Exemplos
O debate sobre trabalhadores não-residentes, em Macau, parece uma cópia da polémica que se tem vindo a travar, um pouco por toda a Europa, em relação aos imigrantes, nas últimas décadas. Os argumentos são idênticos e, tanto lá como cá, aponta-se ao dedo aos que vêm de fora, acusando-os de roubar o emprego aos locais.
Ao longo dos últimos meses, têm-se ouvido teorias curiosas e propostas de solução algo preocupantes, na Assembleia Legislativa. Inicialmente, o alvo eram os trabalhadores não qualificados, que aceitavam salários abaixo dos praticados no mercado local de trabalho. Ontem, o patamar subiu um pouco mais e já foi questionada a presença de trabalhadores do exterior em funções de maior responsabilidade, como é o caso dos quadros superiores das empresas que, no entender de alguns deputados, ocupam sempre os melhores postos.
Talvez seja apenas uma questão de calendário, com alguns dos intervenientes nesta polémica a procurarem já recolher as simpatias do eleitorado, numa questão a que a sociedade de Macau é bastante sensível.
Mas se a preocupação tem mesmo a ver com o bem-estar dos trabalhadores locais, talvez fosse boa ideia começar por coisas mais básicas e fundamentais: definir um salário mínimo obrigatório, estabelecer limites razoáveis para as horas extraordinárias e aumentar o subsídio de desemprego, por exemplo.
Para além disso, pretender que uma economia regida pelas leis do mercado tenha uma situação de pleno emprego, é uma utopia dificilmente concretizável.
Uma postura hostil em relação aos trabalhadores recrutados no exterior não é solução para os problemas dos que cá vivem. Como bem lembrou, ontem, a presidente da Assembleia Legislativa, ao salientar que ela própria veio de fora e que, na altura, as pessoas não tinham esse tipo de posição.
Paulo Reis
O debate sobre trabalhadores não-residentes, em Macau, parece uma cópia da polémica que se tem vindo a travar, um pouco por toda a Europa, em relação aos imigrantes, nas últimas décadas. Os argumentos são idênticos e, tanto lá como cá, aponta-se ao dedo aos que vêm de fora, acusando-os de roubar o emprego aos locais.
Ao longo dos últimos meses, têm-se ouvido teorias curiosas e propostas de solução algo preocupantes, na Assembleia Legislativa. Inicialmente, o alvo eram os trabalhadores não qualificados, que aceitavam salários abaixo dos praticados no mercado local de trabalho. Ontem, o patamar subiu um pouco mais e já foi questionada a presença de trabalhadores do exterior em funções de maior responsabilidade, como é o caso dos quadros superiores das empresas que, no entender de alguns deputados, ocupam sempre os melhores postos.
Talvez seja apenas uma questão de calendário, com alguns dos intervenientes nesta polémica a procurarem já recolher as simpatias do eleitorado, numa questão a que a sociedade de Macau é bastante sensível.
Mas se a preocupação tem mesmo a ver com o bem-estar dos trabalhadores locais, talvez fosse boa ideia começar por coisas mais básicas e fundamentais: definir um salário mínimo obrigatório, estabelecer limites razoáveis para as horas extraordinárias e aumentar o subsídio de desemprego, por exemplo.
Para além disso, pretender que uma economia regida pelas leis do mercado tenha uma situação de pleno emprego, é uma utopia dificilmente concretizável.
Uma postura hostil em relação aos trabalhadores recrutados no exterior não é solução para os problemas dos que cá vivem. Como bem lembrou, ontem, a presidente da Assembleia Legislativa, ao salientar que ela própria veio de fora e que, na altura, as pessoas não tinham esse tipo de posição.
Paulo Reis