Apostar
Quando os negócios correm bem, as empresas privadas raramente se lembram da existência do governo. Se a crise começa a apertar e os lucros diminuem, lá vem a sugestão para que o dinheiro dos contribuintes as ajude a ultrapassar as dificuldades.
Esta memória selectiva foi evidente, logo no início da crise financeira norte-americana. Os mesmos empresários que, ao longo dos anos, defendiam que as regras impostas pelo mercado deviam ser estritamente respeitadas, não tiveram problemas em estender a mão ao governo.
Ao deixar bem claro que o Executivo local não permitirá que nenhum casino feche as portas, Edmund Ho teve a preocupação de tranquilizar os milhares de trabalhadores que dependem do sector do jogo. Mas também lançou um aviso à navegação, ao colocar de parte a hipótese de os dinheiros públicos serem utilizados para ajudar determinadas concessionárias do jogo a ultrapassar as suas crescentes dificuldades financeiras.
O facto é que quem soube investir com cautela, em Macau, parece ter condições para aguentar o mau tempo que se anuncia, sem precisar que o governo lhe estenda uma bóia de salvação.
Quem apostou mais do que era sensato, na mira de lucros fenomenais, e arriscou em diversos tabuleiros, ao mesmo tempo, enfrenta agora problemas algo complicados.
As regras do mercado devem ser respeitadas tanto nos períodos de prosperidade económica como nas situações de crise. E se for necessária alguma intervenção pontual do governo, ela deverá ser orientada para a salvaguarda dos postos de trabalho e não para proteger os accionistas. Esses, para além de serem poucos, estão bem na vida.
Paulo Reis
Quando os negócios correm bem, as empresas privadas raramente se lembram da existência do governo. Se a crise começa a apertar e os lucros diminuem, lá vem a sugestão para que o dinheiro dos contribuintes as ajude a ultrapassar as dificuldades.
Esta memória selectiva foi evidente, logo no início da crise financeira norte-americana. Os mesmos empresários que, ao longo dos anos, defendiam que as regras impostas pelo mercado deviam ser estritamente respeitadas, não tiveram problemas em estender a mão ao governo.
Ao deixar bem claro que o Executivo local não permitirá que nenhum casino feche as portas, Edmund Ho teve a preocupação de tranquilizar os milhares de trabalhadores que dependem do sector do jogo. Mas também lançou um aviso à navegação, ao colocar de parte a hipótese de os dinheiros públicos serem utilizados para ajudar determinadas concessionárias do jogo a ultrapassar as suas crescentes dificuldades financeiras.
O facto é que quem soube investir com cautela, em Macau, parece ter condições para aguentar o mau tempo que se anuncia, sem precisar que o governo lhe estenda uma bóia de salvação.
Quem apostou mais do que era sensato, na mira de lucros fenomenais, e arriscou em diversos tabuleiros, ao mesmo tempo, enfrenta agora problemas algo complicados.
As regras do mercado devem ser respeitadas tanto nos períodos de prosperidade económica como nas situações de crise. E se for necessária alguma intervenção pontual do governo, ela deverá ser orientada para a salvaguarda dos postos de trabalho e não para proteger os accionistas. Esses, para além de serem poucos, estão bem na vida.
Paulo Reis
