suspensão das obras dos chamados lotes 5 e 6 do Cotai, logo se percebeu que, por arrastamento, a medida iria significar despedimentos. Mas só ontem, durante uma conferência com o estado-maior da companhia na Ásia - Mark Brown, CEO do Venetian Macau, Stephen Weaver presidente da LVS para esta região do globo e Eric Chiu, responsável máximo pelo departamento de desenvolvimento para o mercado asiático - se ficou a conhecer a real dimensão do problema. Dos 11 mil trabalhadores envolvidos na construção dos projectos agora suspensos, 9 mil, todos recrutados no exterior, serão dispensados nos próximos dias. Ao despedimento escapam, para já, os 2 mil trabalhadores residentes que a empresa pretende agora recolocar noutras funções, uma forma, diz Stephen Weaver, "de mostrar que o compromisso que assumimos a longo prazo com Macau é para se manter".
"Seguindo as indicações do executivo da RAEM, demos prioridade à protecção dos trabalhadores locais. Estamos a fazer uma avaliação para percebermos onde poderão ser recolocados. Estamos sempre a precisar de fazer pequenas obras de manutenção, por exemplo, mas temos que ter consciência que estamos a falar de 2 mil pessoas. Mas posso garantir que até concluirmos a avaliação continuaremos a pagar tudo o que é devido a estes trabalhadores residentes", destacou o presidente da LVS na Ásia.
Contudo, quando os jornalistas quiseram saber se os despedimentos poderiam chegar a outros sectores da empresa, Weaver tentou ser mais cauteloso, mas nas entrelinhas foi deixando o aviso - se a situação não melhorar, mais despedimentos serão inevitáveis: "Nada foi decidido ainda. A nossa aposta passa por conseguirmos uma maior eficácia nas nossas operações. Temos 2,2 milhões de visitantes e isso requer muitos recursos, mas, no futuro, não podemos garantir que não irá haver mais despedimentos".
Empréstimo à banca
Tal como já tinha sido avançado na passada terça-feira, Stephen Weaver voltou ontem a confirmar que graves problemas de liquidez com que a empresa se tem debatido nos últimos tempos estiveram na origem da decisão em suspender as obras nos lotes 5 e 6 do Cotai. Problemas que, há cerca de um mês, obrigaram o próprio Sheldon Adelson a recorrer à sua fortuna pessoal para injectar cerca de 475 milhões de dólares na empresa que fundou, de modo a conseguir amortizar empréstimos contraídos nos Estados Unidos e, dessa forma, manter a LVS afastada de incumprimentos que a poderiam obrigar a entrar em bancarrota.
Recorde-se que a cotação da Las Vegas Sands no mercado de Nova Iorque tem vindo a cair nos últimos meses tendo encerrado a sessão de segunda-feira a valer apenas oito dólares depois de um máximo, nas últimas 52 semanas, de quase 123 dólares em Dezembro de 2007. O últimos resultados revelados pela empresa indicam perdas no terceiro trimestre do ano de 32,2 milhões de dólares ou nove cêntimos de dólar por acção.
Ontem, Stephen Weaver refutou a ideia de que a LVS precise de ser salva, "muito menos pelo governo da RAEM". O responsável máximo pela companhia revelou que já estão em curso negociações com vários bancos - americanos, asiáticos e europeus - de forma a que a empresa conseguia reunir entre 1,5 e 2 mil milhões de dólares, que considera serem necessários para que as obras nos projectos do Cotai possam ser retomadas.
"Estamos a trabalhar com um conjunto de bancos, que não posso ainda dizer quais são, para tentarmos resolver os nossos problemas de liquidez, e assim finalizarmos a primeira fase dos projectos que temos nos lotes 5 e 6. Se tivéssemos a perfeita noção de quanto tempo iríamos levar a conseguir o montante necessário, não teríamos optado pela suspensão", sublinhou o responsável máximo pela LVS no continente asiático.
Recorde-se que os lotes 5 e 6 são referentes a vários projectos incluídos no plano de expansão da empresa, dos quais se destacam os hotéis Shangri-La, Sheraton e St.Regis, uma situação que Weaver lamentou: "Preferíamos não ter de cancelar as obras" porque a empresa sempre afirmou acreditar que "um elevado número de quartos de hotel seria garantia de sucesso na RAEM".
Cotaijets é parte da solução
A suspensão dos projectos do Cotai, incluída num pacote de medidas que visam a contenção de custos por parte da Las Vegas Sands, levou alguns analistas a questionar a sustentabilidade do projecto Cotaijets cujos resultados financeiros não têm sido muito animadores. Ontem, quando questionado sobre a possibilidade de a companhia terminar com o serviço de ligações marítimas para HK, Stephen Weaver fez questão de sublinhar que a Cotaijets ao invés de ser um problema para a empresa, "faz parte da solução": "Os barcos são como os aviões, o investimento inicial demora algum tempo a ser rentabilizado. Sabemos que temos que ir com calma, teremos que ter mais barcos para podermos ter maior frequência de viagens e aí sim, poderemos aumentar o número de bilhetes vendidos".
Conflitos internos
Stephen Weaver aproveitou a presença dos jornalistas para comentar as notícias que dão conta de conflitos internos no seio da empresa. O presidente da LVS na Ásia afirmou que a criação de uma comissão executivo para resolver diferendos entre os administradores da operadora norte-americana "é normal quando há decisões importantes para serem tomadas" : "Se, por exemplo, vamos aumentar o capital, é normal que o Conselho de Administração queira ouvir todos os executivos. A criação da comissão visa apenas garantir que todas as decisões serão tomadas em prol dos accionistas".
Nos últimos dias, a LVS mostrou intenção em adiar, para 2010, a abertura do mega-projecto da LSV em de Singapura - denominado Marina Sands - prevista para o final de 2009. A alteração ao projecto inicial permitiria à companhia instalar mais 400 mesas de jogo, apara além das 600 inicialmente previstas. A LVS prevê ganhos, antes de impostos, taxas e amortizações e depreciações, de 1.260 milhões de dólares em 2012. Ontem, Stephen Weaver congratulou-se com a abertura que o governo da cidade-estado mostrou em relação a esta opção, sublinhando, no entanto, que não pode garantir que essa posição se mantenha.