11.17.2008

Leonel Alves e Pereira Coutinho comentam sessão de perguntas e respostas

As LAG do nosso (des)contentamento

“Foram respostas objectivas e muito concretas”, considerou Leonel Alves. “O Chefe do Executivo deu respostas muito evasivas”, disse Pereira Coutinho. Se fossem frases proferidas num frente-a-frente, seria um debate com uma elevada probabilidade de não haver uma única perspectiva em comum. Não se tratou, porém, do caso - Alves e Coutinho falavam à saída das três horas de presença de Edmund Ho na Assembleia Legislativa.
Na análise geral à prestação do Chefe do Executivo, Leonel Alves mostrou-se satisfeito com a forma como Ho respondeu às questões colocadas pelos deputados. Fez referência à intervenção do deputado Lee Chong Cheng sobre a necessidade de actualização da legislação. “Macau precisa de centros de estudo, de pessoas dedicadas à área do Direito, com vocação científica, para analisarem os grandes Códigos”, disse, mostrando-se de acordo com a perspectiva de Edmund Ho, que reconheceu a necessidade e explicou haver comissões a trabalhar nesse sentido. “Não que a matriz portuguesa não seja válida”, sublinhou o também advogado, “mas há alguns aspectos que merecem ser melhorados, como o regime processual, o direito da família e o direito sucessório”.
Sobre as medidas do Executivo no âmbito económico, Alves entende que “o Governo está ciente da batalha” que a crise mundial representa. E deixou uma mensagem: “Vamos entrar num ano de eleições e é provável que apareçam algumas posições muito radicais. É preciso que as pessoas saibam o que é exequível e o que não é.”
O deputado não colocou, na sessão de ontem, qualquer questão a Edmund Ho. A razão é simples: “Enquanto membro do Conselho Executivo, tive já oportunidade de fazer muitas perguntas. Não quis tirar o tempo nem a possibilidade a outros colegas.”
Já Pereira Coutinho foi o primeiro a intervir e não ficou “minimamente contente com as respostas do Chefe do Executivo”. O presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau entende que os funcionários da Administração devem poder escolher a empresa onde são investidos os fundos ao abrigo do regime de previdência.
“Sugeri que fosse a Autoridade Monetária a gerir fundos, porque há uma gestão algo danosa. Não se percebe como é que em época de vacas gordas perdem dinheiro e agora, com o tsunami financeiro, perdem ainda mais. São centenas de milhares de patacas que se perderam por má aplicação de uma única empresa”, disse. Na resposta, Edmund Ho explicou que “o prazo [de resgate] vai ser prolongado para mais cinco anos para evitar prejuízos”.
Coutinho também não ficou satisfeito “em termos gerais, porque não respondeu às perguntas”. Para o deputado, “não há remédio que cure as doenças que a população tem neste momento”. São “os problemas sérios na habitação e na saúde - o hospital público está em ruptura, não se quer instalar um hospital público nas Ilhas por causa da manutenção do monopólio artificial do Kiang Wu”. Pereira Coutinho detecta ainda problemas sérios problemas na previdência social e no trabalho: “Os jovens têm enormes dificuldades em arranjar o primeiro emprego, ficam meio ano ou um ano à espera, porque as empresas locais querem pessoas com experiência”.
O deputado lamenta as respostas “evasivas” de Ho na “sua última sessão”. E diz que “não há mais nada a fazer do que esperar pelo próximo Chefe do Executivo para arregaçar as mangas”.

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